Restauro da Igreja São Benedito deve começar em menos de um mês
Com orçamento de R$ 2,2 milhões, o prazo total de execução da obra é de 540 dias
As obras de restauro da Igreja São Benedito, na Comunidade Quilombola Tia Eva, vão começar em menos de um mês. Com previsão de início efetivo no dia 13 de janeiro de 2026, a execução do projeto traz alívio para moradores que esperam há anos pela revitalização de um lugar que é patrimônio e peça-chave da história de Campo Grande.
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A Igreja São Benedito, localizada na Comunidade Quilombola Tia Eva, em Campo Grande, iniciará obras de restauro em janeiro de 2025. O projeto, orçado em R$ 2,2 milhões, tem previsão de conclusão em maio de 2027 e visa recuperar o templo histórico, tombado como patrimônio e interditado em maio de 2024 por risco de desabamento. O projeto inclui restauração completa do espaço interno, novo altar para a estatueta de São Benedito, substituição do telhado e requalificação do entorno. Além da igreja, serão construídos espaços para eventos, cozinha e área para comercialização de produtos locais, visando garantir autonomia financeira à comunidade.
Com orçamento de R$ 2,2 milhões, o prazo total de execução da obra é de 540 dias, com previsão de término em 27 de maio de 2027. A expectativa, no entanto, é que a igreja seja entregue antes do restante do complexo que compõe a revitalização.
Nesta terça-feira (16), responsáveis pelo projeto se reuniram com representantes da comunidade para tirar dúvidas e explicar o passo a passo do cronograma de serviço que agora fará parte da rotina dos moradores.
Erguida em 1919, a Igreja São Benedito é um dos símbolos mais importantes da Comunidade Tia Eva. Tombada como patrimônio histórico, ela foi interditada pela Defesa Civil de Campo Grande em 8 de maio de 2024 por risco de desabamento.
Em 24 de janeiro deste ano, o imóvel foi lacrado pela Defesa Civil Estadual para evitar o acesso. No entanto, os reparos já eram aguardados desde 2021, mas só avançaram após o agravamento da situação estrutural.
O projeto de restauro foi desenvolvido por uma equipe selecionada pelo Femic (Fundo Municipal de Investimentos Culturais) e contou com a participação da comunidade. Segundo o arquiteto e historiador João Santos, superintendente do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Mato Grosso do Sul, a proposta nasceu antes mesmo do processo de tombamento federal.
“A igreja é muito mais que um espaço religioso. É um lugar de convivência, de memória e de transformação social. Durante as pesquisas a gente soube que teve Mobral no prédio. Ou seja, é um espaço de encontros, de formação e isso tudo foi levado em conta no projeto”, explica.
Entre as principais intervenções está a restauração completa do espaço interno da igreja, que ganhará um novo altar, pensado especialmente para abrigar e evidenciar a estatueta de São Benedito, em madeira, trazida de Goiás por Tia Eva em 1905. O sino e o busto atualmente na fachada serão reposicionados na lateral da construção.
O projeto também prevê a substituição total do telhado, a instalação de caixas de som embutidas no forro, a troca de todos os revestimentos internos por ladrilhos hidráulicos vermelhos, o revestimento em granito do túmulo de Tia Eva, além da repintura interna e externa, mantendo as cores azul e branca, escolhidas pela própria comunidade. Uma placa informativa vai explicar a importância cultural da igreja para moradores e visitantes.
Além da igreja, todo o entorno será requalificado. O acesso principal será reorganizado para valorizar a edificação, com escadarias que colocam a igreja em destaque no conjunto urbano. Também será criado um espaço de recepção com o busto de Tia Eva, funcionando como uma espécie de hall de entrada para quem chega à comunidade.
O salão de festas e os anexos passam por mudanças importantes. Construções antigas e precárias serão demolidas para dar lugar a um novo espaço com cozinha equipada, churrasqueira, áreas para aulas, reuniões comunitárias, catequese e até atendimento ao turista, com venda de produtos e artesanato local.
“O objetivo é garantir estrutura, segurança e também autonomia financeira para a comunidade, que poderá até alugar o espaço”, explica João Santos.
De acordo com Adanilto Faustino, gerente de projetos e orçamento da Agems, a ordem de serviço já foi dada e a empresa vencedora deve começar a se mobilizar ainda antes de janeiro. “A prioridade da obra será a igreja, por causa do risco estrutural. A ideia é que a comunidade não perca o uso do espaço em nenhum momento. O salão, por exemplo, terá a reforma adiada para não atrapalhar a festa de maio”, explica.
Ele destaca que o clima entre os moradores é de alívio e esperança. “Essa obra vinha sendo discutida desde 2021. Houve um desgaste emocional, uma descrença natural. Agora é diferente. Existe contrato, empresa contratada, cronograma. Não é mais promessa”, destaca.
Para o arquiteto Eduardo Melo, coordenador do projeto, ver a execução começar é uma vitória coletiva. “Foram cinco anos de espera. É um projeto pequeno em tamanho, mas enorme em significado. Ele respeita a história, a religiosidade e a identidade da comunidade. Saber que será executado como foi pensado traz muita tranquilidade”, pontua.
A expectativa é que, mesmo com o restauro ainda em andamento, a igreja já apresente melhorias visíveis para a tradicional festa de São Benedito, em maio.
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