"Até adesivo 11 colocamos", protesta 2ª comunidade despejada pela prefeitura
Famílias até plantarem horta comunitária, porque dizem que durante a campanha prometeram regularização da área
Aproximadamente 50 famílias que viviam em área do Jardim Tarumã, próximo das indústrias instaladas na saída para Sidrolândia, em Campo Grande, estão com data e hora para deixarem o local. Com aviso da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), viaturas da Guarda Municipal e máquinas derrubando construções no entorno, eles têm que sair até o meio dia dessa sexta-feira (1º).
RESUMO
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Aproximadamente 50 famílias que viviam em uma área pública no Jardim Tarumã, em Campo Grande, foram notificadas para deixar seus barracos até o meio-dia desta sexta-feira (1º). A Prefeitura justifica a ação como parte da expansão do Polo Industrial da cidade, alegando que a área é pública e que alguns indivíduos estavam vendendo lotes ilegalmente. No entanto, os moradores afirmam ter investido em suas casas, alguns há 9 anos, e que funcionários da prefeitura haviam garantido a regularização da área. As famílias relatam terem sido surpreendidas pela demolição de suas casas e não sabem para onde ir, enquanto a Prefeitura ainda não se manifestou sobre as promessas de regularização e os motivos para a desapropriação imediata.
Os moradores se consideram "enganados". Segundo eles, tem gente morando ali há pelo menos nove anos. Durante a campanha para a prefeitura, eles contam que ficaram tranquilos ao ouvir que nada mudaria caso Adriane Lopes (PP) fosse reeleita e que tudo seria regularizado.
“Uns assessores da prefeita Adriane Lopes vieram até aqui, meses atrás, dizer que ninguém mexeria com a gente. Era só não ter aumento de famílias. Até adesivo da campanha dela colocamos, por ter acreditado. Por isso investimos, até uma horta plantamos aqui e estávamos esperando. Hoje as patrolas já derrubaram as cercas e temos que sair até amanhã”, disse revoltada Stefanny da Silva, 25 anos, mãe de duas crianças.
Questionada sobre o que fazer depois do prazo, a mãe de duas crianças disse que vai “pegar o que sobrar e construir outra casa, porque não temos para onde ir. Vamos continuar aqui”.
Uma das únicas pessoas que chegou a construir uma moradia de alvenaria foi a primeira a ter a casa parcialmente destruída. O homem preferiu não se identificar à reportagem, mas lamentou a situação que enfrenta com a família. “Aqui era um lugar de entulho, contratamos uma caçamba para limpar e construir. Foram mais de 10 mil investidos e não tenho onde ficar, vou para casa de estranhos. É um sentimento de perda gigante”, desabafou.
Ao Campo Grande News, a equipe da prefeitura disse que a área é pública e faz parte da expansão do Polo Industrial do município. Porém, algumas pessoas estão vendendo lotes da área ilegalmente, por até R$ 5 mil, levando muitos a comprarem, e os que não moram ali “apenas marcam o terreno para não perder”.
Mas a comunidade nega. Com um dos braços quebrados e um cachorro para cuidar, Jefferson dos Santos de Souza, 41 anos, é um dos moradores mais antigos na área e não sabe para onde ir. “Eu sou trabalhador, cheguei a ser registrado pelo Censo, morando aqui. Se derrubarem minha casa, vai eu e o cachorro morar na beira da estrada”, declarou e apontou para a BR-262 ao lado.
O que a prefeitura diz - Essa é a segunda desocupação do dia. A primeira ocorreu no Caiobá. A secretaria informa que foi realizada uma ação de desocupação em área pública na região do Jardim Tarumã, após denúncia de invasão. A ação foi acompanhada pela responsável por fiscalizar do uso adequado das áreas públicas, em cumprimento à legislação municipal conforme o Código de Polícia Administrativa – Lei n. 2.909. De acordo com o Artigo 5º, § 2º: "Verificada a invasão de logradouro público, o Executivo Municipal promoverá as medidas judiciais cabíveis para pôr fim à mesma".
É dito ainda que "durante a ação, foi identificado apenas barracos com estruturas em fase inicial de construção, sem configuração de moradia, além de cercas ao longo da área, as quais foram removidas. Não havia famílias residindo no local".
A Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) acompanhou a operação e informou que as pessoas envolvidas podem procurar a agência para verificar se estão aptas a integrar programas emergenciais de habitação.
Primeira ação - Famílias que estavam construindo casas em um terreno público no Portal Caiobá, em Campo Grande, foram surpreendidas na manhã desta quinta-feira (31) por uma patrola que demoliu suas moradias.
Segundo a Semadur, o terreno é de área pública e as famílias invadiram o local recentemente. Os moradores alegam que investiram seus recursos na construção das casas e que não receberam nenhum aviso prévio da demolição. A Prefeitura de Campo Grande ainda não se manifestou sobre o ocorrido.
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