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Na pandemia, 73% dizem preferir comprar no comércio do próprio bairro

No comércio da periferia, fidelidade da clientela é fórmula para vencer a crise

Clayton Neves | 01/08/2020 07:30
Deize Martins tem padaria há 3 anos e meio e diz que movimento aumentou 30% mesmo em meio a pandemia. (Foto: Paulo Francis)
Deize Martins tem padaria há 3 anos e meio e diz que movimento aumentou 30% mesmo em meio a pandemia. (Foto: Paulo Francis)

Apesar da crise econômica provocada pela pandemia da covid-19, grande parte dos comércios da periferia de Campo Grande ainda resistem o mau momento e permanecem de portas abertas. Para empresários de áreas distantes do Centro, a fidelidade dos clientes do bairro são combustível para continuar trabalhando e incentivo para driblar o período de instabilidade.

A observação se comprova no resultado de enquete feita pelo Campo Grande News, que perguntou se leitores têm comprado mais no comércio do bairro. Ao todo, 73% diz ter preferência pelas lojas que estão mais perto de casa, e apenas 27%, pouco mais de um quarto dos participantes, afirmou ainda preferir o comércio do Centro e shoppings.

Dono de petshop, Sérgio Bonato fez promoções e agradece por custo no bairro ser menor que no Centro. (Foto: Paulo Francis)
Dono de petshop, Sérgio Bonato fez promoções e agradece por custo no bairro ser menor que no Centro. (Foto: Paulo Francis)

Andamos pelas regiões sul e oeste da cidade e, conversando com lojistas, constatamos que setores tidos como essenciais foram o que menos sentiram o impacto negativo da pandemia, como é o caso de supermercados e farmácias.

Na padaria da microempresária Deize Martins, por exemplo, houve aumento de 30% no movimento, mesmo em tempos do novo coronavírus. Para ela, o resultado só foi possível com a fórmula: bom atendimento, promoções, publicidade e o apego da clientela que consome os produtos da loja que ela administra junto com o marido há 3 anos e meio. “O cliente do bairro é fiel e nesse período muitos acabam comendo mais”, explica.

Apesar de alguns estabelecimentos garantirem o pleno funcionamento, outros amargam prejuízos e redução nos lucros. Este é o caso da cabeleireira Sandra Aparecida Inácio, que há 11 anos mantém salão no Bairro Dom Antônio Barbosa.

Mesmo com queda de 50% no movimento, a profissional não pensa em sair do bairro, e motivos para isso tem de sobra. “Quem corta cabelo no Centro muitas vezes só vai no salão porque está passando na frente. Aqui não, o cliente já conhece seu trabalho e sempre volta. Tenho meus clientes fixos”, revela.

Sandra Aparecida diz que alguns amigos até tentaram ir para o Centro, mas voltaram para a periferia por causa da comodidade. (Foto: Paulo Francis)
Sandra Aparecida diz que alguns amigos até tentaram ir para o Centro, mas voltaram para a periferia por causa da comodidade. (Foto: Paulo Francis)

Além disso, a cabeleireira fala da comodidade de pagar R$ 600 reais no aluguel do espaço que usa, valor muito menor que seria um salão na região central. “Lá eu pagaria no mínimo R$ 2 mil, então meu gasto é bem menor”, explica. Segundo ela, muitos comerciantes que tentaram se lançar na área central acabaram voltando para a periferia por causa da comodidade.

Por causa do avanço da covid-19 em Campo Grande, no início de março, a Prefeitura decretou suspensão no atendimento presencial de lojas e serviços considerados não essenciais por duas semanas. A partir disso, centenas de estabelecimentos tiveram de fechar as portas e, passado o período, cumprir medidas restritivas como redução no horário de funcionamento . Desde então, comércios como o do micro-empresário Sérgio Bonato “vão tentando sobreviver”.

“As vendas caíram bastante, mas mesmo assim vamos tentando sobreviver. Acredito que o que o morador do bairro tem preferido gastar o dinheiro aqui, nem vai para o Centro. Isso ajuda muito a gente”, conta o dono de um pet shop na Avenida Evelina Selingard.

Para atrair os vizinhos, Sérgio diz que faz promoções e até reduziu o preço das rações. “Com isso a gente vai se mantendo. Por sorte o custo do bairro é muito menor. No meu espaço pago R$ 500 de aluguel, no Centro seria R$ 2 mil o mais barato”, finaliza.

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