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Economia

Frigoríficos fecham as portas e quase mil ficam desempregados no Estado

Liana Feitosa e Leonardo Rocha | 27/03/2015 11:58
Duas empresas frigoríficas confirmaram fechamento das portas e demissões. (Foto: Divulgação / JBS)
Duas empresas frigoríficas confirmaram fechamento das portas e demissões. (Foto: Divulgação / JBS)

Mato Grosso do Sul terá cerca de mil novos desempregados nos próximos dias. Duas empresas frigoríficas confirmaram fechamento das portas e demissões, a Beef Nobre, de Campo Grande, e a Fribrasil Alimentos, de Caarapó, cidade a 283 quilômetros da Capital.

Segundo o administrativo Tiago Pereira, 27 anos, da Beef Nobre, todos os 400 funcionários estão cumprindo aviso prévio.

Mau momento - Para ele, a explicação para o fechamento é o mal momento do setor no país. "O mercado de carne está ruim no Brasil todo. Não é um problema da empresa, mas do setor", garantiu ao Campo Grande News.

Diferente de Pereira, Wilson Gregório, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Carne e Derivados de Campo Grande, acredita que o setor não vive crise. "Se tem frigorífico que não está bem, é ponto isolado. Pode até ter alguma dificuldade, mas as empresas estão mantendo os trabalhadores. Se os frigoríficos do Estado estão abatendo todos os dias é porque estão vendendo", alegou.

Problema pontual - Para Gregório, o fechamento da Beef Nobre é reflexo da prisão recente do proprietário, Reginaldo da Silva Maia, 54 anos, investigado na operação “Labirinto de Creta”, da Polícia Federal, por lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e falsidade ideológica. Os crimes causaram rombo de R$ 200 milhões aos cofres públicos.

"De certa forma, a prisão e o envolvimento do nome dele nas investigações manchou a empresa, dificultou os negócios, sem contar no monopólio da JBS", afirmou. Para ele, a rede de frigoríficos JBS detém o mercado de carne, gerando concorrência desleal.

Para Azambuja, fechamentos são retratos da atual economia. (Foto: Marcelo Calazans)
Para Azambuja, fechamentos são retratos da atual economia. (Foto: Marcelo Calazans)

Crise - Enquanto o Beef Nobre suspenderá as atividades no próximo dia 14 de abril, sem previsão de retorno, segundo Pereira, o frigorífico Fribrasil Alimentos anunciou fechamento da unidade de Caarapó, interior do Estado, no dia 31, próxima semana.

O abate de até 500 bovinos por dia será suspenso e cerca de 500 funcionários serão demitidos. Todos estão de aviso prévio. O advogado da Fribrasil, Rodrigo Machado Siviero, disse que a companhia estava tomando prejuízo há vários meses, o que motivou a decisão.

Explicação da empresa - "Eu não sei se a decisão é definitiva ou se há planos para retomar o abate quando o cenário for outro", afirmou Siviero à revista Exame. Ele confirmou as demissões e explicou que os débitos previstos no plano de recuperação judicial deverão ser pagos normalmente, mesmo com o fechamento.

Para o prefeito da cidade, Mário Valério (PR), a notícia traz grande preocupação. "Tentamos intermediar com o Governo do Estado, pedimos ajuda, mas o frigorífico não tem interesse em continuar aqui", lamenta.

"Eles (a empresa) disseram que a política de incentivo do Estado, dada aos frigoríficos, não é boa para eles porque aqui a concorrência é muito grande. Por isso, não conseguimos continuar a negociação", contou o prefeito ao Campo Grande News.

Para sindicalista, fechamento da Beef Nobre é reflexo da prisão recente do proprietário. ((Foto: Divulgação / Beef Nobre)
Para sindicalista, fechamento da Beef Nobre é reflexo da prisão recente do proprietário. ((Foto: Divulgação / Beef Nobre)

Governo do Estado - À nossa equipe o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) afirmou que fechamentos são retratos da atual economia. "Nossa economia está em retração, baixo crescimento, aumento de tributos como energia, combustível, PIS, COFINS e juros. É uma preocupação não apenas de Mato Grosso do Sul, mas de todo o país. É o retrato na nossa economia", pontua.

Para Azambuja, a situação não favorece monopólio. "O mercado é de livre concorrência. Um grande aglomerado como o (grupo) JBS, que já é o maior produtor de carne tanto no Brasil, Estados Unidos e Austrália, tem agressividade na compra de novas plantas", considera.

Fortalecimento - "Mas o importante em Mato Grosso do Sul é que essas empresas continuem a gerar emprego, a industrializar mais. A JBS deve ampliar suas plantas aqui no Estado e até agregar valor ao produto. Agora... Nós temos que buscar um equilíbrio", analisa.

"Eu vou atender os frigoríficos menores, o Estado já dá um bom incentivo nesse setor, mas vamos analisar de forma conjunta o que podemos fazer para fortalecer esse segmento", finalizou o governador.

Funcionários da Beef Nobre afirmaram que a empresa estaria em negociação com a JBS. Mas em contato com o Campo Grande News, a JBS se limitou a dizer que "a empresa não comenta especulações de mercado"*.

*Informação adicionada às 12h40, após retorno da empresa.

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