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Diversão

Campo-grandense conta como é viver o Chile além do cartão-postal

Poucas viagens conseguem encapsular tantas experiências em um só país como o Chile

Por Thailla Torres | 19/02/2025 09:03
Campo-grandense conta como é viver o Chile além do cartão-postal
Lucas flutuando na Laguna Cejar, onde não se afunda

O jornalista campo-grandense Lucas Arruda embarcou em duas viagens ao Chile entre o final de 2023 e o início de 2024 e voltou com muito mais do que fotos de cartões-postais ou relatos de passeios engessados de agências de turismo. Em um país de contrastes extremos, ele se aventurou por experiências autênticas, descobrindo um Chile além do óbvio, e compartilhou essa vivência no Voz da Experiência, do Lado B. Se você também tem uma viagem incrível para contar, seja explorando o mundo ou desbravando as belezas de Mato Grosso do Sul, envie seu relato para Lado B pelo e-mail ladob@news.com.br ou WhatsApp (67) 99669-9563.

Campo-grandense conta como é viver o Chile além do cartão-postal
Lucas registrou vista dos Andes pelo avião. (Foto: Arquivo Pessoal)

Poucas viagens conseguem encapsular tantas experiências em um só país como o Chile. Entre vinhedos acessíveis, cidades vibrantes e paisagens que parecem saídas de outro planeta, o país oferece um convite irrecusável a quem busca aventura, história e bons momentos. No final de 2023 e início de 2024, embarquei duas vezes nessa jornada — cada uma trazendo novas descobertas e um carinho ainda maior por esse país tão diverso.

Primeira viagem: entre o litoral e Santiago

Em novembro, acompanhado do meu companheiro João Pedro, aterrissei no Aeroporto de Santiago. A viagem já estava planejada: as passagens foram compradas em julho por R$ 650 ida e volta, pela JetSmart, partindo de São Paulo.

Sem perder tempo, no aeroporto, retirei o carro alugado pela RentCars. A diária custou R$ 140, totalizando R$ 560 pelos quatro dias. No entanto, um detalhe pegou de surpresa: a caução de US$ 700 (quase R$ 4 mil). Ainda bem que o cartão de crédito segurou a bronca! Felizmente, o valor foi estornado poucas horas após a devolução do carro.

Campo-grandense conta como é viver o Chile além do cartão-postal
Vista da casa-museu de Pablo Neruda em Isla Negra (Foto: Arquivo Pessoal)
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Praia em frente à casa de Pablo Neruda

Nossa primeira parada foi Isla Negra, uma vila litorânea marcada pela presença do poeta Pablo Neruda. Ficamos em uma casa aconchegante dentro de um condomínio charmoso, onde até as ruas levam nomes de seus poemas — um detalhe que deu um tom ainda mais poético à viagem. A diária custou R$ 220.

A gastronomia da região impressiona. Sentamos no restaurante Kaleuche, à beira-mar, para degustar frutos do mar frescos harmonizados com um bom vinho chileno. O preço? Salgado, mas cada centavo valeu a pena. A vista era deslumbrante, e o jantar completo (entrada, prato principal, sobremesa e uma garrafa de vinho) saiu por cerca de R$ 300.

No dia seguinte, visitamos a Casa-Museu de Pablo Neruda, um espaço repleto de memórias e objetos excêntricos que contam a história dos últimos anos do poeta. A entrada custou C$ 9 mil pesos chilenos (cerca de R$ 60) e valeu cada centavo. O tour é guiado por um audioguia e proporciona uma experiência imersiva — imperdível para quem aprecia arte e literatura.

De Isla Negra, seguimos para Valparaíso, cidade boêmia e vibrante, onde ficamos por três dias. Nossa hospedagem foi no Eco Music, um hotel temático onde cada quarto homenageia um artista — o nosso levava o nome de Edith Piaf. Valparaíso é um verdadeiro paraíso do grafite e das ladeiras: cada rua é um convite a se perder entre cores e histórias. Se hospedar no Cerro Alegre foi uma excelente escolha, pois cada esquina revelava novas surpresas artísticas e culturais, um deleite para os olhos.

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Ruas coloridas de Valparaiso
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Ruas coloridas de Valparaiso
Campo-grandense conta como é viver o Chile além do cartão-postal
Ruas coloridas de Valparaiso

No segundo dia, fizemos um bate-volta até Viña del Mar e Concón, onde, finalmente, encarei o mar do Pacífico. O veredicto? Gelado, mas revigorante!

No último dia na cidade, visitamos La Sebastiana, a segunda casa-museu de Neruda que exploramos. Assim como em Isla Negra, cada canto do lugar guarda memórias e uma decoração fascinante, com vistas incríveis da cidade.

De volta a Santiago, devolvemos o carro e nos hospedamos em um apartamento no Airbnb, estrategicamente localizado em frente ao Teatro Municipal. A capital chilena pulsa em contrastes: enquanto Lastarria e Bellavista fervilham à noite com bares e restaurantes, museus como o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu da Memória e dos Direitos Humanos oferecem reflexões profundas sobre a cultura e a história chilena.

