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Meio Ambiente

Casal mineiro larga distintivo para ser voluntário em aeronave no Pantanal

Ela é investigadora da Polícia Civil e ele delegado, mas o trabalho voluntário no Ibama é o atual desafio

Por Kamila Alcântara e Fernanda Palheta, de Corumbá | 01/08/2024 16:41
Ramon Sandoli e Fernanda Costa, casal mineiros que trabalha voluntariamente no combate aos incêndios no Pantanal (Foto: Henrique Kawaminami)
Ramon Sandoli e Fernanda Costa, casal mineiros que trabalha voluntariamente no combate aos incêndios no Pantanal (Foto: Henrique Kawaminami)

Entre as equipes aéreas que atuam no combate aos focos de incêndio no Pantanal, em Corumbá, a operadora Fernanda Costa e o copiloto Ramon Sandoli compartilham a vida como casal, voluntários e servidores da Polícia Civil de Minas Gerais. Com helicóptero, eles e o comandante recolherem água e despejarem nos locais mais críticos, além de ajudarem no deslocamento das equipes e equipamentos do Prevfogo.

O Campo Grande News acompanhou, nesta quinta-feira (1) os trabalhos da equipe do Prevfogo, na base de operações, localizada no Parque Marina Gatass, quase às margens do Rio Paraguai. Hoje eles estão focados no combate aos focos de calor na região da Serra do Amolar.

Ramon tem em seu currículo o comando da Delegacia Antissequestro, Operações Especiais e chegou a ser delegado-geral, mas foi como piloto que atuou em resgates importantes, como das vítimas das tragédias em Brumadinho, Mariana e garimpo ilegal.

Ramon Sandoli e Fernanda Costa, copiloto e operadora de um dos helicóptero do Ibama (Foto: Henrique Kawaminami)
Ramon Sandoli e Fernanda Costa, copiloto e operadora de um dos helicóptero do Ibama (Foto: Henrique Kawaminami)

“Fiz os cursos necessários e estou credenciado para ser voluntário no Ibama há 5 anos. Trabalhei no combate a incêndio no Mato Grosso, em situações de desmatamento e até garimpo, mas é a primeira vez que venho para o Pantanal do Mato Grosso do Sul. Sou piloto há anos, inclusive, fui o primeiro a fazer resgate aéreo quando aconteceu o rompimento da barragem [de minério de ferro] em Mariana”, compartilha o delegado.

Já Fernanda entrou para a Polícia Civil em 2010, mas já tinha curso de Comissária de Bordo e sempre conseguiu conciliar as profissões. Em 2017 fez um curso e ficou apta a ser operadora, a pessoa que auxilia em resgates.  “Também é a minha primeira vez em Mato Grosso do Sul. Pelo Ibama somos convocados por 15 dias, mas vamos dobrar, ou seja, serão 30 dias de trabalho no Pantanal”, detalha a investigadora.

Experientes com casos impactantes, pouco coisa abala o emocional deles, mas as situações testemunhadas em terras pantaneiras conseguiram impactar o casal. “Com a função de policial em si a gente já está acostumado, mas com animais daqui a gente vê uma inocência que impacta mais. Tenho visto imagens que estão mexendo comigo, ver como eles estão lidando com as queimadas é bem triste”, relata Fernanda.


Trabalho na prática - Eles devem estar à postos por volta das 8h, quando os brigadistas já partiram para o combate em solo. Eles transportam alguns servidores, equipamentos e suprimentos para o trabalho deles no campo. Após isso, vem o momento deles combaterem os focos de incêndio.

“A gente tem que fazer um planejamento do voo, tanto de combustível da aeronave quanto o peso total, para que não se tenha sustos, pois o vento e o calor impedem algumas manobras. Então, temos que pegar a quantidade para a bolsa de água não agarrar e conseguir fazer o enquadramento certo. Eu sou copiloto, então levo informações e coordenadas para o comandante, mas também realizo algumas manobras”, explica Ramon.

Com parte do corpo para fora da aeronave, Fernanda é a pessoa que coordena as ações da equipe, principalmente no manuseio da bolsa que transporta a água, apelidada de Bambi.

“Aqui, a minha função é orientar o melhor local de coleta da água, aviso as fases que está, coordeno os deslocamentos até o ponto onde podem liberar a água. O ponto de coleta não pode estar a mais de cinco minutos do foco de incêndio, porque o Bambi tem furos, aí não podemos perder a água no percurso”, diz Fernanda.

Helicópteros do Ibama que atuam no Pantanal (Foto: Henrique Kawaminami)
Helicópteros do Ibama que atuam no Pantanal (Foto: Henrique Kawaminami)

 Operação PantanalSegundo o Governo do Estado, no momento, a operação conta do mais de 500 integrantes incluindo bombeiros militares de Mato Grosso do Sul, da LIGABOM de Goiás e do Paraná, militares da Força Nacional de Segurança Pública, das Forças Armadas (Marinha, Exército e Força Aérea Brasileira), da Polícia Militar Ambiental, Polícia Federal, ONGs de proteção ambiental, além de agentes do Ibama, ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e brigadistas do PrevFogo. São quase 100 meios de transporte usados, incluindo aeronaves, veículos terrestres e embarcações.

Estão à disposição das equipes 13 aeronaves dos Governos Estadual e Federal, sendo cinco Air Tractor”, sete helicópteros e um cargueiro KC390 Millenium. A frota ainda conta com sete caminhões de combate a incêndio, seis embarcações, 44 caminhonetes do CBMMS e da Força Nacional, todas equipadas com kit pick-up, mochilas costais, sopradores e equipamentos de proteção individual.

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