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Economia

Com gasolina cara, GNV compensa? Veja prós e contras de quem usa o gás

Instalar o kit custa cerca de R$ 4,5 mil na Capital, mas economia é de 50% em comparação com gasolina

Caroline Maldonado | 02/11/2021 10:49
Frentista abastecendo veículo com gás, em posto da Capital. (Foto: Marcos Maluf)
Frentista abastecendo veículo com gás, em posto da Capital. (Foto: Marcos Maluf)

Para começar, é preciso saber que custa em torno de R$ 4,5 mil para instalar o kit GNV num veículo e fazer todos os procedimentos obrigatórios, em Campo Grande. Depois desse investimento é que o motorista vai aproveitar uma economia de até 50% em comparação com a gasolina.

Dito isso, empresas de instalação e motoristas que já usam o GNV (Gás Natural Veicular) dão um panorama do uso do gás no Estado. Eles falam os prós e contras. Pontos de vista diferentes ajudam a entender melhor antes de optar por esse combustível.

Economia - Hoje, o metro cúbico do gás custa em torno de R$ 4,35, enquanto o litro da gasolina sai por até R$ 6,30, na Capital. No fim das contas, um carro que faz 15 quilômetros com um litro de gasolina vai fazer 20 quilômetros com um metro cúbico de GNV, segundo o gerente da GNV TECH Serviços Automotivos, Alfredo Orlando Palhano.

Proprietário de Ford Fiesta, engenheiro civil Luís Carlos Ayal. (Foto: Marcos Maluf)
Proprietário de Ford Fiesta, engenheiro civil Luís Carlos Ayal. (Foto: Marcos Maluf)

Proprietário de um Ford Fiesta 2003, o engenheiro civil Luís Carlos Ayala, conta que o carro faria cerca de 7 km por litro de gasolina, mas faz 9 km por metro cúbico de gás. “Coloquei o GNV há seis anos e não me arrependo”.

Motorista de aplicativo, Valdinei Souza também não se arrepende, mas acredita que a economia compensa mais para motoristas do que para uso pessoal e que muitos carros novos e pequenos já são bem econômicos com gasolina.

“Gasto a metade do valor que gastaria com gasolina. Abasteço R$ 50 e rodo mais de 200 km, o que dá um dia todo de corridas”, detalha.

Todos são unânimes na economia, mas lembram que carros pequenos de uso familiar podem até economizar, mas vão perder espaço do porta-malas com o cilindro do gás, o que faz muita falta na hora de viajar.

Motorista de aplicativo, Valdinei Souza. (Foto: Marcos Maluf)
Motorista de aplicativo, Valdinei Souza. (Foto: Marcos Maluf)

Preço - Há um ano, o preço médio do metro cúbico do GNV era R$ 3,35 e o gás era encontrado em seis postos, na Capital. Agora, o valor é R$ 4,35 e os motoristas podem escolher entre dez postos para abastecer, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O preço aumentou 29% em um ano.

Já a gasolina comum saia por R$ 4,50 há um ano e hoje o preço médio é R$ 6,38. A inflação foi de 37%.

O problema é que não tem nenhum posto abastecendo GNV nos municípios do interior, conforme a ANP. No entanto, ao pegar a estrada é possível usar a gasolina ou etanol para continuar rodando, quando o estoque de gás acabar.

Kit e instalação - O que as pessoas mais fazem é orçamento, mas se assustam com o preço do kit. A demanda aumentou recentemente nas empresas que instalam, mas boa parte é de clientes de Mato Grosso. Na Capital Cuiabá, o preço do metro cúbico é R$ 2,50 e o governo ainda dá descontos em impostos para quem instala GNV.

Na Le-Gás Peças e Serviços, no Centro, custa de R$ 3,8 mil a 5,3 mil a instalação do kit em carro popular. Se for um cilindro de de 7,5 m³ fica R$ 3,8 mil, já o cilindro de 17,5 m³ custa R$ 5,3 mil.

Na Sertec Gás, na Vila Bandeirante, dois cilindros com 7,5 metros³ custam o total de R$ 5.060. Essa opção serve para todos os carros com motor de quatro cilindros, hatch ou sedan, nos quais não se tem muita perda de porta-malas, conforme explica o responsável pelo atendimento, Mário Márcio de Lima Ferreira.