Este último, aliás, é um dos mais impactantes que já visitei. Uma lição essencial sobre os horrores da ditadura e a luta pela democracia. Um museu como esse no Brasil seria fundamental, especialmente para aqueles que, ignorando a história, pedem o retorno desse período nefasto. O Chile ensina através da arte, da comida, da resistência e da poesia.

Ainda em Santiago, visitamos a Casa-Museu de Neruda em Bellavista, a que faltava das três que existem no país. A história do local carrega uma melancolia especial, já que foi destruída pela ditadura militar devido ao engajamento político do poeta. Felizmente, anos depois, a casa foi restaurada para preservar sua memória. Também exploramos o Centro Cultural Gabriela Mistral, uma homenagem à escritora chilena e primeira mulher latino-americana a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura.

À noite, Santiago vibra em Bellavista. As ruas são repletas de bares e muita música. Dá para circular até encontrar um ambiente que te chame a atenção, mas é importante lembrar que no Chile é proibido consumir bebidas alcoólicas nas ruas — bem diferente do Brasil. Apesar disso, tudo pareceu muito seguro, e andamos bastante pela cidade.

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Noite em Bellavista, Santiago
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Chegando a San Pedro de Atacama

Segunda viagem: Ano Novo, San Pedro e uma imersão no deserto

O convite veio de uma amiga: passar o Réveillon no Chile. Comprei as passagens em julho por R$ 1.090, novamente pela JetSmart. Em 30 de dezembro, embarquei em uma nova jornada, desta vez com Fernanda e Julio. Celebramos a virada do ano em Bellavista, aproveitando a energia vibrante do bairro.

Nosso roteiro incluiu Valparaíso e Viña del Mar novamente, mas o ponto alto da viagem foi San Pedro de Atacama.

Após devolver o carro em Santiago, pegamos um voo para Calama e seguimos por 100 km até San Pedro, o coração do deserto mais seco do mundo. Pequena, rústica e acolhedora, a cidade parece um cenário de filme, com ruas de terra e casas de adobe. Ficamos em um Airbnb simples, mas aconchegante, onde a anfitriã, Carola, nos recebeu de braços abertos. Os três dias de estadia custaram R$ 1.100.

San Pedro é um convite à aventura. Visitamos o Vale de La Luna, onde a paisagem árida e alaranjada lembra Marte. Depois, nos deliciamos nas Termas de Puritama, piscinas naturais termais que contrastam com o frio cortante dos ventos andinos. Um refúgio de águas quentes e relaxantes.

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Piscina com águas termais e cristalinas no Termas de Puritama
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Voltando do Termas para San Pedro. Ao fundo do deserto, os Andes

Outro destaque foi a Aldeia de Tulor, um sítio arqueológico com ruínas milenares de uma antiga civilização. Uma caminhada pelo deserto nos leva até estruturas circulares de adobe, testemunhas silenciosas de um tempo perdido. Por fim, conhecemos a Laguna Cejar, onde a alta concentração de sal permite que você flutue sem esforço, como no Mar Morto. A experiência foi guiada por Felipe, da Atacama on The Road (Instagram - @atacamaontheroad_), uma agência especializada em atender brasileiros para passeios privados. Além de nos apresentar os encantos da região, Felipe se tornou um amigo para a vida.

A noite em San Pedro também é agitada. Apesar de pequena, a cidade é muito visitada por turistas do mundo todo, mas, em especial, brasileiros. Muitos brasileiros mesmo. A rua principal, Caracoles, e seu entorno, é repleta de bares e restaurantes, para todos os gostos. Até comida brasileira achamos lá. As refeições não são sempre baratas, você vai gastar no mínimo R$ 60 num prato de comida, mas pode acabar sendo mais. Bebidas também são caras, procurem bares com promoções de drink em dobro, vale a pena.

Na última noite, saí sozinho para dançar. Encontrei Felipe no Lola Bar, que, para minha surpresa, tem um karaokê. A playlist? Quase 80% brasileira! Clássicos como Cheia de Manias e Evidências embalaram a noite — claro que cantei junto.

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Festival de teatro na praça principal de San Pedro

Dicas práticas para quem quer explorar o Chile

  • Leve pesos chilenos em espécie, mas o Wise funciona bem para pagamentos e saques.
  • Airbnb e Booking são boas opções de hospedagem, e o Airbnb permite parcelamento.
  • Vinho barato, água cara – Garrafas excelentes por R$ 30, mas uma água de 1,5L custa R$ 15!
  • Alugar carro é vantajoso, mas prepare-se para a caução!
  • O Atacama exige cuidados – Protetor solar, hidratação e roupas leves são essenciais.

Seja nos vinhedos, no caos colorido de Valparaíso ou na vastidão do Atacama, o Chile proporciona uma experiência inesquecível. E uma coisa é certa: ainda voltarei para descobrir mais desse país inesgotável.

Você tem uma viagem incrível ou uma história transformadora e deseja compartilhar na série Voz da Experiência? Envie o seu relato pra gente no e-mail ladob@news.com.br 

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