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Educação e Tecnologia

Com escola ainda em reforma, 400 alunos estudam em ginásio e antiga pizzaria

Aulas começaram de forma improvisada para estudantes da Rede Estadual de Ensino

Gabriela Couto e Cleber Gellio | 07/03/2022 11:03
Todos juntos: 340 alunos de 12 turmas diferente estão amontoados em carteiras no Ginásio Municipal de Terenos. (Foto: Kísie Ainoã)
Todos juntos: 340 alunos de 12 turmas diferente estão amontoados em carteiras no Ginásio Municipal de Terenos. (Foto: Kísie Ainoã)

Na base do improviso, cerca de 400 alunos da Escola Estadual Eduardo Perez, no Bairro Jardim América, em Terenos, começaram o ano letivo de 2022 somente hoje (7). As aulas presenciais retornaram para toda a REE (Rede Estadual de Ensino) no dia 3 de março.

Sem a conclusão da reforma do prédio onde fica a unidade escolar, parte dos estudantes foram remanejados de forma improvisada para o Ginásio de Esportes Municipal Alessandro Rosa Vieira, no Bairro Pombal. Outra parcela foi encaminhada para uma antiga pizzaria da cidade, no centro. Lá, também foi instalada a secretaria da escola.

Entrada da Escola Estadual Eduardo Perez, em Terenos, totalmente inacabada. (Foto: Kísie Ainoã)
Entrada da Escola Estadual Eduardo Perez, em Terenos, totalmente inacabada. (Foto: Kísie Ainoã)

As obras começaram em abril do ano passado e devem ser concluídas, conforme o contrato com a empresa 2 WL Engenharia, no mês que vem. Ao todo, foram investidos R$ 2.479.655,07 para a conclusão da obra em 365 dias. Mas a reportagem esteve no local e constatou que deverá levar mais tempo. Em contato com a empresa, o empresário Walter Radich disse que a obra é tocada pelo filho e que uma reunião para tratar sobre o assunto seria realizada ainda hoje (7).

Placa com valor da obra de reforma que deve ser concluída até abril. (Foto: Kísie Ainoã)
Placa com valor da obra de reforma que deve ser concluída até abril. (Foto: Kísie Ainoã)

Para sanar parte do problema, o aluguel do imóvel da antiga pizzaria foi feito no dia 27 de janeiro, com a Imobiliária K M. O contrato de 12 meses prevê custo de R$ 45.600,00, sendo valor mensal da locação de R$ 3.800,00.

A SED (Secretaria de Estado de Educação) informou que a situação permanecerá durante a fase final da obra de reforma geral que a unidade escolar recebe. Também justificou que o espaço contará com uma série de adaptações, tendo em vista a garantia de estrutura adequada para a aprendizagem dos cerca de 400 estudantes atendidos pela escola.

"A SED destaca que a direção da unidade escolar segue em contato com pais e responsáveis a fim de atender possíveis dúvidas. Além disso, a pasta reforça que a situação se trata de uma excepcionalidade e que, em casos como este, os locais indicados para realocamento das turmas passam por adaptações visando o andamento das atividades escolares."

Do lado de fora do prédio da escola que deveria abrigar os 400 estudantes, ainda estão areia e pedra para concluir a reforma. (Foto: Kísie Ainoã)
Do lado de fora do prédio da escola que deveria abrigar os 400 estudantes, ainda estão areia e pedra para concluir a reforma. (Foto: Kísie Ainoã)

Direção - O diretor-adjunto da escola, Ernani da Silva Vargas, 41 anos explicou que a divisão foi feita de acordo com o período que os alunos ficam na escola. Estudantes do período integral, a partir do sexto ano, estão alocados no ginásio.

"São 340 alunos divididos em 12 turmas. Outros 60 que são das turmas mais novas estão no outro prédio alugado na cidade. Lá, estão abrigadas duas turmas do quarto ano e uma do quinto. Hoje, vamos fazer o dia da acolhida dos estudantes, entrega do material e uniforme", explicou.

