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Diversão

Antiga olaria vira destino turístico para ter “vida de peão” por um dia

Passeio é imersão ao estilo de vida do homem pantaneiro, com contação de histórias e experiências sensoriais

Por Idaicy Solano | 13/11/2024 07:14

Uma fazenda localizada na borda do Pantanal sul-mato-grossense oferece uma imersão no estilo de vida do homem pantaneiro, repleta de contação de histórias, lendas e experiências sensoriais, com cheiros, texturas, cores e sabores do Pantanal. A decoração rústica, a comida servida no fogão à lenha e os guias vestidos com trajes tradicionais de peões de comitiva completam a estética pantaneira raiz, enriquecendo ainda mais o passeio.

A fazenda Pantanal Experiência fica a 20 quilômetros de Miranda e a 195 quilômetros de Campo Grande. O trajeto é feito pela BR-262, e o acesso à propriedade fica no km 542. Após sair da BR, são mais quatro quilômetros em uma estrada de chão bem conservada.

A propriedade possui 143 hectares e está localizada na região do Agachi, um dos principais polos de produção de cerâmica do Estado, famoso pela qualidade inigualável da argila. Nos anos 1950, a fazenda funcionava como uma olaria, e sua estrutura original foi mantida, possibilitando aos visitantes conhecer um pouco da cultura da cerâmica local.

O galpão principal conta com cinco fornos de cerâmica, sendo que três deles são aproveitados para o turismo. Um foi transformado em espaço de convivência, para reuniões e eventos, com redário, mesas e bancos; outro serve como local para descanso; e o terceiro é um museu, com fotografias, documentos e peças de cerâmica, que contam a história da olaria no Estado.

Um detalhe interessante é que a estrutura do piso dos fornos é feita de tijolos vazados, permitindo a passagem de um túnel por baixo, que suga o ar quente para as torres de chaminés da antiga fábrica. Assim, independentemente da temperatura externa, o interior dos fornos está sempre fresco, o que os torna ideais para descanso. As grandes chaminés podem ser observadas logo na chegada à propriedade.

Comida e lanche da tarde são servidos no fogão à lenha (Foto: Barbara Campiteli)
Comida e lanche da tarde são servidos no fogão à lenha (Foto: Barbara Campiteli)
Um dos cinco fornos da antiga olaria virou espaço fresco para descanso (Foto: Barbara Campiteli)
Um dos cinco fornos da antiga olaria virou espaço fresco para descanso (Foto: Barbara Campiteli)

A sócia-proprietária da fazenda, Carmen Omizolo, de 61 anos, explica que quando chegou no local, a fazenda era improdutiva, então começaram a trabalhar as potencialidades da propriedade.

A principal atividade econômica é a piscicultura, então durante o passeio, os turistas passam pelos 23 tanques de criação de pacu e pintado, que são utilizados tanto nos pratos preparados na fazenda para servir aos visitantes, quanto para abastecer restaurantes de municípios vizinhos.

A fazenda também é autossustentável. Lá é desenvolvido atividades de agropecuária com cria, recria e engorda, criação de codornas, plantação de hortas e árvores frutíferas, que são utilizadas na alimentação, e duas estações de captação de energia, através de placas solares, que servem para abastecer a fazenda.

Ao observar o potencial turístico do local, Carmen conta que eles adquiriram a outra parte da fazenda, onde funcionava a olaria, e passaram a reformar o espaço para transformar em destino turístico.

“Aos poucos nós fomos pegando a estrutura que já existia e melhorando, sem destruir a originalidade, aquilo que já era daqui do local. O barracão a gente está reestruturando ele aos poucos, mas sempre mantendo a originalidade”, detalha.

Outra curiosidade é que foi liberado pelo governo desmatar 70% da área, mas desmataram apenas 30%, e toda a madeira foi utilizada para fazer as decorações do galpão, onde ficam os fornos da olaria, cozinha, espaço para descanso e refeitório.

