Basquetebol master: experiência, paixão e amizades em quadra
Copa União reúne atletas com idade entre 30+ a 60+ no Ginásio do Clube União dos Sargentos, em Campo Grande
O esporte é para a vida toda! É como os veteranos atletas participantes da Copa União Master de Basquetebol, disputada nos fins de semana no Ginásio do Clube União dos Sargentos, em Campo Grande, encaram o desafio de ir para a quadra e jogar em nível competitivo por vitórias, classificação e título. Não importa se a idade já está além dos 50 anos ou dos 60 anos, a energia e a paixão pela prática esportiva seguem intensas.
“Com certeza o basquete é para a vida toda, é uma forma de fazer novas amizades. A idade nunca será um empecilho para a prática de qualquer atividade física, seja recreativa ou competitiva. Todo jogo é uma superação, é uma nova oportunidade de estar jogando no seu limite”, disse o ala Marcelo de Paula, atleta do Deportivo América nas categorias 50+ e 60+.
Marcelo de Paula conta que chegou a jogar profissionalmente por equipes de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. “Sim, joguei no Bauru, em São Paulo, pelo Arapongas e no Maringá, no Paraná, e também no Uberlândia, Minas Gerais. Cheguei a disputar o Campeonato Brasileiro de Basquetebol naquele formato antigo, ainda não era a NBB (Novo Basquete Brasil, a Liga Nacional de Basquete fundada em 2008)”, comentou ele.
Fator idade é só um número - A Copa União de Basquetebol Master, organizada pelo Deportivo América, reúne 360 atletas em 24 equipes nas cinco categorias: 30+, 40+, 50+, 60+ e Adulto Feminino. Conforme o regulamento, serão 10 rodadas com jogos às sextas, sábados e domingos. A competição já está na sua quarta rodada, começou em março e termina agora em maio. Cada um desses veteranos atletas tem a sua profissão, o seu trabalho, alguns até já aposentados, mas em quadra mostram que a idade é só um número.
“Sem dúvida a limitação física em decorrência da idade é uma realidade, mas está longe de ser um impedimento para a prática esportiva”, garante Rodrigo Alva, armador do UMB (União Master de Basquete) na categoria 50+. “Na adolescência disputei competições por Dourados no CEMS (Campeonato Escolar Municipal) e foram experiências muito bacanas na época. Fiquei uns anos afastados e desde 2023 retomei a paixão pelo basquete, agora sob uma perspectiva master”, disse Rodrigo.
O paulista Leandro Pompeo Martins, de 45 anos, começou a jogar basquete em 1994 e o amor pelo basquete é tamanho a ponto de tatuar uma bola no corpo. Na Copa União ele está jogando como ala/armador e conta que no seu dia a dia como motorista de aplicativa tem visto que em Campo Grande são muitos os bons exemplos de pessoas de todas as idades que participam de bate bolas nas quadras de parques.
“Só quem joga e gosta de basquete entende o sentimento de reviver a magia desse esporte”, garante Estefesson Gilliard, o Xexê, pivô do Aquidauana Master na categoria 40+. Daniel de Franco Ferreira, também atleta do Aquidauana Master, acredita que jogar uma competição master 40+, 50+, 60+ é ter o prazer de estar em quadra competindo e de certa forma divulgando o esporte para as novas gerações. “É muito gratificante”, comemora.
“Tem atletas de alto nível com mais de 70 anos que são referencias para os mais jovens. O principal de tudo é que estão felizes de estar participando desse esporte sensacional, mesmo com idade avançada. Acredito muito nos benefícios que o esporte proporciona, seja qual for a modalidade, melhor remédio para estresse , depressão, tédio, sedentarismo etc”, frisou Leandro Pompeo Martins.

Encontros e reencontros em quadra - Mais do que encontros e reencontros, competições masters como a Copa União significa reviver a magia do basquetebol, como lazer, bem-estar físico e mental, prazer e laços sociais. “O basquete vai muito além das quadras, é uma paixão que acompanha a gente para sempre. Ensina disciplina, trabalho em equipe, superação e, principalmente, nos conecta com pessoas incríveis em todas as fases da vida. É um estilo de vida”, declara Carlos Giovani de Souza Medeiros, armador do Black Bask na categoria 40+. “O basquete nos permite ultrapassar limites que nem sabia que poderíamos alcançar. Cada minuto em quadra, cada ponto, cada gota de suor são parte dessa magia”, disse Vladislan Peruzzu, o Vlad, ala do Colégio Master.
Munder Hassan Gebara, ala/armador na categoria 50+, é um dos quatro atletas de Mato Grosso do Sul, junto com Janjão, ex-seleção brasileira, Marcelão, Bonato, que estão convocados para representar o Brasil na disputa da Copa do Mundo de Basquete Master, no período de 27 de junho a 7 de julho deste ano na Suíça. Ele avalia que no formato de disputa no master de basquete no Brasil não há fatores limitantes.
“Tem uma escala de 5 em 5 anos que parte do 30+ e essa sequência serve de estímulo para todos os atletas, incluindo quem tem 90 anos ou mais”, revelou. Segundo ele, a reflexão sobre limites em quadra só vem depois de cada jogo com as dores musculares. “Em alguns momentos a intensidade da partida cobra uma oxigenação a mais e pode ocorrer de ultrapassar o limite, mas é muito difícil”, comentou Munder.
Nivelamento por idade como fator de inclusão - Marcelo dos Remédios Vieira de Lima, ala do Colégio Master na categoria 40+, é cauteloso na questão da idade como fator limitante para competições. “É necessário certos cuidados, pois não é possível manter as mesmas capacidades físicas, porém aqueles que fazem treinamento regular, dieta e acompanhamento médico conseguem retardar o envelhecimento, prevenir ou diminuir o impacto das lesões e prosseguir no basquete por mais tempo”, alertou. “Se você tiver um bom trabalho físico e uma boa preservação, conseguirá jogar por bastante tempo, mas, logico que existem casos e casos”, comenta Emilly Aparecida de Souza Moraes, ala/pivô do MBC (Maracaju Basquete Clube), na categoria Adulto Feminina.
O master de basquete tem o nivelamento de idade como um dos fatores importantes para a geração de oportunidades para que pessoas de idade mais avançada tenham o prazer de competir. “Por estar jogando com alguém da mesma idade o atleta master consegue desenvolver seu jogo dentro das suas limitações físicas, o que seria impossível num torneio adulto normal, alguns veteranos até jogam, mas são exceções”, declarou Marcelo dos Remédios Vieira de Lima.
Victor Alvarez Pineda, ala/armador do Deportivo América nas categorias 50+ e 60+, afirma que mais competições como a Copa União deveriam acontecer em Campo Grande para abrir oportunidade para as pessoas que estão querendo praticar e também competir no basquete e não conseguem jogar. “Campo Grande tem poucas quadras de basquete. Existe associação e clubes master, porém, poucas competições para poder dinamizar de forma organizada alguns torneios”.
Felizmente, disse Victor Pineda, alguns torneios master já acontecem em Campo Grande há quase 10 anos, não apenas de finais de semana, sim em formato de campeonato com duração de dois a três meses, um desses a cada semestre. No calendário anual estão a Copa União no primeiro semestre e a Copa América no segundo semestre. Em média, cada competição reúne de 20 a 25 equipes em cinco categorias: 30+,40+,50+60+ e Feminino.
Neste fim de semana a Copa União volta a ser atração no Ginásio do Clube União dos Sargentos, com a abertura da rodada já nesta sexta-feira. Confira abaixo a programação e os respectivos horários de todos os confrontos: