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Direto das Ruas

Famílias do Tarumã recebem prazo de 24h para desocupar área

Prefeitura notificou, na manhã deste sábado (8), as oitenta famílias que ocupam terreno próximo à rodovia

Por Jéssica Fernandes e Murilo Medeiros | 08/03/2025 10:31
Famílias do Tarumã recebem prazo de 24h para desocupar área
Notificação entregue pela prefeitura a um dos moradores. (Foto: Direto das Ruas)

Oitenta famílias que ocupam um terreno no Bairro Jardim Tarumã acordaram, na manhã deste sábado (8), com prazo de 24 horas para saírem da área pública. Equipes da Prefeitura de Campo Grande estão entregando as notificações, e duas viaturas estão no local prestando apoio. A sugestão foi enviada por leitor através do canal Direto das Ruas. 

RESUMO

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Oitenta famílias que ocupam um terreno no Bairro Jardim Tarumã, em Campo Grande, receberam notificação da prefeitura para desocupar a área pública em 24 horas. As famílias, que vivem no local desde novembro de 2024, tentam dialogar com a prefeitura sem sucesso. A ocupação inclui pessoas de todas as idades, que dependem da área para plantio e colheita. Equipes da Agência Municipal de Habitação acompanham a entrega das notificações, mas não oferecem soluções de moradia. Os moradores buscam uma resolução pacífica com as autoridades.

Gessé Ferreira Leite, de 41 anos, relata que a maioria das famílias vive no terreno desde novembro de 2024. “Tem pessoas que já estão colhendo o que plantaram”, afirma. O produtor rural, que ainda está construindo um barraco no local, explica que as equipes estão entregando os papéis e dando orientação.

“Estão notificando as famílias do Tarumã que têm 24 horas para sair. Eles estão aqui há 40 minutos, estão conversando com os moradores e disseram que podemos procurar a prefeitura”, diz.

Famílias do Tarumã recebem prazo de 24h para desocupar área
Área de 62 hectares fica próximo à rodovia federal, ao lado de frigorífico. (Foto: Direto das Ruas)

Desde o ano passado, conforme o produtor rural, as famílias que moram no Bairro Jardim Tarumã tentam dialogar com a prefeitura. Em novembro de 2024, o Campo Grande News mostrou que quinze famílias dessa ocupação e do Bairro Portal Caiobá tentaram reunião com a prefeita Adriane Lopes (PP). Após uma hora de espera, foram embora sem conseguir atendimento.

Na ocupação do Jardim Tarumã, vivem pessoas de todas as idades. “Tem idoso, criança, jovem, tem de tudo, pessoas que estão dependendo da área, plantando, colhendo”, ressalta.

Nesta manhã, equipes da Ehma (Agência Municipal de Habitação) também estão acompanhando a entrega das notificações. Mas, segundo Jessé, os moradores não receberam qualquer informação ou auxílio sobre moradia.

Famílias do Tarumã recebem prazo de 24h para desocupar área
Barracos construídos pelas famílias no terreno, no Bairro Tarumã. (Foto: Marcos Maluf)

O produtor rural reforça que ele e as demais famílias só querem uma resolução, sem quaisquer problemas. “A gente não quer uma guerra, quer uma solução dos órgãos públicos”, pontua.

Além de brasileiros, imigrantes também vivem no pedaço de terra. É o caso de Angela Paola, de 24 anos, que tem um filho de três anos. A venezuelana relata que está morando dentro de um barraco porque não tem outra escolha.

"Se eu não estivesse aqui, iria estar na rua, porque todas as nossas coisas estavam na rua. Se derrubarem tudo vamos voltar para a rua, porque não temos para onde ir. Não temos onde morar", completa.

Famílias do Tarumã recebem prazo de 24h para desocupar área
Angela Paola com o filho de três anos no colo, ambos vivem na ocupação. (Foto: Marcos Maluf)

Desempregada, a jovem expõe que viver na antiga condição não é justo, principalmente, por conta do filho. "Agora eu estou muito bem aqui, porque, não é nosso, mas estamos morando debaixo de um teto, entende? Não é por nós, mas por nossas crianças", fala.

Wendy Perez, de 24 anos, passou por Colômbia, Chile, Equador e Peru antes de chegar à Capital. Venezuelana, ela tem três filhos, sendo o mais novo de cinco anos. "Nós dormimos na rua, pedimos dinheiro com os filhos, passamos muita necessidade. E aqui, graças aos brasileiros, temos tido como construir onde estamos morando agora", conta.

Sem trabalho e condições de pagar aluguel, ela comenta que não tem para onde ir. "Amanhã eu não tenho como ir embora, não tenho dinheiro, não tenho nada. Não posso sair daqui se não tenho dinheiro para sair daqui", desabafa.

Famílias do Tarumã recebem prazo de 24h para desocupar área
Sem trabalho, Wendy Perez fala que não tem condições de pagar aluguel. (Foto: Marcos Maluf)

A reportagem procurou a Ehma, questionando se as famílias terão algum suporte, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto.

*Matéria atualizada às 12h25 para acréscimo de informações.

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