Produto criado em MS virou item de beleza ‘indispensável’ de Katy Perry

Existe uma conexão entre a cantora norte-americana Katy Perry, o Prêmio Nobel de Química e Mato Grosso do Sul: um produto que não pode faltar nos cuidados diários com a pele da artista, desenvolvido no estado sul-mato-grossense.

Recentemente, Katy Perry participou do quadro “Inside My Bag” (Dentro da Minha Bolsa, em tradução livre) da revista Vogue britânica, onde a artista mostrou os produtos de beleza que sempre carrega com ela. Entre eles, revelou usar o One Skin, um creme anti-idade.

O principal ingrediente utilizado no produto desenvolvido pela marca americana é um peptídeo (biomolécula formada pela ligação de dois ou mais aminoácidos, resultante do processamento de proteínas).

Essa biomolécula foi desenvolvida no INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia), liderado pela UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), inspirado em tecnologias desenvolvidas por um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Química de 2024, David Baker.

O diretor do Bioinspir (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) da UCDB e responsável pelo desenvolvimento do produto, Octávio Franco, detalha que a molécula, em vez de atingir várias células da pele, atinge exatamente a célula senescente, que causa o envelhecimento, reduzindo a flacidez e mantendo o aspecto de "pele de bebê".

O profissional revela que seu foco nunca foi atingir os artistas, mas ficou feliz com a repercussão do produto, que também traz visibilidade ao trabalho desenvolvido no Estado.

“Eu sempre quis ajudar as pessoas. Ao desenvolver isso, percebi que podia ajudar as pessoas de outra forma. Nesse caso, não estou curando ninguém, mas estou ajudando as pessoas a se sentirem mais bonitas e, por consequência, a serem mais felizes e saudáveis”.

O produto não está disponível no Brasil, mas ainda é possível adquiri-lo por meio do site da empresa.

Moléculas inspiradas

A "bioinspiração" consiste no trabalho de cientistas com moléculas que já estão presentes na natureza e, a partir da análise de genomas, proteomas e afins, redesenham essas moléculas utilizando técnicas de bioinformática.

Para isso, o INTC-Bioinspir criou um banco de dados de peptídeos com milhares de informações sobre plantas, animais e microrganismos, principalmente do Pantanal e do Cerrado, que serve como base para diversas pesquisas em andamento.

Até agora, apenas duas moléculas resultaram em produtos viáveis: uma delas é o peptídeo anti-idade utilizado pela One Skin, que já está no mercado. A outra é uma molécula para o tratamento da mastite bovina, uma doença que causa a inflamação do tecido da glândula mamária das vacas.

Os profissionais também estão trabalhando em outras pesquisas que estudam cicatrizantes para pets e humanos, moléculas para produção de frango, infecção hospitalar, resposta imune, cosméticos inteligentes e proteínas inteligentes.

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