Juros elevados fazem confiança econômica de varejistas cair ao nível da pandemia
Mais da metade dos empresários do ramo veem piora no cenário econômico
A combinação de juros elevados e de consumidores mais cautelosos leva os varejistas a projetar piora da economia, com o maior percentual desde a pandemia de Covid-19, em 2020.
RESUMO
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A confiança econômica dos comerciantes de Campo Grande atingiu o menor nível desde a pandemia de Covid-19, segundo o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC). A combinação de juros elevados e consumidores mais cautelosos tem impactado negativamente o setor, com queda nos índices de contratação e consumo. Em setembro, o ICEC registrou 96,5 pontos, abaixo dos 98,1 de agosto, indicando pessimismo. Nacionalmente, o índice também recuou para 97,2 pontos, o menor desde maio de 2021. Apesar das expectativas de melhora para os próximos meses, 52% dos entrevistados avaliam que a economia brasileira piorou. A liberação do 13º salário e restituição do Imposto de Renda podem trazer algum alívio ao setor, mas o cenário ainda exige cautela.
De acordo com dados do ICEC (Índice de Confiança do Empresário do Comércio) da Fecomércio, a pesquisa aponta, pelo segundo mês consecutivo, que os índices de confiança dos comerciantes de Campo Grande estão na zona negativa em setembro.
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Para o economista-chefe da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), Fábio Bentes, o quadro que reflete os índices de confiança voltando ao mesmo nível da pandemia se deve à combinação de juros ainda elevados e consumidores mais cautelosos.
“A taxa Selic em patamar alto desestimula os investimentos, ao mesmo tempo que o enfraquecimento do mercado de trabalho e a redução da intenção de consumo das famílias freiam o comércio. Não por acaso, a intenção de contratação de funcionários foi o subitem com maior queda em setembro”, explicou.
A pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio) informa que a queda do índice em Campo Grande foi de 98,1 pontos para 96,5. Os componentes relacionados ao Índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio (condições atuais da empresa e condições atuais do comércio) foram os que apresentaram indicadores mais negativos, com -8,2%.
De acordo com a economista do IPF/MS (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio MS), Regiane Dedé de Oliveira, o indicador é um antecedente importante para medir as tendências do setor e o desempenho atual indica que o varejo deve atravessar os próximos meses com maior cautela.
"Já estamos caminhando para os últimos meses do ano e a liberação da parcela do 13º salário e a restituição do IR (Imposto de Renda) sinalizam uma perspectiva mais favorável, com injeção de recursos na economia do Estado. Parte desses valores vai impactar o setor, com as vendas diretas", afirma a economista.
ICF (Intenção de Consumo das Famílias) de Campo Grande também registrou queda, segundo a Fecomércio.
Neste mês de setembro, na comparação com agosto, o índice ficou em 106,4 pontos, um pouco abaixo do patamar anterior, de 107,2. A queda rompe um ciclo de alta que vinha desde junho.
Dos sete indicadores apurados, cinco apresentaram índices negativos neste mês. Entre as maiores variações estão a Perspectiva Profissional (-3,7%), a Perspectiva de Consumo (2,0%) e o Nível de Consumo Atual (-1,2%).
Nacional - O ICEC recuou 5,0% em setembro, na comparação com agosto, e atingiu 97,2 pontos – abaixo da linha dos 100 pontos que separa otimismo de pessimismo.
É a primeira vez desde maio de 2021 que o indicador retorna a esse patamar, sinalizando um ambiente de cautela semelhante ao observado nos primeiros meses da pandemia de Covid-19.
Para 52% dos entrevistados, a situação da economia brasileira "piorou muito", mas 54,5% têm expectativa de melhora. E 81,5% têm a expectativa de que a própria empresa melhore "um pouco" ou "muito" nos próximos meses.