Redário fica ao lado de currais, com algumas espécies de pôneis e cavalos (Foto: Barbara Campiteli)
Redário fica ao lado de currais, com algumas espécies de pôneis e cavalos (Foto: Barbara Campiteli)
Fazenda está localizada em uma região de cultura indígena forte, o que pode ser observado nas decorações (Foto: Barbara Campiteli)
Fazenda está localizada em uma região de cultura indígena forte, o que pode ser observado nas decorações (Foto: Barbara Campiteli)
Forno da antiga olaria agora guarda museu que conta pedaço da história da cerâmica na região do Agachi (Foto: Barbara Campiteli)
Forno da antiga olaria agora guarda museu que conta pedaço da história da cerâmica na região do Agachi (Foto: Barbara Campiteli)

Passeios 

O carro-chefe da fazenda é o passeio 100% Peão, que consiste em uma cavalgada às margens do córrego Agachi, para experienciar a lida do homem pantaneiro. Junto com a atividade, está incluso café da manhã, almoço e lanche da tarde.

O café da manhã é servido às 7h45, com café preparado em um fogão de cupinzeiro, tradicional do Pantanal. Os turistas podem se deliciar com chipa, sucos feitos com as frutas da estação, pão e bolo.

Após o café, inicia a cavalgada. Os cavalos são mansos e fáceis de domar, até mesmo para quem não tem experiência de montaria. O passeio é guiado por Edson dos Santos Rocha, que foi peão de comitiva por muitos anos, e se tornou guia de turismo em 1994. Rico em conhecimento, Edson leva os turistas em uma imersão à rotina das comitivas.

Durante o trajeto, Edson faz questão de compartilhar saberes sobre o Pantanal, fazendo paradas estratégicas para apresentar árvores e frutas nativas do bioma, enriquecendo ainda mais o passeio.

Durante passeio, Edson apresenta várias frutas, árvores e plantas nativas do Pantanal; na imagem, ele mostra a floração da palmeira do acuri (Foto: Barbara Campiteli)
Durante passeio, Edson apresenta várias frutas, árvores e plantas nativas do Pantanal; na imagem, ele mostra a floração da palmeira do acuri (Foto: Barbara Campiteli)
Os turistas são convidados a participar de experiências sensoriais com cheiros, texturas, cores e sabores do Pantanal (Foto: Barbara Campiteli)
Os turistas são convidados a participar de experiências sensoriais com cheiros, texturas, cores e sabores do Pantanal (Foto: Barbara Campiteli)

O trajeto passa por dentro da mata preservada da propriedade, com direito a parada no ponto de almoço das comitivas, e passagem por dentro do açude com os cavalos. Para completar a experiência da lida, os próprios turistas recolhem o gado do pasto, para levá-los aos currais, com auxílio dos guias Edson e Guilherme.

Após a cavalgada, é feita a parada para o almoço, em que é servido comidas típicas de comitiva. O almoço é servido em fogão de lenha, e o guia Edson explica que na lida, há regras para comer, e faz uma breve apresentação de como os peões de comitiva servem a comida, convidando os turistas a imitarem as regras.

Após a sesta, a visita continua no período da tarde, com passeio de carruagem pela propriedade. A carruagem é puxada por um trator, e o passeio é feito bem na divisa entre o Pantanal e o Cerrado, podendo ser observado os dois biomas.

Durante o trajeto, Edson faz algumas paradas para apresentar árvores e plantas nativas e suas propriedades medicinais, além de passar em um cemitério antigo, que existe há mais de 100 anos na propriedade. O passeio termina de volta ao galpão, onde é servido lanche da tarde aos turistas, e oferecido a atividade de pesque e solte.

