Após 40 anos, veteranos do Exército conseguem reunir a turma de novo

O painel de fotos na parede lembrava do tempo em que a turma do 9° Departamento de Suprimentos ainda estava ativa no quartel de Campo Grande. O ano era 1984 e cerca de 69 militares compartilham o dia a dia de trabalho e uma parceria que atravessou gerações.

Quatro décadas após o tempo eternizado nas fotos, a turma de 84 decidiu se reunir novamente. No encontro, 17 deles celebraram a amizade em um churrasco com direito a bolo nas cores da farda e bandeira do Brasil.

Entre os veteranos, os cabelos brancos denunciavam a passagem do tempo, mas, apesar da aparência não ser mais a mesma, a amizade permanece como se os anos tivessem sido pausados.

A confraternização da turma foi possível graças ao reencontro inesperado do Amarildo França, o soldado França 152 e Jonas Armando, o cabo Armando 180. Após décadas sem notícias, os dois se cruzaram em uma loja de materiais para construção e um reconheceu o outro mesmo depois de tanto tempo.  Depois de algum tempo de conversa, a dupla decidiu reunir toda a turma mais uma vez.

"Tentamos fazer essa reunião duas vezes e não deu certo, mas agora conseguimos. Infelizmente uns já se foram, outros não puderem vir e tem alguns não localizamos, mas vamos planejar outros encontros", comenta Armando.

Segundo França, rever os amigos trouxe sentimento de nostalgia e gratidão. "Aquela fase foi uma das melhores da minha vida, serviu de aprendizado para que a gente se tornasse o que somos hoje", analisa.

Laércio Aparecido Melchiades, o soldado 187, era um dos cozinheiros da turma. De uma família com seis homens, ele conseguiu entrar no Exército após quatro irmãos terem sido dispensados.

"Era um sonho que eu tinha. Achava lindo e falava que ia defender o Brasil. Naquela época era bem diferente, a coisa era bem rigorosa, mas era gostoso, sadio", cometa.

Depois do primeiro ano, Melchiades engajou e ficou no Exército por mais sete anos, cinco meses e dois dias, como faz questão de lembrar. Como se dava bem na cozinha, virou um "pé de sebo", jeito como eram chamados os militares que trabalhavam no preparo da alimentação da tropa. "Pra mim foi um aprendizado muito grande, só saí porque tinha uma namorada era 'molecão' e abandonei", revela.

Na época de quartel, os amigos tinham entre 18 e 19 anos. Hoje, caminham na direção dos 60 e já são pais e avôs. Celmo Ferreira de Araújo, o Soldado Celmo 163, já está até planejando como será a aposentadoria da UFMS, onde é servidor público desde 1993.

Em uma visita ao passado, ele lembra da época da juventude no serviço militar. "São boas lembranças, coisas que ficam marcadas. A gente tirava serviço junto, perdemos noites de sono junto e era um pelo outro. O quartel era bem mais rígido, mas a gente era moleque e se divertia mesmo assim", conta.

Segundo ele, a intenção é que o encontro da turma de 84 aconteça mais vezes. "Infelizmente alguns não estão mais entre nós, mas o desejo é de se reunir outras vezes, fazer dessa reunião um encontro anual pelo menos", finaliza.

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