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Comportamento

Aliado da zoeira, professor transformou aulas chatas em virais

Apenas duas semanas depois de abrir conta no Tiktok, professor viralizou vídeos onde ensina brincando

Por Clayton Neves | 07/04/2025 06:53


“Eu me tornei o professor que eu sempre quis ter.” A frase, dita por José Augusto Teixeira parece simples. Mas bastam poucos minutos com ele, seja em uma conversa ou em um dos vídeos com mais de 500 mil visualizações no TikTok, para entender que a fala é um manifesto.

Aos 45 anos, o fisioterapeuta cardiovascular dá aulas de anatomia e fisiologia em escolas técnicas de Campo Grande. Com um jeito todo pessoal, encontrou métodos criativos, engraçados e eficientes para manter a atenção dos alunos: ensinando com leveza, humor e trazendo o conteúdo para a realidade do dia a dia.

“Eu sou um professor que brinca, que zoa. Eu não prendo aluno dentro da sala, o aluno fica porque quer aprender”, resume. Com o jeito despojado, José Augusto conquistou uma legião de se…

“Eu me tornei o professor que eu sempre quis ter.” A frase, dita por José Augusto Teixeira pode até parecer só mais uma fala de efeito, no entanto, bastam poucos minutos com ele, seja em uma conversa ou em um dos vídeos postados no TikTok, para entender que a citação é um manifesto.

Aliado da zoeira, professor transformou aulas chatas em virais
José Augusto é fisioterapeuta cardiovascular e dá aulas de anatomia e fisiologia. (Foto: Arquivo Pessoal)

Aos 45 anos, o fisioterapeuta cardiovascular dá aulas de anatomia e fisiologia em escolas técnicas de Campo Grande. Com um jeito todo particular, ele encontrou métodos criativos, engraçados e eficientes para manter a atenção dos alunos: ensinando com leveza, humor e trazendo o conteúdo para a realidade do dia a dia.

“Eu sou um professor que brinca, que zoa. Eu não prendo aluno dentro da sala, o aluno fica porque quer aprender”, resume. Com o jeito despojado, José Augusto conquistou uma legião de seguidores nas redes sociais em apenas uma semana de TikTok.

Os vídeos, gravados quase sempre de improviso e dentro de sala, têm em comum uma didática acessível, situações do cotidiano e uma pegada cômica e  afiada. Em um dos mais famosos, José Augusto compara o coração da mulher com o do homem.

“A mulher tem uma bomba cardíaca, que não falha, com débito sistólico eficiente. Já o homem... o homem tem um coração que pulsa amor, que pulsa carinho...”, brinca, arrancando risos dos alunos ao misturar ciência com poesia e zoeira. Só esse vídeo rendeu 250 mil curtidas.

Aliado da zoeira, professor transformou aulas chatas em virais
Sem perder a autoridade em sala, professor encontrou método para fisgar a atenção dos alunos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Em sala, os vídeos mostram o professor interagindo de igual para igual com os alunos, sem perder a autoridade, mas também sem criar distância. “Eu tiro deles o máximo de sorriso possível. Porque minha matéria é um pouco chata. Se você vira um professor duro, fica complicado para o aluno aprender”, explica.

O sucesso relâmpago nas redes, claro, pegou José Augusto de surpresa. “Eu nem tinha conta. Postei uns quatro vídeos antigos que estavam no meu celular. De repente, começou a bombar”, relata.

A ideia de criar o TikTok veio das próprias alunas, e depois ganhou apoio da esposa. “Ela falou: ‘Por que você não faz logo uma conta?’ Aí eu fiz. E agora não tem mais volta”, conta.

Nos vídeos, tem de tudo: desde comparações entre o ciclo cardíaco e relacionamentos amorosos até demonstrações práticas com objetos inusitados. O bom humor é a isca, mas o conteúdo é o anzol. “Eu me especializei em transformar conhecimento difícil em algo do cotidiano, que qualquer um entende. E quando a galera ri, aí é que grava mesmo”, garante.

Antes de atrair atenção na internet, José Augusto já tinha uma história de resistência. Ele começou a dar aula em 2012 e nunca mais parou, mesmo nos momentos mais difíceis. Chegou a estudar medicina no Paraguai, mas foi forçado a abandonar o curso durante a pandemia. Voltou para Campo Grande sem emprego, sem carro e com o bolso vazio. O que tinha naquela época era basicamente o conhecimento em fisioterapia.

“Comecei a ganhar dinheiro no covid. Atendia mais de 500 pacientes", lembra. Nesse período, ele lembra que foi internado e ficou 30 dias entre a vida e a morte. “Saí da internação e voltei a trabalhar. Sem medo”, relata.

Aliado da zoeira, professor transformou aulas chatas em virais
Esqueleto é um dos elementos para ensinar fazendo graça. (Foto: Arquivo Pessoal)

Hoje, ele atua como fisioterapeuta no Hospital Evangélico e já fez oito pós-graduações. Entre as aulas e atendimentos, arrumou tempo para se inscrever em um mestrado. “Era para eu ter feito isso antes, mas fui tentar medicina e deixei o mestrado de lado. Agora quero correr atrás”, revela.

Aulas em escolas técnicas, como as de radiologia e enfermagem, foram uma escolha consciente. “Hoje, dentro dos hospitais, a maior parte dos profissionais da saúde são técnicos. E eles têm mais obrigação ainda de saber, porque às vezes trabalham até mais. Eu não aliso só porque é técnico. Eu passo conhecimento para que eles trabalhem de igual para igual”, afirma.

“Eu dou aula para o aluno entender a importância do que faz. Eles saem dali prontos, conscientes da responsabilidade.” E esse compromisso com o ensino técnico também ganhou destaque nas redes, que ele agora pretende alimentar com frequência. “Quem sabe um dia eu consigo até monetizar, né? Mas o mais legal mesmo é ver que gente do Brasil inteiro tá aprendendo comigo.”

O segredo para viralizar? José Augusto diz que encontrou a fórmula: “Fazer aprender sorrindo”, revela.

E o método parece ter dado certo: em duas semanas, os vídeos do professor já ultrapassam meio milhão de visualizações e ele ganhou milhares de seguidores, tudo isso sem câmera profissional, roteiro ou planejamento de marketing.

“O que eu tenho é paixão pelo que faço. E um celular na mão”, finaliza.

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