Pintura surrealista é fuga do tédio para quem colore peças e patches

A pintura em tecido veio como um escape do tédio para Matheus Silva Pereira, de 27 anos, que cria animais e figuras carregadas de elementos curiosos. O realismo não é o movimento artístico favorito dele e isso fica claro em cada estampada e patches produzidos.

Animais com sobrancelhas coloridas, um sol cheio de dentes e plantas com arranjos atípicos são alguns dos desenhos que o ‘Theus’ cria desde 2016. O hobby virou trabalho sério somente em 2022 quando ele viu a pandemia chegar ao fim.

Apesar do amor pelo desenho ser antigo e remete aos tempos da infância, ele relata que a pintura surgiu em outro momento da vida.  “Comecei a pintar para expressar sentimentos complexos, tentando lidar com questões como o luto e as angústias cotidianas da existência humana. A pintura em tecido surgiu por conveniência, tínhamos em casa tecido e tinta de tecido”, fala.

A criatividade para pintar, conforme o artista, surgia em momentos específicos. Ele conta que expressa a arte em outras vertentes, mas nada supera a pintura em tecido.

“Em momentos de ‘surto’ e tédio eu pegava os pincéis largados e fazia aquilo que mais se aproximava do que existia no centro de minhas dores. Desde então a pintura em tecido é minha maior paixão. Embora eu também trabalhe com pinturas em tela, gosto de brincar um pouco com esculturas e ocasionalmente faço tatuagens, nada supera o prazer do pincel no pano para mim”, destaca.

Aprendendo através das aulas ou por conta própria, Theus foi dando um toque especial e artístico a cada peça que pegava. A inspiração vem de todos os cantos e ele explica como explora o cotidiano para criar.

“Eu gosto de pensar que o que mais me inspira é a vida em si, pode soar meio bobo, mas acho que é verdade. Principalmente por causa do evento chamado de pareidolia, que é quando associamos um padrão significativo a algo aleatório, como quando vemos desenhos nas nuvens. Minha percepção disso é algo que estímulo bastante”, diz.

Outra referência para a produção parte de diferentes lugares e momentos culturais da história. “Minhas principais influências artísticas são bem variadas, adoro tudo que fuja do realismo, seja de tatuadores da atualidade, desenhos animados absurdos, histórias em quadrinhos, arte mesoamericana da época pré-colombiana, principalmente os desenhos associados aos povos conhecidos como Astecas (na realidade os Mexicas), tapeçaria turco-otomana e por aí vai”, conta.

O preço que cobra para customizar uma peça ou fazer a patch, conforme Matheus, varia. “O valor de minha arte varia conforme o nível de complexidade da peça, ando fazendo bastante camisetas e pequenas peças de panos, os patchs, mas também faço telas e adoro customizar roupas no geral. Minha base de preço para encomendas é de R$ 50,00”, pontua.

Já o significado que cada pintura carrega é algo que não tem preço, mas muito valor. “A mensagem que eu procuro passar com minha arte é sobre como não existe nada mais absurdo do que a vida em si, desde o amor até a morte, e o trauma compartilhado com quem está ao nosso lado. O surrealismo da existência humana”, afirma.

Se alguém quiser alguma encomenda e conhecer o trabalho dele, o perfil no Instagram é @arte.theus

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