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Meio Ambiente

Coleta seletiva é ampliada para 100 mil casas e expectativa é desafogar aterro

Flávia Lima | 29/06/2015 13:55
Funcionários da Solurb visitam casas e entregam material informativo e sacolas plásticas. (Foto:Marcos Ermínio)
Funcionários da Solurb visitam casas e entregam material informativo e sacolas plásticas. (Foto:Marcos Ermínio)

A destinação de resíduos sólidos produzidos nos domicílios sempre foi um grande dilema para a administração das grandes cidades. Mas nem todo mundo tem a consciência e, em alguns casos, a informação de que a solução para esse problema passa, obrigatoriamente, pela coleta seletiva e reciclagem, já que esse processo garante o reaproveitamento de embalagens de papel, vidros e plásticos, evitando a lotação nos aterros sanitários e, de quebra, contribuindo com o meio ambiente.

Em Campo Grande, essa prática deve ganhar força a partir desta segunda-feira (29), com a ampliação de 32 mil para 100 mil domicílios que passarão a integrar o sistema de coleta seletiva implantado pela prefeitura há três anos, o que vai corresponder ao recolhimento do lixo produzido por 182,6 mil pessoas.

De acordo com Élcio Terra, superintendente da Solurb, empresa responsável pela coleta de lixo na Capital, neste primeiro momento os coletores estão fazendo um trabalho de conscientização com a população, entregando as sacolas verdes de plástico para o depósito do material reciclável e explicando sobre os benefícios do sistema.

Ele explica que a cidade foi divida em nove regiões, que foram subdivididas. Cada uma terá um dia e horário específico para a coleta, que acontecerá sempre em períodos alternados com a coleta dos resíduos sólidos. Segundo Élcio Terra, a expectativa é que dentro de um mês a população das novas áreas já esteja acostumada com a dinâmica e participando da coleta seletiva.

De uma a duas vezes na semana, um caminhão da empresa passará nas ruas dos bairros atendidos, em horário compreendidos entre 7h e 15h20. O lixo separado deverá ser colocado nas calçadas, dentro das sacolas verdes entregue pelos coletores. Toda semana, além de recolher o material, eles deixarão mais sacolas nos domicílios.

"Como esse material não libera odor porque não tem resíduos, não tem problema deixar guardado em casa por uma semana. Ele até pode ser posto na rua, mas não será recolhido", afirma Élcio Terra.

Todo o material recolhido será entregue aos catadores organizados em cooperativas, que deverão iniciar os trabalhos de seleção do material reciclável na primeira quinzena de julho, na unidade da Usina de Triagem de Resíduos (UTR), construída no bairro Dom Antônio Barbosa.

“Nos bairros onde ela já ocorre há dois anos, a participação é de 95% das residências. As poucas pessoas que não aderiram é por falta de consciência ambiental mesmo”, ressalta Élcio Terra. Segundo ele, tão importante quanto contribuir com o descarte ecológico, preservando o meio ambiente, é colaborar também com a geração de emprego para as pessoas que tiram do lixo sua fonte de renda. No entanto, ele alerta para alguns cuidados que precisam ser tomados no ato da seleção do material.

“É importante que não tenham resíduos de alimentos em nenhuma embalagem, caso contrário ela é inutilizada. Quanto mais material pudermos recolher, mais empregos vamos gerar para os catadores que trabalham na usina de reciclagem”, explica.

Para que o processo funcione corretamente, a população precisa fazer a separação dos resíduos secos do lixo orgânico - basicamente plástico, vidro, alumínio, papel (sem uso e seco) e latas. Outros materiais, como pilhas, lâmpadas e baterias deverão ser devolvidos nos locais de compra, como lojas do comércio.

Adesão – Mesmo antes do aviso do início da coleta seletiva, moradores da região do bairro São Francisco, visitada na manhã de hoje pelos coletores da Solurb, destacaram que já adotam a prática há mais de cinco anos, porém o processo não acontecia com total eficácia, já que algumas pessoas colocavam o lixo separado na rua e o material acaba sendo recolhido pelos profissionais da coleta de resíduos sólidos.

