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Lado Rural

Após cair durante 6 meses, preço do leite ao produtor reage em novembro

Na média Brasil leite cai 23,8% em 2023; em MS, cesta de produtos lácteos acumula índice negativo de 15,8%

Por José Roberto dos Santos | 03/01/2024 16:10
Vacas leiteiras em pastejo por propriedade rural brasileira. Alto custo e baixa remuneração ainda sufocam produtor. (Foto: Arquivo/Embrapa)
Vacas leiteiras em pastejo por propriedade rural brasileira. Alto custo e baixa remuneração ainda sufocam produtor. (Foto: Arquivo/Embrapa)

Depois de cair por seis meses consecutivos, o preço do leite recebido por produtores subiu 1,3% em novembro, considerando-se a “Média Brasil” líquida, para R$1,9981/litro. No acumulado de 2023, contudo, a desvalorização ainda é de 23,8%, em termos reais; e, em relação a novembro/22, a baixa é de expressivos 24,5% (valores deflacionados pelo IPCA de novembro/23).  Os números são do Cepea (Centro de Estudos em  Economia Aplicada).

De acordo com Boletim da Bovinocultura de Leite, de dezembro de 2023, elaborado pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), a média do preço do leite recebido por produtores do Estado foi de R$ 1,83. Foram levantadas informações de 1.284 produtores atendidos pela ATeG em Bovinocultura de Leite em MS. Desses, 65% comercializavam leite para industrias e 35% produzem derivados lácteos.

A cesta de produtos lácteos de Mato Grosso do Sul como um todo teve uma variação positiva de 3,72% no mês de novembro de 2023, quando comparado ao mês imediatamente anterior. A conclusão é do Índice do Leite MS, elaborado pelas Sefaz-MS (Secretaria de Fazenda) e Semadesc (Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação.

O índice, de novembro/23, em relação ao mesmo mês do ano passado (2022), obteve uma diferença de 12,81 pontos percentuais, uma vez que em nov/2022 a variação mensal de preços da cesta foi de -9,09%. Por sua vez, quando levamos em conta os últimos 12 meses, a cesta de produtos apresentou variação de -15,84% nesse período.

Até outubro, segundo o Cepea, a desvalorização do leite esteve atrelada ao excesso de oferta, em decorrência do aumento da produção doméstica e das importações crescentes. Porém, a captação dos laticínios tem se desacelerado desde setembro, o que explica a mudança no comportamento dos preços em novembro.

O Índice de Captação Leiteira do Cepea caiu 0,7% de outubro para novembro, pressionado por recuos mais intensos nos estados do Sul do País. A limitação da produção de leite, por sua vez, se deve à combinação de clima adverso à atividade (seca e calor no Sudeste e Centro-Oeste e excesso de chuvas no Sul) com margens espremidas dos pecuaristas.

Custo de produção em alta

A pesquisa do Cepea mostra que o COE (Custo Operacional Efetivo) da pecuária leiteira na “Média Brasil” registrou alta de 0,6% em novembro, influenciado pelas valorizações dos concentrados, adubos, corretivos e alguns medicamentos. Ainda que, no acumulado do ano, o COE apresente retração, a diminuição do preço do leite supera a desvalorização dos insumos no mesmo período e, com isso, estima-se que a margem bruta dos pecuaristas tenha recuado expressivos 69% em 2023. Nesse contexto, os investimentos na atividade tendem a diminuir, o que contribui para enxugar a oferta.

Em Mato Grosso do Sul, no mês de novembro de 2023 comparado com o mês anterior a relação de troca piorou em 2,06%. Porém, em um ano a quantidade de leite necessária para adquirir a mistura (60 kg de farelo de soja e milho) diminuiu em 7,99 litros.

Exportações

Com a queda no preço do leite, as importações chegaram a perder força em setembro, porém, voltaram a crescer em outubro e novembro. Dados da Secex mostram que as compras externas de queijos puxaram a alta de 5% nas importações de novembro e que, no acumulado de 2023, o volume adquirido supera em mais de 70% o registrado no ano anterior.

A expectativa dos agentes de mercado é que os preços registrem entre estabilidade e alta em dezembro, ainda influenciados pela produção limitada no campo. Porém, a continuidade desse movimento nos próximos meses vai depender da reação do consumo e dos volumes de lácteos importados.

* Com informações do Cepea. Colaborou Natália Grigol.

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