Imagem panorâmica dos estudantes dentro do ginásio municipal. (Foto: Kísie Ainoã)
Imagem panorâmica dos estudantes dentro do ginásio municipal. (Foto: Kísie Ainoã)

A demanda da escola aumentou neste ano letivo. Todos os estudantes da área urbana de Terenos que estavam em turmas do sexto ano para cima e que eram atendidas pelo município foram encaminhadas para a escola estadual. A reestruturação do ensino ocorre em todo o Estado de forma gradual nos últimos anos.

Conforme a diretora da escola, Cleonice Pereira dos Santos, as turmas que estão alocadas no ginásio serão divididas com painel do material eucatex naval. As refeições serão mantidas nos horários normais, já que o ginásio possui uma cozinha para fazer a comida.

Entrada do ginásio com alunos em fila. (Foto: Kísie Ainoã)
Entrada do ginásio com alunos em fila. (Foto: Kísie Ainoã)

"Eles vão passar o dia aqui. Entram às 7h e saem às 16h30. Mesmo dessa maneira que estão, será possível entregar as três refeições. Isso é uma medida paliativa. Enquanto a escola não fica pronta, vamos atender dessa forma básica ao início das aulas", disse a diretora.

Alunos e professores - A aluna Nathália Vilalba Pires, 16 anos, do primeiro ano do ensino médio da escola se surpreendeu com o improviso. "É uma situação bem fora do comum. Todos acreditaram que a escola ficaria pronta para o início das aulas e não aconteceu. Do jeito que está, mesmo com o empenho dos professores e profissionais da escola vai ser muito complicado. São muitos alunos no mesmo espaço. Vai ter a divisória visual, mas de som, não. Com um ambiente que não tem um certo silêncio, você não consegue se concentrar."

Lousas para professores ainda estão embaladas em um dos cantos do ginásio. (Foto: Kísie Ainoã)
Lousas para professores ainda estão embaladas em um dos cantos do ginásio. (Foto: Kísie Ainoã)

Professora de Matemática na unidade, Thaís de Matos Grote Chaves, 30 anos, disse que é algo inusitado. "É uma situação diferente que a gente tem que se adaptar. A gente não sabe como vai ser. Pelo formato que está, teremos que nos adaptar para as aulas do jeito que tem, principalmente quanto a concentração. Minha disciplina exige isso."

A filha dela, Julia de Matos Grote França, 10 anos, estuda no sexto ano da escola. "Vai ser difícil, porque o ambiente distrai muito, além de ser quente lá dentro. Espero que essa reforma termine logo para a gente ficar em um lugar melhor. O único ponto positivo de estar no ginásio é que fica perto da escola e dá para ir a pé", afirmou.

Desde 2021 - O improviso do ensino para os alunos de Terenos na escola ocorre desde o ano passado, por conta do início das obras. Os alunos foram direcionados para o prédio da Escola Estadual Antônio Valadares, no centro do município.

Fachada da Escola Estadal Antônio Valadares, onde já foi a casa dos alunos da Eduardo Perez e que passará por reforma. (Foto: Kísie Ainoã)
Fachada da Escola Estadal Antônio Valadares, onde já foi a casa dos alunos da Eduardo Perez e que passará por reforma. (Foto: Kísie Ainoã)

A diretora Leonice Favarão recebeu os alunos da Eduardo Perez, porque tinha sala sobrando. "Os alunos do ensino integral cumpriam só o período matutino na escola e a tarde estudavam de forma remota. Já as turmas do quinto ano para baixo conseguíamos atende,r porque eram meio período", explica.

Segundo ela, neste ano, já está tudo preenchido pelos alunos direcionados para a unidade que administra. "Não tivemos como acolher os alunos da Eduardo Perez. E vamos passar pela mesma situação de reforma neste ano. Já estou vendo com a Secretaria de Estado de Educação e o prazo será o mesmo. Vamos ver como acomodar melhor os alunos", explicou.

Juntos e misturados, alunos retornaram hoje para o ano letivo 2022 de forma improvisada. (Foto: Kísie Ainoã)
Juntos e misturados, alunos retornaram hoje para o ano letivo 2022 de forma improvisada. (Foto: Kísie Ainoã)

A diretora-adjunta, Alessandra Leal, disse que apresentará sugestões. "Vamos sugerir para a secretaria que a reforma seja de forma gradativa e em blocos. Dessa forma, conseguimos remanejar os alunos dentro do próprio espaço."

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