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Sabor

Adolescentes encaram vida de ambulante em nome da formatura

Com a venda de bolos de pote, cada um dos cinco amigos pretende arrecadar R$ 2,2 mil até o final de 2026

Por Clayton Neves | 03/05/2025 09:15
Adolescentes encaram vida de ambulante em nome da formatura
Os amigos Guilherme, Emanuelly, Henrique, Ana Luiza e Marcio. (Foto: Arquivo Pessoal)

Cinco estudantes de uma escola estadual de Campo Grande resolveram se desconectar das redes, ao menos algumas horas por dia, para se conectar a algo mais concreto: o sonho da festa de formatura do ensino médio.

O plano nasceu no meio da aula, com papel, conversa e vontade. Guilherme Rockenbach, Emanuelly Queiroz, Henrique Nobres, Ana Luiza Fetter e Márcio Miguel Hauck decidiram colocar a mão na massa, no sentido mais literal possível, e começaram a produzir bolos de pote para vender.

A meta é simples de entender, mas não tão simples de alcançar: levantar, cada um, R$ 2,2 mil até o fim do ano que vem. Dinheiro suficiente para bancar a formatura que eles sonharam juntos, no improviso de um dia comum.

“A gente estava na sala e decidiu que precisava fazer a nossa formatura. É uma data muito importante pra gente”, conta Guilherme, com a convicção de quem entende que sonhos não se pagam sozinhos. Mas o plano exigia mais do que vontade, exigia ação.

Sem poder vender na escola por causa da proibição do uso de celulares, o que, na prática, complicou os pagamentos via Pix, o grupo fez o que todo jovem criativo faria diante de um muro: pulou. Literalmente não, claro. Mas levaram os doces para fora dos portões da escola.

A rotina é puxada. Os cinco estudam em período integral e, nos dias sem prova, quando conseguem respirar um pouco mais cedo, saem da escola às 16h e vão direto para a casa do Guilherme. Lá, começa a maratona: parada no mercado, loja de embalagens, cozinha e produção que se estende até altas horas da noite.

No dia seguinte, já estão nas ruas. “A gente vende no Centro, na Praça do Peixe, em volta da escola, para amigos e familiares. A gente vende em qualquer dia, seja feriado ou dia útil”, diz Guilherme, com aquela naturalidade de quem já entendeu que empreender é insistir.

O cardápio parece coisa de chef de doceria premiada, mas é feito na base do improviso caprichado: tem Oreo com beijinho, creme de Ninho com geleia de morango, brigadeiro com maracujá e o tal do ‘xadrez’, mistura de brigadeiro branco com preto, que soa quase filosófico. “Eu gosto de cozinhar. Acho que a gente tem que fazer o simples bem feito. Começamos com três sabores e fomos adaptando de acordo com o gosto das pessoas”, explica Guilherme.

Emanuelle, parceira de cozinha e de confiança, lembra que topou a ideia de primeira. “Achei bem interessante fazer isso com os meus amigos. Fiquei meio com medo de a gente não conseguir vender, mas aceitei e está dando tudo certo”, conta ela.

Adolescentes encaram vida de ambulante em nome da formatura
Entre as opções, bolos de oreo, maracujá e chocolatudo. (Foto: Docinhos de Capelo)

Segundo ela, em dias de produção, eles chegam a fazer mais de 30 potes de uma vez. Para orgulho dos pais, e alegria dos clientes, que não deixam sobrar um.

Com a meta clara e o plano em prática, os adolescentes estão ganhando bem mais que dinheiro. Estão ganhando chão, aprendizado e uma boa dose de realidade.

“É uma experiência complexa, porque é difícil sair vendendo na rua. A gente leva muito ‘não’, mas também conhece pessoas boas, que ajudam, dão conselhos. Aprendemos a lidar com a vida real. Nem todo mundo entende o esforço por trás de um vendedor ambulante. É uma realidade muito difícil, existe muita história envolvida”, finaliza ela, com a maturidade de quem já entendeu que a vida não vem com manual, mas vem com lição.

O projeto, que começou como uma solução para arrecadar dinheiro, acabou virando também um laboratório de crescimento. “Está sendo muito bom para o nosso aprendizado”, completa Guilherme.

Quem quiser assim ajudar essa turminha animada, o contato é pelo Instagram deles (clique aqui)

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