Menina inventa brincadeiras para fazer feliz quem tem paralisia cerebral
Um círculo de cadeiras em volta de uma menina que tem o tamanho ou chega a ser até menor daqueles que a cercam. Desde janeiro, a pequena Stela tem mudado um pouquinho da rotina da Cotolengo, instituição que acolhe e atende crianças e adultos com paralisia cerebral. Ela só tem 8 anos e a cada sexta-feira, leva lousa, canetão, livros, música e brincadeiras na bagagem.
"Hoje eu vou fazer a experiência da teoria do alcance", nos revela Stela Alonso Matoso. Em volta de uma Galinha Pintadinha de pelúcia estão duas faixas de velcro. A brincadeira aprendida com o médico pediatra que a atende será usada para estimular os seus novos amigos.
"Ao invés de grudar as duas, a gente coloca uma na mãozinha das crianças. E assim ela pode aprender a pegar, puxar, jogar", explica passo a passo.
O convite surgiu da própria instituição, depois que a menina postou no Facebook que tinha escrito um livro. "Cotolengo que me chamou para eu vir anima as crianças e eu gosto de fazer brincadeira com meus amigos, então aceitei. O que eles têm de diferente? Nada. Só paralisia cerebral mesmo, o resto é perfeito", nos ensina.
As historinhas dos livros ou da própria imaginação, não foram ensinadas por ninguém. De jaleco, como uma mini professora, Stela se diverte interagindo nas brincadeiras. Desde sempre a menina esteve ligada à instituição. Quando menor, aprendeu em casa que ao ganhar um presente, alguma coisa tinha de sair e o destino, muitas vezes, era o Cotolengo.
A família conta que das historinhas e brincadeiras com fantoche, a menina vou acrescentando às suas atividades, aquilo que ouve dos mais experientes. "Quando ela conversa com pessoas mais velhas e que ficam perguntando o que ela faz, ela conta. Então ela pergunta para o pediatra e eles explicam que essas crianças vão responder a estímulos feitos com paciência e amor", diz a mãe, que prefere deixar o protagonismo da história com a filha.
Stela aprendeu que ali são novos amigos que ainda não consegue, às vezes, falar e andar. Professora há 10 anos na instituição, Diva Oliveira de Alcântara, de 47 anos, descreve que as tardes passadas assim, são muito proveitosas.
"Ela faz um trabalho bem rico e por ser criança, da idade de algum deles, a interação é maior, porque nós adultos, não conseguimos chegar na mesma dimensão que ela", compara.
As crianças e adultos ali não tiram os olhos da menina e interagem com sorrisos e até desenhos e letras na hora de exercitar na lousa. "A gente vê no olhar dela que ela ama o que faz e neles, percebemos um avanço, de pegar as coisas com a mão, de participar", conta Diva.
Desde o meio da semana, Stela já pergunta à mãe se chegou a sexta-feira. A menina que sonha em ser médica, cientista e astronauta, mal sabe, mas está trazendo mais do que sorrisos, estímulos.
Curta o Lado B no Facebook.