Restaurada do telhado ao ladrilho, casa de 80 anos “respira” no Centro da cidade
Em zona de proteção especial, imóvel se livrou da demolição e do abandono
Aos 80 anos, imóvel na Rua Padre João Crippa, esquina com a Maracaju, no Centro de Campo Grande também deixou no passado a triste figura. Não há mais infestação de cupins, abandono e risco de o telhado desabar. Restaurada do piso ao teto, a casa volta, literalmente, a respirar. A argamassa do imóvel antigo não tem cimento, sendo toda de cal e areia.
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Casa histórica de 80 anos no Centro de Campo Grande passa por restauração completa, preservando características originais. O imóvel, localizado na Rua Padre João Crippa esquina com Maracaju, teve sua estrutura recuperada, incluindo telhado, pisos e elementos arquitetônicos únicos. A construção mantém aspectos peculiares, como argamassa de cal e areia que permite transpiração natural das paredes, garantindo melhor conforto térmico. O proprietário planeja transformar o espaço em estabelecimento comercial, aliando preservação histórica à modernidade com a instalação de ponto de recarga para veículos elétricos.
“Então, é como se ela fosse um organismo vivo. Ela transpira, produz vapor. Essas casas antigas são como o nosso corpo. A estrutura é como se fosse o esqueleto e argamassa, a nossa pele. A gente transpira. E elas também produzem vapor de água”, afirma a arquiteta Tathyane Sangalli, especialista em restauração e que atua em projeto que já deu vida nova a prédios históricos pelo Brasil afora.
Devido à transpiração, a tinta aplicada também precisa ser especial. “É uma tinta à base de cal, que a gente chama de sílico mineral. Específica para essas paredes. Porque se não a gente correria o risco de ter muita infiltração, muita umidade”.
A argamassa “viva” também repercute no conforto térmico. Após medição com termômetro, verificou-se que a parte antiga do imóvel é três graus a menos do que nas demais edificações, no fundo da casa, que contam com materiais de construção contemporâneos. O posicionamento das janelas também permite a ventilação cruzada, deixando o imóvel ainda mais fresquinho.

Na entrada da casa, a varanda, agora integrada ao imóvel, tem o tradicional piso de caquinhos. Num dos cômodos, originalmente um quarto, o ladrilho hidráulico dispensa o tapete diante da bordadura do piso. O pavimento ainda vai passar por um tratamento, mas já mostra toda sua beleza.
O piso ainda guarda uma peculiaridade: o rodapé ornamentado. “O pessoal da área de conservação falou que nunca tinha visto um rodapé como esse. A gente está tentando levantar a história dele. Porque, realmente, é muito peculiar”, diz a arquiteta.
Antes de a restauração começar, o telhado precisou ser escorado pelo risco de desabar. “Ela ficou durante muito tempo abandonada, vandalizada. Nós trocamos toda a estrutura de cobertura dela. Mas a fachada, todos os traços antigos, foram preservados”, destaca Tathyane.
O imóvel era padrão na Campo Grande de outrora. “Esse tipo de casa era muito facilmente replicado. Como hoje, os imóveis contemporâneos têm o mesmo padrão. Já localizamos três casas basicamente com a mesma fachada. Quando a gente começou a obra, várias pessoas vieram falar que brincaram aqui na infância. A gente vai resgatando essas histórias”, conta a profissional.
A construção aparece na lista de onze imóveis investigados pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por alterações. Mas, conforme a arquiteta, o imóvel está totalmente regularizado. “Fez a tramitação correta, a questão de GDU (Guia de Diretrizes Urbanísticas). O projeto de restauro dela foi aprovada na prefeitura. O alvará de construção emitido”.
Comprada para ser demolida, mas com a fachada salva por fazer parte da Zeic (Zona Especial de Interesse Cultural), a casa em breve será exibida aos campo-grandenses. Em vez de muro para ocultar, a frente tem uma vidraça.
Proprietário do imóvel, Felipe de Oliveira Araújo afirma que pretende destiná-lo para franquia, restaurante ou café. O local também terá ponto de recarga para veículos elétricos, na rede de eletropostos V2grid. "Estamos seguindo exatamente o projeto que foi aprovado", diz Felipe.
O espaço recebeu obras para acessibilidade e, como está abaixo do nível da rua, conta com local para armazenamento da água da chuva. Octogenária, a casa une o antigo com a modernidade.
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