Jailda descobriu paixão por atuar aos 59 e estreou como protagonista
Aos 59 anos, terapeuta se redescobriu e assumiu papel principal em musical que homenageia Tia Eva
Aos 59 anos, Jailda Ferreira Farias descobriu na arte de atuar uma nova paixão. E logo na estréia nos palcos, a terapeuta e estudante de psicologia se viu diante do primeiro grande e importante desafio. À ela, foi confiada a missão de interpretar Tia Eva, no musical sobre a vida da líder quilombola que deixou um legado de força, fé e resistência em Mato Grosso do Sul.
“Eu sempre atuei no gospel, cantava na igreja, mas teatro mesmo, nunca tinha feito. Só que eu acredito que, quando a arte está dentro da gente, fica meio escondida. Quando desperta, é só desenvolver. É como se fosse um dom”, conta Jailda.
A musicalidade sempre correu na veia da família. O pai tocava violão e moda de viola, dom que foi passado aos filhos, que são músicos em Campo Grande. Segundo ela, até o netinho, de apenas dois anos, já mostra ritmo. “A música sempre esteve presente na nossa família, mas atuar nunca passou pela cabeça”, afirma.
A conexão com o teatro veio pelas mãos do diretor do musical, Fernando Fernandes, um amigo de longa data. Quando ele fez o convite para o papel, Jailda conta que não tinha ideia do que a esperava. “Eu falei que não tinha noção do que fazer, daí ele me mandou estudar. Foi quando comecei a pesquisar a vida da Tia Eva e me encantei”, relata.
Ao estudar mais sobre a líder quilombola, Jailda encontrou pontos de identificação. “Eu criei meus dois filhos na raça, sem uma rede de apoio, assim como ela. Tia Eva também defendia as filhas dela com unhas e dentes. Me identifiquei muito”, pontua.
A cada documento que lia, Jailda mergulhava cada vez mais na história da mulher que se tornou referência de luta em todo o Estado. Ao todo, foram seis meses de estudo intenso e ensaios duas vezes por semana.

Para Jailda, o maior desafio foi se colocar como protagonista. “Eu sou bem recatada. Na minha criação, a gente não podia responder ninguém, tinha que abaixar a cabeça. Eu só percebi que fazia isso quando o Fernando falou: ‘Você é protagonista, tem que erguer a cabeça”, conta.
A dificuldade em decorar as falas também exigiu dedicação. “Eu comecei digitando o script, depois copiava tudo várias vezes à mão. Foi assim que decorei. Mas não foi só decorar por decorar, foi um estudo para sentir o ambiente, viver a cena”, explica
A estreia como atriz foi emocionante, principalmente quando um descendente direto de Tia Eva a abraçou. “Ele me disse que até o tom da minha voz parecia com a bisavó dele. Foi uma resposta pra mim, uma confirmação da minha entrega”, avalia.
Sobre seguir na carreira artística, Jailda ainda não tem certeza. “Eu não pensei nisso ainda. Vamos ver os desafios que surgirem. Agora, já tenho um pouco de experiência, então fica mais fácil de encarar”, finaliza.
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