Dos vivos para os mortos: rituais e objetos expressam fé e saudade em túmulos
Flores e objetos viram alegorias e retratam diversidade nas expressões neste Dia de Finados
Neste Dia de Finados (2), os cemitérios viram alegorias das mais diversas crenças e manifestações de fé e saudades. Uma delas foi ritualizada em cima do túmulo de familiares da vigilante Marlene Avalo, 40.
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No Dia de Finados, cemitérios de Campo Grande tornaram-se palco de diversas manifestações de fé e saudade. Entre os rituais observados, destaca-se o da vigilante Marlene Avalo, que manteve a tradição familiar de oferecer água em copos para familiares falecidos no Cemitério Santo Amaro. No Cemitério Memorial Park, homenagens emocionantes incluíram objetos pessoais deixados em túmulos, como uma boneca e mamadeira sobre o jazigo da menina Cecília Vitória. A prática de levar flores, embora originalmente associada a culturas pagãs, foi incorporada por diferentes religiões, evidenciando a diversidade de expressões de luto e memória.
Ela "matou a sede" da mãe e de dois tios que estão sepultados no Cemitério Santo Amaro, em Campo Grande, porque o dia está quente. A cena foi curiosa: sozinha e sentada no túmulo, a mulher abre uma garrafa com água e enche três copos de plástico.
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Marlene deu de beber simbolicamente aos entes queridos porque acredita que eles sentem o que os vivos também sentem. "Minha mãe me ensinou e hoje estou aqui entregando um copo a ela", conta.
A filha lembra de ter acompanhado várias visitas em que a mãe acendeu cigarros para os finados fumantes e levou latas de cerveja para os que gostavam muito de beber quando estavam vivos. "É uma tradição de família", reforça.
Ela até conta uma história sobre o mistério que acredita envolver vivos e mortos. "Nas primeiras semanas depois da morte da minha mãe, eu servia água no túmulo dela e saía para visitar os túmulos de outros parentes. Quando voltava lá, o copo estava vazio", diz.
Pertences - No Cemitério Memorial Park, também na Capital, uma das homenagens mais tocantes foi feita sobre o túmulo de Cecília Vitória, que tem a foto de uma menina sorridente. Foram deixadas uma boneca num carrinho e uma mamadeira que provavelmente foi usada pela criança.
No mesmo cemitério, a memória do maçom Raurino Neres da Silva foi celebrada com uma caricatura simpática e a frase "Quem tem amigos, nunca morre".
Mais comum, o gesto de levar flores foi incorporado por religiões ao longo do tempo, mas antes era atribuído a culturas pagãs pela Igreja. Essa manifestação faz um túmulo simples ficar mais bonito no Cemitério Santo Amaro. Mas em contraste, o mesmo local tem outros túmulos quebrados e esquecidos.
Por curiosidade - Claudia Moreira da Silva, 30, é estudante do curso técnico de auxiliar de necropsia, uma área que pouca gente encara. Ela morava em São Gabriel do Oeste e se mudou há apenas uma semana para Campo Grande.
Ela visitou o cemitério pela primeira vez hoje, só por curiosidade. Aproveitou e chamou o pai ao saber que os restos mortais da avó estão no Cemitério Santo Amaro há 50 anos.
Mas pai e filha não conseguiram encontrar o túmulo. Andaram por todo o cemitério e desistiram. Para não perder a visita, acenderam uma vela pela lembrança da matriarca no cruzeiro e foi esse o ritual possível.
O que eles não sabiam é que funcionários do cemitério ajudam na procura e podem ser acionados na entrada do cemitério. Outra opção é consultar no sistema de busca da Prefeitura de Campo Grande, no caso dos que são públicos.
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