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Economia

Leilões perdem importância na Expogrande e número cai pela metade

Quantidade nesta edição é a menor desde 2010; nos últimos três anos, redução é contínua

Osvaldo Júnior | 12/04/2018 08:37
Animal em exposição na Expogrande, que se encerra neste fim de semana. (Foto: Osvaldo Junior)
Animal em exposição na Expogrande, que se encerra neste fim de semana. (Foto: Osvaldo Junior)

Com espaço cada vez mais reduzido na programação da Expogrande, os leilões se tornaram evento secundário na maior feira agropecuária de Mato Grosso do Sul. A quantidade de certames na edição deste ano é a menor desde 2010. Nesse período, o número caiu pela metade. Na avaliação de leiloeiros, contribuíram para essa queda, além de questões internas do próprio mercado, a descaracterização da Expogrande. .

Neste ano, segundo informou a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), estão sendo realizados 22 leilões – a agenda se encerra no dia 15, próximo domingo, uma semana antes do término da edição de número 80 da feira. Em 2010, foram 44, conforme levantamento feito pelo Campo Grande NewsNesse intervalo, a quantidade variou, mas, em nenhum momento, esteve abaixo à deste ano.

“Antigamente, todo dia tinha leilões na Expogrande. Chegamos a ter 50 durante toda a feira. Agora tem bem menos e vão acabar uma semana antes. A feira está longa, mas são poucos os dias com leilões”, nota Carlos Guaritá, diretor da Leiloboi, empresa de leilão mais antiga de Campo Grande. Para ele, essa queda se relaciona ao custo elevado para realização dos eventos e à própria mudança na feira.

Guaritá estima que as despesas com a realização de leilões presenciais cheguem a representar 15% do faturamento. “Tem a divulgação, transmissão ao vivo, buffet”, enumera. Soma-se a isso o preço menos atrativo no mercado pecuário. Fora esses aspectos do mercado, a menor presença de leilões na Expogrande também decorre do peso maior que a feira tem dado ao entretenimento na comparação com os certames.

Adriano Marcos Barbosa Ferreira, leiloeiro há 27 anos, concorda com Guaritá. “Neste ano, houve uma redução bastante significativa no número de leilões”, pontua. Ele conta que realizou só um leilão na feira nesta edição. “Antes, há três, quatro anos, a nossa média era de cinco leilões”, afirma.

O leiloeiro pondera, no entanto, que apesar da menor quantidade na Expogrande, os certames estão resultando em boas vendas. “Os lotes estão diminuindo, mas tem uma boa aceitação. A liquidez está satisfatória”, percebe.

Há boas vendas, mas os custos elevados comprometem fatia acentuada do faturamento – o problema ocorre na Expogrande, mas vai além da feira. “Sinto que falta apoio às classes produtoras, falta incentivos. A alíquota [de ICMS] é muito alta. Esse apoio é importante nesse momento em que a economia não está bem, os preços não estão interessantes e a indústria frigorífica passa por problema”, comenta Adriano.

“Neste ano, fiz só dois leilões na Expogrande”, informou Luciano Pires, leiloeiro veterano. “No total, são 33 anos nessa área, mas antes tinha outras atividades. Como leiloeiro são 22 anos”, detalha. Ele corrobora que a feira está com espaço cada vez menor para os certames. “Já chegou a ter cerca de 50 leilões. Agora, está bem pouco”, lembra-se.

Para Pires, o mercado de leilões passa por mudança, saindo o foco do presencial para o online. “Os custos com a modalidade presencial são muito maiores. Por isso, os leilões virtuais ganham mais força”, observa. Essa alteração também influencia na queda do número de certames na Expogrande.

O leiloeiro nota, ainda, que a concentração de pessoas, que não têm ligação com os negócios rurais, contribui para a redução na quantidade de leilões na Expogrande. “O tumulto de gente causa dificuldade de logística durante a feira. Por isso, são realizados muitos leilões no [Parque de Exposições] Laucídio Coelho fora desse período”, afirmou.

Retração – A reportagem procurou a Acrissul, que não soube informar a quantidade de leilões nas outras edições. No entanto, levantamento de notícias e artigos sobre Expogrande em anos anteriores mostra que é cada vez menor o número de certames.

Em 2010, foram 44 leilões, com contingente de 1,2 mil bovinos, 500 equinos e 300 animais de pequeno porte. No ano seguinte, houve queda expressiva, com 23 leilões, organizados por quatro leiloeiras.

A quantidade foi aumentando, com 25 leilões em 2012, realizados por sete leiloeiras. Em 2013, foram 27 leilões, organizados por quantidade maior de empresas do setor. Em 2014, o número de certames subiu para 32.

No ano seguinte, a trajetória de crescimento continuou, com a realização de 40 leilões. Desde então, as quedas foram seguidas: 28 leilões em 2016, 26 em 2017 e, nesta edição, 22. Se a tendência persistir, a octogenária Expogrande será cada vez menos atrativa aos pecuaristas.

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