Depressão também sorri e por isso é tão difícil de perceber
Mesmo sorrindo e mantendo a rotina, quem enfrenta a doença pode ocultar um profundo sofrimento interno

Depressão não é só tristeza e desânimo. Muitas vezes, a doença surge quase silenciosa, escondida atrás de sorrisos e rotinas aparentemente normais. Existem pessoas que vão ao trabalho todos os dias, conversam, riem e cumprem suas tarefas, mas carregam dentro de si um sofrimento que passa despercebido até pelos mais próximos.
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A depressão é uma doença que vai além da tristeza aparente, podendo se manifestar de forma silenciosa mesmo em pessoas que mantêm uma rotina normal, com sorrisos e interações sociais. Segundo o psiquiatra Marcos Estevão, esse comportamento "normal" pode mascarar um sofrimento interno grave, dificultando o diagnóstico e tratamento adequado. Entre os sinais da doença estão a anedonia (perda de prazer em atividades antes prazerosas), autodepreciação, alterações no sono e apetite, além de sintomas físicos como dores crônicas. O Brasil lidera os casos de depressão na América Latina, afetando pessoas de todas as idades e classes sociais. O tratamento médico e psicológico é fundamental para a recuperação.
Essa “normalidade aparente” é um dos maiores perigos da depressão, conforme alerta o psiquiatra Marcos Estevão. Segundo ele, a doença vai muito além da tristeza. “A tristeza está presente na maioria dos casos, mas não é regra. Crianças e idosos, por exemplo, podem não demonstrar tristeza e apresentar apenas isolamento, irritabilidade ou queixas físicas constantes”, explica o médico.
Quando a pessoa mantém a rotina, trabalha, convive com colegas e aparenta “estar bem”, é fácil que o sofrimento interno seja ignorado, tanto por terceiros quanto por ela própria. “Ela cumpre as tarefas do dia a dia, sorri no trabalho, mas lá dentro está adoecendo”, pontua.
E esse comportamento tem consequências graves. Se não tratado, o quadro pode avançar, e se tornar moderado ou grave, levando a quadros de hospitalização e até risco de suicídio.
Por isso, prestar atenção a sinais sutis, como perda de prazer, queixas físicas inexplicadas, distanciamento social e mudanças de sono ou apetite, pode evitar que o problema seja negligenciado.
O psiquiatra explica que existe uma diferença entre a tristeza comum e a chamada “tristeza patológica”, que ocorre sem motivo aparente ou em intensidade muito maior do que a situação justificaria.
Além da tristeza, um dos principais sintomas é a anedonia, que é a perda do prazer em atividades antes prazerosas. “A pessoa deixa de responder com prazer com o que antes gostava, sente que nada mais tem graça”, completa.
Também são comuns sentimentos de menos-valia e autodepreciação. O paciente passa a se enxergar como um peso para a família, um fracasso pessoal ou profissional, e acredita que nada do que possui tem valor. Em muitos casos, tudo isso acontece de maneira silenciosa e interna, sem que ninguém se dê conta.
A depressão também pode se manifestar por meio de sintomas físicos, como dores de cabeça crônicas, dores nas costas e até doenças como a fibromialgia, que podem ter relação direta com o quadro depressivo. “A depressão dói, mesmo que psiquicamente. Às vezes, o corpo sente o que a mente não consegue expressar”, explica Marcos.
Outro ponto importante é que a doença pode variar em intensidade. Há casos leves, moderados e graves. Nos leves, a pessoa consegue manter a rotina e até esconder o que sente. “São pessoas que mantêm uma convivência com o ciclo diário, mas desabam em casa. Esse é o grande risco, porque muitas vezes nem ela mesma percebe a gravidade da situação”, alerta o psiquiatra.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão na América Latina, afetando pessoas de todas as idades, classe social ou estilo de vida. Crianças podem apresentar irritabilidade e dificuldade de convívio, enquanto idosos tendem a expressar a depressão por meio de dores e queixas físicas.
E mesmo quem parece “bem” pode estar em sofrimento. Por isso, é essencial observar mudanças sutis, como perda de interesse, isolamento, alterações de sono, apetite ou desempenho nas atividades diárias.
O tratamento é possível e deve ser feito com acompanhamento médico e psicológico.
Procure ajuda – Em Campo Grande, o GAV (Grupo Amor Vida) presta apoio emocional gratuito a pessoas em crise pelo número 0800 750 5554. Também é possível buscar atendimento no Núcleo de Saúde Mental ou no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), ou pelos telefones 141 e 188 do CVV (Centro de Valorização da Vida). Em situações emergenciais, os números 190 da PM (Polícia Militar) e 193 do Corpo de Bombeiros podem ser acionados.
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