Após empréstimo de R$ 10 mil, Rosimeire vê cirurgia negada por erro em processo
Diarista, ela teve de parar de trabalhar e há três anos está lutando por uma cirurgia com prótese de joelho

“Isso não é um pedido de ajuda, é de socorro”, diz Rosimeire de Sá Cardoso, de 55 anos, que há três anos está lutando por uma cirurgia de prótese total de joelho. Rosimeire diz que chegou a apelar para empréstimo de R$ 10 mil para arcar com as despesas médicas e transporte até que conseguisse a cirurgia por ação judicial, porém teve seu pedido recusado, segundo ela, pela documentação indevida enviada pela Defensoria Pública.
RESUMO
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Rosimeire de Sá Cardoso, 55 anos, enfrenta uma batalha de três anos para realizar uma cirurgia de prótese total de joelho. Após fraturar a perna, sua condição piorou, afetando o quadril e a perna esquerda. A diarista, que já passou por cirurgia cardíaca, trombose e possui pressão alta e artrite reumatoide, viu seu pedido de cirurgia negado pela Justiça por erro na documentação da Defensoria Pública. Para custear as despesas médicas, Rosimeire fez um empréstimo de R$ 10 mil, utilizado em consultas e exames exigidos pela Defensoria. A Justiça, porém, indeferiu o pedido por falta de perícia médica e fotos comprovando a necessidade da cirurgia. Agora, sem recursos e com a saúde debilitada, Rosimeire depende da ajuda dos filhos e do benefício LOAS, com o qual paga o empréstimo. A espera pela cirurgia se arrasta, enquanto o Governo do Estado realiza mutirões para cirurgias ortopédicas, área com alta demanda judicial.
A idosa não foi submetida a uma perícia para demonstrar urgência, além da falta de anexo de fotos que comprovem seu estado, como relata. Sendo obrigada a repetir o processo, porém, desta vez não tem como custear as consultas e exames.
Nesse meio-tempo, o estado de saúde de Rosimeire piora a cada dia, comprometendo seu quadril e a sua perna esquerda, a qual precisa forçar para manter-se em pé.
“Levantei cedo numa quarta-feira, trabalhei. E, quando foi na quinta-feira cedo que eu levantei e pisei o pé no chão, já quebrou. A perna já entortou desse jeito, e eu não consegui mais pisar”, conta Rosimeire. Diarista, ela tinha trabalho em duas casas fixas todos os dias e teve de parar.
O procedimento cirúrgico que necessita é de artroplastia total do joelho direito. Rosimeire tem artrite reumatoide e trata desde 2002, já passou por uma operação no coração, teve trombose e tem pressão alta, o que complica seu estado.
“São 3 anos esperando. A perna não tava assim quando entortou, ela tava menos. Agora ela já entortou muito”, reclama. Ela passou pela saúde pública, teve atendimentos no Hospital Universitário, sem definição de prazos, e acabou confiando em uma ação judicial para obter o serviço.
“Eles tão me fazendo de pingue-pongue. Eles me jogam para lá, me jogam para cá e não resolvem nada. E cada consulta de médico particular é R$ 500. Eu não tenho mais esse dinheiro. Eu não tenho mais”, explica Rosimeire.
Ao procurar a Defensoria Pública da Saúde, ano passado, foram solicitadas consultas com três médicos particulares, três laudos e três orçamentos. O que a levou a recorrer ao empréstimo de R$ 10 mil para arcar com as despesas médicas e transporte.
Após todo o trâmite, o juiz indeferiu o pedido por falta de provas, pois não foi pedido um perito nem houve anexo de fotos ao processo.
“Eu não tenho dinheiro mais, eu não tenho condição. Eu fiz um empréstimo porque isso era certo. A cirurgia era certa. Ela falou: ‘Mas agora a senhora tem que começar tudo de novo’”, conta sua conversa com a Defensoria.

Seu parceiro a abandonou poucos meses depois de sua fratura. Atualmente, ela depende de uma cadeira de rodas antiga, doada, além dos cuidados diários de sua filha, Jaqueline Cardoso, de 31 anos. Seus outros dois filhos ajudam com as despesas de casa. Há um ano ela recebe o LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), e com essa garantia está descontando o empréstimo.
Rosimeire teme ter trombose novamente e perder a perna. “Então, o mais fácil é chegar e falar: ‘Doutor, corta a minha perna’. Ela falou: ‘A senhora que sabe’. Porque é, conforme vai ficando assim, que nem o médico falou, vai desgastando o osso. E não tem como segurar a prótese mais. Então, 3 anos já foi demais”. Ela está no processo com a Defensoria, com esperança pela sua cirurgia.

Desde 2023, o Governo do Estado realiza mutirão de cirurgias, e as ortopédicas são as de maior demanda.
A fila cresce e é frequente a publicação no Diário da Justiça, de decisões bloqueando valores do governo e da prefeitura para pagar esses procedimentos, principalmente nas áreas ortopédicas (cirurgias de ombro, joelho e quadril) e neurológicas.
Essas ações judiciais, nas quais as pessoas, com advogados ou por meio da Defensoria, apresentam orçamentos com valores elevados, como até R$ 500 mil.
O Campo Grande News questionou a Defensoria Pública sobre o que ocorreu no caso da diarista e espera resposta.
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