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Comportamento

Bar cria vaquinha depois que moto de vendedor querido foi furtada

Ele deixou o Nordeste aos 18 anos e há 33, roda pelos bares vendendo de pen drive a cabo de celular

Ângela Kempfer | 22/01/2022 07:32
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Há uma semana, Paraíba, como ganhou “fama” em Campo Grande, anda só com a chave e um cachimbo de vela no bolso. Foi o que sobrou da moto 150 cilindradas, furtada da casa dele, na sexta-feira passada.

Bar postou no Instagram enquete sobre a possibilidade de ajudar Paraíba. (Foto: Reprodução).
Bar postou no Instagram enquete sobre a possibilidade de ajudar Paraíba. (Foto: Reprodução).

“Eu rodo a cidade com a chave e o cachimbo no bolso, porque ainda tenho esperança de recuperar ela. A placa é de Paranaíba, HTF 3212”, avisa.

Até agora, ele diz não entender como o veículo desapareceu da garagem. “Deu para ver pela câmera do vizinho que um casal chegou em outra moto e conseguiu arrastar a minha para fora. Depois, sumiu. Eu tinha colocado um super cadeado, tirei o cachimbo para ela não pegar, mesmo assim, roubaram”, conta.

Personagem querido de bares da região central, a ajuda pode vir da clientela do Bar Maracutaia, que lançou uma enquete para descobrir quem está interessado em entrar na “vaquinha” para comprar uma moto nova e dar ao cara que, há 33 anos, vende de tudo na noite de Campo Grande.

Na enquete, 75% dos participantes já toparam doar algo e agora, o bar vai estabelecer como essa campanha será feita e depois, divulgará as regras também nas redes sociais.

Dias tristes

A moto é importante, mas outra perda faz Paraíba até chorar. Há cerca de um mês, a mãe, dona Antônia, morreu. “Foi o momento mais triste da minha vida. Ela era tudo para mim e sofreu muito nos últimos dias”, lamenta.

Rinaldo dos Santos Ramos, hoje com 51 anos, virou “Paraíba” aos 18 anos, quando deixou o Nordeste para tentar emprego em Mato Grosso do Sul. “Minha história rendia novela”, comenta.

O primeiro trabalho foi em um dos supermercados da extinta Rede Soares. Depois, sem emprego, começou a ajudar um amigo a vender colares e pulseiras da modinha dos anos 1980, aquelas com letrinhas para montar bijuteria.

De lá para cá, a tecnologia tomou lugar na mochila como principal fonte de renda de Paraíba. “Eu vendo de tudo: pen drive com músicas, cabo de celular, bateria portátil, cigarro eletrônico...”

Depois dos ladrões invadirem a casa, para voltar a trabalhar, ele teve de alugar outra moto, por R$ 50,00. “Até porque também faço entregas, começo a trabalhar de manhã e só paro de madrugada. Isso de domingo a domingo”, garante.

Cheio de energia, também diz que era atleta de rua. Corria entre 15 e 21 quilômetros, até quebrar a perna. “Hoje, 5h30, meu café da manhã é na Afonso Pena, para me exercitar e me recuperar para voltar a correr”, diz.

Para quem quiser ajudar Paraíba, a vaquinha ainda será lançada pelo Bar Maracutaia (clique aqui). E desde já, ele agradece. “Sou um homem que não tem vício e faço tudo com vontade. Meu coração é bom”.

Para quem quiser ajudar Paraíba, a vaquinha ainda será lançada pelo Bar Maracutaia.
Para quem quiser ajudar Paraíba, a vaquinha ainda será lançada pelo Bar Maracutaia.

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