“É mais vantagem para os motoristas de aplicativo. Para quem abastece R$ 100 por dia de gasolina, no GNV vai abastecer R$ 60 e rodar o mesmo. São R$ 40 de economia por dia. A instalação do kit dá para fazer parcelado em dez vezes no cartão de crédito”, explica.

Na GNV Tech, a instalação de um cilindro de 15m³ sai por R$ 5 mil. Quem quiser colocar dois de 7,5m³ paga R$ 5,4 mil. “Ontem 52 pessoas pediram orçamento. Acredito que é pela alta da gasolina, mas eles estão só pesquisando o preço. Nem todos instalam. Tem muitos clientes de Cuiabá”, comenta Alfredo.

Custos no Detran - Para fazer tudo dentro da lei e ter garantia de segurança, é preciso ir em empresa homologada pelo Detran para fazer inspeção veicular. Além disso, a emissão de CRV (Certificado de Registro de Veículo) com inclusão de GNV tem uma taxa de R$ 306,43 no Detran.

Clique aqui para ver a lista de documentos exigidos para instalar o cilindro.

Inspeção veicular anual - Somente três empresas no Estado fazem a inspeção, que tem que ser feita na instalação e depois uma vez por ano. Uma empresa fechou em Três Lagoas, por falta de demanda e outra que está na lista de homologadas do Detran não tem contato disponível na internet.

Quem viaja para o interior e outros Estados, tem que saber que é difícil encontrar posto de abastecimento de gás. Os empresários de inspeção afirmam que só tem abastecimento na Capital, atualmente.

Na Vistec, no Bairro Cidade Jardim, a inspeção custa R$ 430. Na Inspecentro, na Vila Progresso, sai por R$ 330,00 e na Otimiza, no Jardim Itamaracá, custa R$ 350.

Veículo com cabo de aterramento preso ao capô para evitar explosão. (Foto: Marcos Majuf)
Veículo com cabo de aterramento preso ao capô para evitar explosão. (Foto: Marcos Majuf)

Segurança - Alfredo garante que o cilindro é seguro. O que as pessoas mais querem saber é qual o risco de explosão.

Os frentistas têm que colocar um cabo de aterramento no veículo, antes de começar a abastecer.

“A segurança é dada pelo Imetro. Se tiver vazamento não explode, porque a válvula trava. Tem um cheiro forte igual gás de cozinha e o sistema começa a apitar. Aí, você desliga o sistema. Só que a gente explica certinho ao cliente como usar e como evitar e identificar algum vazamento”, diz.

Quando ocorrem explosões o motivo é a falta de manutenção, geralmente. Em fevereiro do ano passado, um Chevrolet Vectra ficou destruído após incêndio, na Avenida João Arinos. O dono do carro disse que usava a gasolina e já não abastecia com o gás há três meses.

Abastecimento de véiculo com GNV, em posto da Capital. (Foto: Marcos Maluf)
Abastecimento de véiculo com GNV, em posto da Capital. (Foto: Marcos Maluf)

Incentivos - Atualmente, mais de 3,9 mil veículos são adaptados para abastecer com GNV em Campo Grande. No interior do Estado, há 999 veículos com o cilindro, segundo o Detran (Departamento Estadual de Trânsito Governo de Mato Grosso do Sul).

Outros Estados já dão incentivos, como redução e até isenção de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). É por isso que o preço do metro cúbico é mais baixo em Cuiabá, por exemplo.

No entanto, o Governo de Mato Grosso do Sul já prometeu, há mais de um mês, um pacote de incentivos com redução de taxas do Detran e até isenção de IPVA para motoristas de táxi e aplicativo.

Com lucro baixo em função do preço da gasolina e valores irrisórios pagos pelos aplicativos, os motoristas estão abandonando o trabalho. O número caiu de 5 mil para 2 mil, segundo estimativa do Sindimob-MS (Sindicato dos Motoristas de Aplicativo e Mobilidade Urbana).

Há 10 anos, o GNV também foi esperança de redução de custos para os taxistas, mas com os sucessivos aumentos no preço, muitos desanimaram e concluíram que o cilindro só ocupava espaço.

“No início, compensava mais usar o gás, mas agora sobe o preço da gasolina e sobe o do gás também. Então, cada pessoa tem que avaliar o tipo de carro e qual uso vai fazer para ver se compensa”, comenta Luís, o dono do Ford Fiesta.

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