Se depender de mapa à venda, turista não vai encontrar nada em Campo Grande
Você experimentou pesquisar na internet algo sobre Campo Grande? No site da prefeitura, por exemplo, não tem nada além do "Mapa do City Tour", indicando o trajeto de um passeio que nem existe mais. Então, para ver como um turista se sente aqui na cidade, fomos em busca da maneira mais convencional possível de conhecer um lugar, procuramos um mapa de Campo Grande para comprar.
Olha, foi difícil cumprir a missão. Tem mapa em banca de revista no Centro, mas apenas para aula de geografia, porque para turista não tem informação qualquer sobre pontos turísticos da cidade.
A cidade perde pela falta de informações básicas ao visitante e, no momento, nenhum dos locais de atendimento ao turista tem exemplares disponíveis de algum material que explique como chegar aos lugares interessantes de Campo Grande. Quem desembarca aqui pela primeira vez na cidade, tem de apelar para o "quem tem boca vai a Roma".
No centros que deveriam disponibilizar gratuitamente essas informações, localizados no Aeroporto Internacional de Campo Grande, terminal rodoviário, Morada dos Baís e Feira Central, não há mapas. Em contato por telefone com a Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Ciência e Tecnologia e Agronegócio), a justificativa é que o informativo está em falta e o problema ficará para próxima gestão.
Na Morada dos Baís, a informação é de que falta material desde que ônibus do City Tour parou de circular pela cidade. Os funcionários sugerem a página do serviço na internet que mostra o trajeto que o veículo faz com o turista, no entanto, as informações são insuficientes.
O turista não tem informações básicas de lugares turísticos, transporte público, alimentação, hospedagem ou atrativos.
Eliane Oliveira, de 47 anos, mora na Itália e está ajudando um casal de amigos que deve chegar a Campo Grande em breve, para concluir o processo de adoção. Tarefa difícil, principalmente, à distância. "Eu achei que tranquilamente iria encontrar mapa para um download onde tivesse marcado os pontos turísticos e pelos menos os meios de transporte público, para o visitante saber onde ir a cada lugar. Mas para minha surpresa, descobri que esse mapa não existe", conta.
Ela pesquisou, pesquisou, e o máximo que achou foi uma referência geográfica. "O que existe é uma mapa no site do governo, mas que não tem transporte público e é um material que não serve ao turista", lamenta.
Eliane morou em Campo Grande até 2000, mas vem com frequência ao Brasil. Ela diz que perdeu as contas de quantas vezes escutou das pessoas a reclamação de que a cidade é só um lugar de passagem para o Pantanal e outras cidades turísticas do Estado. "Como manter uma pessoa na cidade, se o lugar não dá nenhuma estrutura? Pra começar, a pessoa não tem nenhum transporte público decente do aeroporto para o centro da cidade, além de táxi", comenta.
Ela ainda compara a experiência com outros lugares do País e da Europa, onde as informações são gratuitas e o turista fica bem localizado. "Em todas as cidades turísticas que você vai e chega, seja na estação ferroviária ou aeroporto, há sempre balcão e a primeira coisa é achar um mapa completo. Em Campo Grande não tem um mapa ou site preparado que diga onde comer, ir com as crianças, se hospedar ou o que fazer"
Para ela falta preparo quando o assunto é turismo e a falta de experiência com quem sabe viajar. "A minha crítica é para quem faz parte desse grupo que cuida disso, porque não é possível que você receba na sua cidade um turista e não dê o básico a ele. O turista acaba indo sem nada e precisa contar com a ajuda de outras pessoas que façam um levantamento de tudo o que fazer por aí. Existe um abismo de diferença de qualidade de informação em Campo Grande", acredita.
Onde encontrar? Em bancas de revista, não há mapas ou publicações com indicações básicas e suficientes. O máximo que o turista ou morador pode conseguir é uma planta de Campo Grande com informações de bairros e ruas, o que custa em média R$ 18,00.
Dono de um banca de revista há 36 anos na Rua 13 de Maio, Reginaldo Tamaciro, diz que o problema é antigo e a planta é a única coisa disponível. "Antigamente tinha uns informativos gratuitos que a gente deixava aqui, mas um mapa completo e atualizado faz muito tempo que a gente não vê. Isso daí deveria ser feito lá no atendimento ao turista, toda vez que aparece alguém a gente sugere ir até lá", explica.
Os lugares onde encontramos mapa da cidade é na Banca de Revista Pop, que fica na Rua 13 de Maio, 2459, e na Central de Revistas, 2763.