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Economia

Com 90 "portas fechadas" em 2 ruas do Centro, prefeitura avaliará comércio

Preço do aluguel, falta de estacionamento e avanço da tecnologia têm sido os principais problemas no comércio

Por Izabela Cavalcanti | 09/10/2023 12:17
Na Rua 14 de Julho, quatro lojas seguidas estão fechadas, com placa de "aluga-se" (Foto: Izabela Cavalcanti)
Na Rua 14 de Julho, quatro lojas seguidas estão fechadas, com placa de "aluga-se" (Foto: Izabela Cavalcanti)

Mesmo com o esforço em melhorar a arquitetura do Centro de Campo Grande, o movimento de pessoas continua cada vez mais disperso. Já parece clichê, mas o que mais evidencia o cenário são as diversas lojas fechadas. Para isso, o IPF/MS (Instituto de Pesquisas Fecomércio em Mato Grosso do Sul) será contratado para dimensionar o impacto das obras de requalificação da região.

Conforme publicado no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande), o contrato direto será de R$ 94,4 mil e faz parte do Programa de Desenvolvimento Integrado do Município de Campo Grande – Viva Campo Grande II, com financiamento liberado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento. A previsão é de que a assinatura ocorra na terça-feira (10).

O Campo Grande News entrou em contato com a Fecomércio, que ainda espera reunião com a prefeitura para acertar os detalhes da pesquisa.

A Sugepe (Subsecretaria de Gestão e Projetos Estratégicos) informa que a pesquisa faz parte do escopo de finalização do contrato (dezembro/2023), que analisa a conclusão do Programa.

"A Prefeitura de Campo Grande está atualizando a pesquisa de percepção da população quanto à requalificação da área central para direcionar ações de estímulo e desenvolvimento do comércio", diz parte da nota enviada.

As perguntas fazem parte da metodologia pensada pela instituição de pesquisa e ainda serão elaboradas em conjunto com a coordenação do Programa Reviva Campo Grande.

Em contagem realizada pela equipe de reportagem, na Rua 14 de Julho, a partir da Avenida Fernando Corrêa da Costa até a Mato Grosso, pelo menos, 47 lojas estão fechadas com placa de “aluga-se”. Na Rua 13 de Maio, tem 43 com as portas fechadas; na Rui Barbosa, 32, por exemplo.

Na Rua Maracaju, a partir da Rua José Antônio Pereira até a Avenida Ernesto Geisel, foram contabilizadas 39 lojas, e na Barão do Rio Branco, 20.

O proprietário de uma loja de acessórios na Rua 14 de Julho, Djalma Santos, vivência dia a dia a situação.

“A gente percebe que caiu o movimento. Hoje a realidade do centro é diferente do que em 2017, hoje se vê oferta de lojas”, pontua.

Quando se fala do baixo movimento, ele logo associa com a pandemia, obras do Reviva, preço do aluguel e mudança no comportamento do consumidor.

Djalma é proprietário de uma loja de acessórios no Centro (Foto: Izabela Cavalcanti)
Djalma é proprietário de uma loja de acessórios no Centro (Foto: Izabela Cavalcanti)

“O comércio se espalhou. Tem a mudança no comportamento do consumidor, veio o Pix, aposentado não precisa ir até o banco para receber, também tem a falta de estacionamento”, relata.

Alguns motivos – O titular da Sidagro (Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio), Adelaido Vila, ressalta que esse é um processo que já dura há 30 anos, começando pela desativação da estação ferroviária, desativação da rodoviária antiga, retirada de fachadas da Rua 14 de Julho, obras, pandemia.

“Tem muitos fatores envolvidos. A pandemia trouxe um novo olhar para o varejo, as opções de compra on-line são bastante significativas, a pandemia acabou com o sistema bancarizado, o cliente que ia ao banco não vai mais. Além disso, temos um grande desenvolvimento do comércio de bairro, que ocorreu também no meio disso tudo”, destaca.

Adelaido vê como uma das soluções incentivar a moradia no Centro para que os próprios moradores façam compras na região.

O presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), Renato Paniago, acredita que isso tem ocorrido pelo crescimento dos bairros.

“O centro de Campo Grande sofre com uma situação já observada em outras capitais, quando os bairros crescem e comportam comércios locais que trazem conveniência para o consumo da população no próprio bairro ou em bairros mais próximos, evitando ir para o centro da cidade para ter acesso a serviços e produtos.”

Ainda de acordo com ele, para que o centro volte a ser atrativo é necessário ter ações de policiamento 24h, estacionamento disponível, revisão dos valores de aluguéis, moradia, transporte coletivo de qualidade, ações culturais. “Dentre outras que nos são compartilhadas e sugeridas semanalmente pelos empresários do centro que estão sentindo a dificuldade de desenvolver seus negócios em uma das regiões mais nobres da nossa cidade”, completa.

Reviva – Uma das obras que marcaram Campo Grande foi o Reviva Centro, que foi dividido em duas etapas.

Foram ampliadas as calçadas, reordenamento do trânsito ao entorno da Rua 14 de Julho, fiação embutida e iluminação de LED. Além da implantação das áreas de descanso com bancos e árvores.

A área de intervenção abrangeu o quadrilátero formado pelas avenidas Fernando Corrêa da Costa, Mato Grosso, Calógeras e Rua José Antônio.

A Rua Rui Barbosa também faz parte do Programa Reviva Campo Grande e se tornou o Corredor de Transporte, com semaforização inteligente, estações de embarque e desembarque.

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