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Comportamento

Mãe e filha se apoiam e encontram nas agulhas de costura um recomeço

Costura Sustentável transformou a vida de duas mulheres em Bataguassu

Por Thailla Torres | 12/05/2025 08:35
Mãe e filha se apoiam e encontram nas agulhas de costura um recomeço
Hoje, Marlúcia e Isabeli costuraram mais do que tecidos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Em Bataguassu, uma cidade onde as ruas ainda carregam o nome das famílias que ajudaram a erguer os primeiros quarteirões, Marlúcia e Isabeli costuraram mais do que tecidos: entre um ponto e outro, foram remendando planos, autoestima e futuro.

Isabeli é mãe de três. Duas meninas pequenas, um bebê de quase dois anos e uma rotina onde a casa vira mundo, e o mundo, às vezes, se fecha em quatro paredes. Uma das filhas foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista. Foi ali, entre cuidados constantes e noites mal dormidas, que começou a aflorar a angústia. A sensação de estar parada enquanto a vida acelerava.

Mas, como em toda boa história de renascimento, havia uma mãe. Marlúcia foi insistindo, e com amor, com firmeza, com café passado na hora certa, que ela convenceu Isa a tentar algo novo.

A novidade veio com o nome de Costura Sustentável, um projeto que parece nome de política pública, mas que ali, para elas, virou quase que um ritual de encontro. Organizado pela MS Florestal dentro do programa Bracell Social, com apoio do Sebrae e da prefeitura, o curso ensina mais do que cortar e alinhavar: ensina a recomeçar.

“Eu fui com uma amiga só pra ver como era”, conta Isa. “Na primeira aula, já mandei mensagem pra minha mãe dizendo que amei. Era como se eu tivesse encontrado algo que estava me esperando.” Marlúcia estava viajando com o marido quando recebeu a mensagem. “Ele me incentivou. A gente combinou de se revezar: de manhã eu ficava com as crianças e ela ia. À noite era a minha vez. Quando uma queria desistir, a outra puxava de volta.”

Mãe e filha se apoiam e encontram nas agulhas de costura um recomeço
Hoje, Marlúcia chama o curso de vitória ao lado da filha.

Costuravam, no fundo, uma pela outra

Hoje, Marlúcia chama o curso de vitória. “Sempre apoiei os projetos do meu marido, os sonhos dos meus filhos. Esse é meu. Minha conquista”, diz, com aquele brilho nos olhos de quem sabe o que significa voltar a sonhar depois dos cinquenta.

Sem máquinas industriais, mas com muito cuidado, ela faz consertos. Um zíper aqui, uma barra ali. “Gosto de transformar o que já existe. É meu jeito de contribuir, e já virou fonte de renda.”

Isa também descobriu sua paixão. “Era só um escape. Agora virou projeto. Eu vejo possibilidades.” Mesmo com a rotina puxada, com a filha que exige atenção redobrada, ela conta com uma rede de apoio que inclui as cunhadas, o marido e, claro, a mãe. “Sem ela, eu não tinha ido nem no primeiro dia.”

Para Edvaldo Araújo Lima, que coordena o Costura Sustentável, histórias como a delas são o que sustentam o projeto. “Hoje temos 21 mulheres participando. São trajetórias que se cruzam, se amparam, e fazem a diferença nas casas e nos bairros onde vivem.”

É disso que se trata o Bracell Social, braço de responsabilidade da Bracell, que investe em ações voltadas para educação, bem-estar e empoderamento, conceitos que, na prática, se parecem muito com o que Marlúcia e Isa vêm fazendo: criando futuro com o que têm nas mãos.

E a MS Florestal, empresa que atua com manejo de eucalipto e preservação ambiental no Estado, acredita nisso: que cuidar da terra é também cuidar das pessoas que nela vivem.

Hoje, entre retalhos, filhos e força de vontade, mãe e filha seguem alinhavando suas vidas. Cada ponto firme é também uma resposta: sim, ainda dá tempo de se redescobrir. Sim, é possível começar outra vez. E, talvez, só talvez, tudo isso tenha começado com uma mãe dizendo: “vai lá, filha, tenta. Eu seguro aqui.”

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