Cavalgada por dentro da mata preservada da propriedade (Foto: Barbara Campiteli)
Cavalgada por dentro da mata preservada da propriedade (Foto: Barbara Campiteli)
Ao final da cavalgada, os turistas são responsáveis por tocar o gado (Foto: Barbara Campiteli)
Ao final da cavalgada, os turistas são responsáveis por tocar o gado (Foto: Barbara Campiteli)

Outra opção de passeio é a trilha Cheiros e Sabores do Pantanal. O passeio é feito a pé pela propriedade, e passa pela horta, locais de plantação de árvores frutíferas e pela mata. Durante o trajeto, Edson colhe os temperos e as frutas da estação, e entrega para os turistas sentirem o cheiro, a textura e o sabor.

A propriedade tem plantado bacupari, acaiá, uva-do-mato, maracujá selvagem, jamelão, jenipapo, bocaiuva, acuri, goiaba, goiaba araçá, jabuticaba, caju e imbaúba. Além disso, a trilha também passa pela mata, onde os visitantes são convidados a sentirem o cheiro das árvores, das madeiras, a tomar água direito do caraguatá (planta nativa) e a experimentar cupins. Quem provou, jura que o inseto tem gosto mentolado.

Outras opções de passeio são o Farm Tour, que consiste em uma visita às instalações da fazenda, visita ao museu de olaria, passeio de carruagem, pesque e solte e lanche da tarde; ou a experiência Comitiva Raiz, passeio de dois dias, com hospedagem inclusa, que é uma versão mais completa e imersiva no dia a dia do homem pantaneiro.

O local também oferece a atividade de observação de pássaros (Birdwatching). A propriedade tem mais de 130 espécies catalogadas, e as saídas acontecem no nascer do sol.

Passeio de carruagem puxada por um trator passa bem na divida entre o Cerrado e o Pantanal (Foto: Barbara Campiteli)
Passeio de carruagem puxada por um trator passa bem na divida entre o Cerrado e o Pantanal (Foto: Barbara Campiteli)
Passeio tem paradas estratégicas, em que Edson apresenta plantas nativas e suas funções; na imagem, ele ensina a como extrair água potável de um caraguatá (Foto: Barbara Campiteli)
Passeio tem paradas estratégicas, em que Edson apresenta plantas nativas e suas funções; na imagem, ele ensina a como extrair água potável de um caraguatá (Foto: Barbara Campiteli)

Cozinha versátil 

A preparação das refeições fica por conta da cozinheira da casa, Rosemar Vaz. Lá é servido arroz carreteiro, macarrão de comitiva, caribéu pantaneiro, pacu pizza, que consiste no peixe desossado e aberto e recheado com ingredientes de pizza, e uma variedade de outros pratos à base de peixe.

Versátil, Rose também cozinha pratos veganos, vegetarianos, sem glúten e sem lactose, para o público que possui alguma restrição alimentar. Ela explica que a fazenda começou a receber muitos turistas com restrições, por isso, começou a explorar diferentes tipos de culinárias.

Algumas das opções são macarrão de abobrinha, charuto na folha da couve com carne de soja, estrogonofe de grão-de-bico, croquete de quinoa, e outras receitas que a cozinheira vai experimentando.

A fazenda possui um empório, com todo tipo de farinha, castanhas, temperos, além das próprias hortaliças, justamente para poder atender a todo tipo de restrição alimentar.

Pousada

As casas onde os antigos funcionários da fazenda costumavam morar foram reformadas e transformadas em uma pousada. Os quartos são individuais, para casal ou para grupos e famílias de até oito pessoas.

A estrutura conta com ar-condicionado, frigobar, camas de casal e solteiro, televisão, wi-fi, banheiro individual com ducha quente e toalhas.

Os passeios custam a partir de R$ 225 (Farm Tour), e vão até R$ 2.490 (Comitiva Raiz, com hospedagem para duas noites, café da manhã, almoço e janta inclusos). Já a hospedagem na pousada custa a partir de R$ 330.

Para mais informações sobre o tarifário da fazenda, assim como valor dos passeios, e disponibilidade de datas, basta entrar em contato pelo whatsapp, pelo número 67 98401-0132.

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