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Meio Ambiente

Com avanço do fogo, predadores atacam ninhos para sobreviver

Combate às chamas continua, mas efeitos pós-queimada já preocupa pesquisadores

Tainá Jara | 16/09/2019 18:49
Proteção em ninhos de araras não é suficiente para evitar a ação de predadores (Foto: Divulgação/Instituto Arara Azul)
Proteção em ninhos de araras não é suficiente para evitar a ação de predadores (Foto: Divulgação/Instituto Arara Azul)

O avanço do fogo sobre a mata não é mais a única preocupação quanto à sobrevivência dos animais no Refúgio Ecológico Caiman, localizado no município de Miranda, região do Pantanal sul-mato-grossense. Ação de predadores em busca de comida preocupa os pesquisadores. Ninhos de aves se tornam alvos fáceis diante da falta de alimento no espaço.

Conforme a presidente do Instituto Arara Azul, Neiva Guedes, apesar de contar com profissionais para realizar o resgate de animais, é muito difícil encontra-los nas áreas consumidas ou tomadas pelo fogo. Jacarés, jabutis e cobras enfrentam mais dificuldades para fugir das chamas. Aves e mamíferos fogem em busca da sobrevivência, mas nem sempre conseguem sair ilesos. “Aumenta a falta de comida para os bichos em geral e as chances de predação são maiores. É a lei da selva”, explica a pesquisadora.

Os ninhos acabam se tornando alvos mais fáceis. Neste domingo, foram monitorados três ninhos de araras na fazenda Caiman, sendo que dois foram predados. Um estava com dois ovos e outro com um filhote de quase setenta dias.

De acordo com o instituto, o fogo não atingiu diretamente os ninhos, mas a busca dos animais por alimentos já é uma consequência alarmante. Nestes casos, as medidas de segurança adotadas para preservar os locais não foram suficientes para salvar os filhotes. “Tudo indica que uma espécie de coruja possa ter acessado o ninho e comido parte do filhote”, afirma o instituto em nota publicada nas redes sociais.

Arara recebe auxílio de pesquisadores na Fazenda Caiman (Foto: Divulgação/Instituto Arara Azul)
Arara recebe auxílio de pesquisadores na Fazenda Caiman (Foto: Divulgação/Instituto Arara Azul)
Parte interna de ninho artificial atacado por predadores (Foto: Divulgação/Instituto Arara Azul)
Parte interna de ninho artificial atacado por predadores (Foto: Divulgação/Instituto Arara Azul)

 

 

 

 

 

 

 

Pós-fogo - Guedes explica que é possível recuperar parte do que foi perdido, mas isto demorará muitos anos. Mesmo com a chuva esperada para amenizar as chamas, o cenário não é dos melhores. “Tem efeitos que vão ser sentidos a longo prazo”, explica a pesquisadora.

Onças também tentam sobreviver ao fogo. Conforme o instituto Onçafari, neste domingo, a onça Gaia foi avistada na região sem qualquer ferimento. A instituição monitora mais de 132 onças-pintadas na região, destas, quatro foram encontradas vivas e sem ferimentos.

Há quase uma semana, equipes tentam combater as chamas na fazenda Caiman. A estimativa é que mais de 1 mil hectares tenham sido consumidos. O fogo já se espalhou para propriedades vizinhas e ganha intensidade com luz do dia. “Acreditamos que vai acabar realmente somente a hora que chover”, desabafa Neiva Guedes.

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