Mané Caixinha é baú de histórias de um Santa Luzia “cheio de encrenca”
Moradores acham que Mané Caixinha merece estátua por ser memória viva das histórias do bairro
Todo mundo conhece alguém que sabe de tudo no bairro, no Santa Luzia, quem quiser saber a história da região, deve ir até a Rua Santa André, 734. O endereço é onde está localizado o boteco do Mané Caixinha, o morador que já viu e ouviu de tudo.
Manoel Antônio de Oliveira, de 86 anos, conhecido pelos moradores como Mané Caixinha, assegura que a história do Bairro Santa Luzia é “cheia de rolo” e mais antiga que ele. O apelido, que ganhou na infância de um padre, pegou fama e virou referência para quem vive nas proximidades.
Natural do estado da Bahia, aos 18 anos, ele veio sozinho para Campo Grande, onde constituiu família e montou o próprio negócio. O Mané Caixinha garante que, desde 1974, está envolvido nos principais acontecimentos do Santa Luzia, período em que começou a morar no bairro.
De acordo com ele, os eventos marcantes são acompanhados por confusões. “O pessoal que morava na favela lavava as roupas, colocava no arame e um capataz passava por ali e derrubava tudo no chão. Era aquela encrenca, o pessoal vinha reclamar pra mim”, afirma.
Como presidente do bairro na gestão de 1988 a 1990, problema foi o que não faltou para resolver. Na época, ele ajudou a criar a linha de ônibus da Vila Marli e a Escola Municipal Professora Elizabel Maria Gomes Salles.
A última conquista é motivo de orgulho para ele. “Eu gosto muito da escola, ela foi invenção nossa, minha e da associação de moradores. Não tinha nenhuma aqui e as crianças sofriam muito”, relata.
Mesmo sendo querido no bairro, o dono do bar conta que já teve problemas com algumas pessoas. O episódio mais marcante aconteceu depois que Manoel pediu para o secretário de Justiça da época fechar um clube.
Segundo ele, toda semana os frequentadores do local brigavam entre si. “Tinha muito esfaqueamento ali entre os moleques e eu consegui fechar. Depois, o pessoal ficou bravo, falaram que iam me pegar, me dar uma surra, mas não conseguiram não”, lembra.
Pelas contribuições feitas para melhorar o bairro, Manoel acredita que merece ganhar uma estátua. “Durante muitos anos, eu trabalhei e lutei para as coisas funcionarem por aqui. Muitas pessoas ainda me agradecem e me procuram para reclamar das coisas”, conta.
Questionado sobre qual lugar do bairro ele acha que a estátua deveria ficar, ele responde sem ter dúvidas. “Teria que colocar na escola, porque eu gosto muito de lá”, finaliza.
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