Henrique Rodrigues critica falta de continuidade em programas de leitura
Mesmo com tom crítico, escritor celebrou a experiência em Bonito

Na 9ª Feira Literária de Bonito (FLIB), o escritor, gestor cultural e jornalista Henrique Rodrigues foi direto ao ponto: falar de literatura e inclusão só faz sentido se houver compromisso real com quem geralmente não tem acesso aos livros.
RESUMO
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Henrique Rodrigues, escritor e doutor em Literatura pela PUC-Rio, participou da 9ª Feira Literária de Bonito (FLIB). Em sua palestra, defendeu a importância da continuidade de programas de leitura, criticando a efemeridade de eventos literários. Para ele, o acesso à literatura deve ser inclusivo e frequente, alcançando as camadas populares que geralmente ficam excluídas. Rodrigues, autor de obras que abordam temas como racismo e desigualdade social, contou sua trajetória desde a juventude, quando conciliava estudos em escola pública com empregos. Ressaltou a importância de tornar a leitura um hábito cotidiano, indo além de eventos pontuais. Apesar das críticas, o escritor elogiou a FLIB e a oportunidade de discutir literatura e ministrar oficina para estudantes.
Carioca de 1975, mestre e doutor em Literatura pela PUC-Rio, Henrique é autor de romances, crônicas, poesias e livros infantojuvenis. Em obras como O próximo da fila (2015) e Áurea (2024), seu olhar está voltado aos invisibilizados, jovens de periferia, trabalhadores comuns e personagens atravessados por racismo e desigualdade.
Na palestra “Quem sou quando falo”, realizada no dia 18 de setembro no Pavilhão das Letras e mediada pela pesquisadora Marcelle Saboya, o escritor lembrou a própria trajetória nos anos 1990, quando conciliava escola pública com empregos em videolocadora e rede de fast food.
“A gente trabalha para que a exceção se torne regra. Eu fui invisível social e me tornei escritor. O que me interessa são justamente os não leitores, porque todos são leitores em potencial”, afirmou.
Para o escritor, não basta reunir multidões em torno de grandes feiras: é preciso continuidade. “O evento é eventual, como o nome diz. A gente precisa ter a leitura trabalhada no dia a dia, de forma inclusiva, trazendo para dentro do universo literário pessoas que geralmente ficam de fora”, defendeu.
A crítica ressoa em um cenário em que a literatura, muitas vezes, ainda circula em nichos de prestígio e não alcança as camadas mais populares. Para o escritor, inclusão significa garantir o direito de acesso e a permanência da leitura como prática cotidiana, e não apenas em datas comemorativas ou eventos pontuais.
Mesmo com tom crítico, o escritor celebrou a experiência em Bonito: “É a primeira vez que venho como autor e estou maravilhado com essa feira linda. É uma alegria poder falar sobre literatura aqui”.
Além da palestra, ele também ministrou oficina para estudantes, reforçando o diálogo entre literatura e juventude.
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