Embrapa Gado de Corte pesquisa emissão de metano pelo arroto bovino
Estudo completa três anos e pesquisadores querem medir emissão em sistemas diversos de criação
Os experimentos em sistemas intensivos de bovinocultura de corte, conduzidos na Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS), chegaram a um novo patamar. Nas últimas semanas, os pesquisadores passaram a avaliar a emissão de metano entérico produzido pelos animais, por meio de arroto, na fase de terminação. Devidamente instalados com medidores, cangas e sensores, os animais cresceram em sistemas produtivos de baixa emissão de carbono, nas condições do Cerrado de Mato Grosso do Sul.
RESUMO
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Pesquisadores da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande (MS), estão conduzindo um estudo inovador sobre a emissão de metano entérico em bovinos, utilizando sensores e medidores para monitorar os gases produzidos durante a fase de terminação dos animais. O projeto, que já dura três anos, visa comparar diferentes sistemas de produção, com foco na redução de gases de efeito estufa, que pode variar entre 15% e 30%. Os dados coletados serão fundamentais para fornecer recomendações aos produtores rurais, especialmente em um contexto de mudanças climáticas e secas severas, contribuindo para práticas de produção mais sustentáveis no setor.
Acompanhados por 24 horas, durante cinco dias, os bovinos estão equipados com cangas e testes posicionados na altura das narinas, e cada arroto, o gás metano produzido é capturado e armazenado. Um dos responsáveis pela pesquisa, o nutricionista Rodrigo Gomes, explica que o arroto representa mais de 95% do metano emitido pelo animal. Há ainda uma pequena parcela produzida por meio de projetos.
Do campo, onde os experimentos estão em andamento, os equipamentos para análise de gases no laboratório de cromatografia. A partir de um cromatógrafo, instrumento analítico, é feita a medição dos componentes da amostra retirada das cangas, entre elas, a concentração de metano. “Adicionamos outras metodologias de pesquisas, e ao final, é possível saber quanto o animal produzido de gás durante o dia dentro de determinado sistema produtivo”, complementa Gomes, que destaca o custo elevado não somente de aquisição, mas de manutenção desse tipo de laboratório.
Estudo completa 3 anos
Com três anos de condução, os especialistas pretendem fazer diversas correlações nesse estudo. Comparar animais fora e dentro de sistemas intensivos, com e sem componente arbóreo, médio brasileiro versus médio de sistemas sustentáveis, semiconfinamento e confinamento, dentre outros parâmetros. Segundo o pesquisador da Embrapa, os sistemas de baixa emissão possuem uma capacidade de redução entre 15% e 30% de gases de efeito estufa e isso estará em averiguação.
“É um trabalho que passou por três safras, da prenhez ao abate, e vamos acompanhar até o abate, com a qualidade da carne. Temos mais solidez, uma robustez maior de informações que serão fundamentais nas análises. Em tempos de mudanças climáticas, secas acentuadamente, os dados podem refletir a realidade e a pesquisa conseguirá fazer melhores recomendações de adoção para os produtores rurais”, resume.
A equipe do estudo, ao redor de oito profissionais entre pesquisadores, técnicos e acadêmicos, foca também no produtor quando avalia os animais já em fase de terminação. Atualmente, o Plano ABC+ do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), tem a terminação intensiva (TI) como uma das tecnologias que estimulam sistemas, práticas, produtos e processos de produção sustentáveis. A técnica foi incluída juntamente com o Sistema Plantio Direto Hortaliças (SPDH) e Sistemas Irrigados (SI) na atualização mais recente do Plano do Governo Federal.