Atentas a esse detalhe, a dona de casa Joana D’Arc Araújo e a funcionária pública Eliana Pereira, ambas moradoras na Rua São Judas Tadeu, garantem que levavam o material até uma cooperativa de reciclagem. “Na igreja que eu frequento sempre foi falado sobre a importância da reciclagem, por isso eu e minha nora sempre aderimos”, disse Joana D’Arc.

“É importante para o meio ambiente e para ajudar no emprego de quem vive disso”, ressalta Eliana, que sempre incentivou a prática na família.

Já a professora Clarice Christófaro, moradora em um condomínio, na mesma rua, diz que a maior parte das pessoas que reside no local já faz a coleta seletiva, porém colocava os sacos e caixas na rua e por isso não tinha garantia de que o material recebia o tratamento adequado. “Agora com a própria prefeitura recolhendo o lixo separado fica mais fácil”, disse Clarice.

Para o empresário Pedro Paulo Salazar, a ampliação do programa vai contribuir com a conscientização. Ele conta que já possuí em casa as latas de plástico coloridas, utilizadas em condomínios e em lojas do comércio que já adotam a prática. “Aderimos desde que meus filhos começaram a ter aulas sobre reciclagem na escola. É ótimo essa ampliação. Em casa também instruímos os funcionários sobre a separação de material”, enfatiza.

A professora Clarice diz que nem todos os moradores do seu condomínio tem a consciência da separação adequada de material. (Foto:Marcos Ermínio)
A professora Clarice diz que nem todos os moradores do seu condomínio tem a consciência da separação adequada de material. (Foto:Marcos Ermínio)
O empresário Pedro Paulo começou a coleta seletiva com o incentivo dos filhos. (Foto:Marcos Ermínio)
O empresário Pedro Paulo começou a coleta seletiva com o incentivo dos filhos. (Foto:Marcos Ermínio)

Usina – Além da ampliação do serviço de coleta seletiva, a entrega da Usina de Triagem de Resíduos (UTR), que deve estar em pleno funcionamento no próximo semestre vai ajudar a prefeitura a fechar definitivamente a área de transição, espaço onde atualmente catadores trabalham de forma insalubre.

Após receberem capacitação da Fundação Social do Trabalho (Funsat) para se organizarem como cooperados, os catadores serão remanejados para a UTR, onde irão manusear e comercializar os resíduos recicláveis coletados.

Todas estas ações atendem às diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305/10, e que obriga todas as cidades brasileiras a se ajustarem a medidas socioambientais em relação ao lixo que produzem. Campo Grande já atendia parte das exigências, como a criação de um aterro sanitário, fechamento do lixão e início do serviço de coleta seletiva. O maior problema, no entanto, era garantir condições de trabalho aos catadores por meio da construção da usina e da qualificação profissional.

A coleta seletiva e a criação da UTR também irão permitir que a prefeitura explore o aterro sanitário por mais tempo, já que o volume de resíduos será menor, segundo o diretor-presidente do Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano), Marcos Cristaldo.

Atualmente, 800 toneladas de lixo são descarregadas na área de transição, onde os 400 catadores podem fazer a coleta de materiais reciclados. Somente após a intervenção dos coletores, o lixo é destinado para o aterro sanitário Dom Antônio Barbosa II. Do lixo gerado diariamente no município, cerca de 35%, ou seja, 280 toneladas tem potencial para reciclagem. Com a ampliação do trabalho, a expectativa é que esse número dobre.

Para que o processo funcione corretamente, além do material informativo entregue nas residências pelos profissionais da Solurb, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano ) vai promover palestras nas escolas e cursos às comunidades com o objetivo de despertar a preocupação com o meio ambiente e incentivar a adesão à coleta seletiva.

Bairros serão visitados uma vez por semana para a coleta e entrega de sacolas. (Foto:Marcos Ermínio)
Bairros serão visitados uma vez por semana para a coleta e entrega de sacolas. (Foto:Marcos Ermínio)
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