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Meio Ambiente

Entenda porquê as capivaras "invadiram" as ruas de Campo Grande

Mariana Lopes | 08/02/2014 10:15
Capivara é resgatada em áreas urbana em Campo Grande.
Capivara é resgatada em áreas urbana em Campo Grande.

Parafraseando uma campanha publicitária antiga, a pergunta que não quer calar é: “são as capivaras que invadiram Campo Grande, ou Campo Grande que invadiu o espaço das capivaras?”

Não é de hoje que esses roedores são vistos frequentemente pelos parques da Capital. Porém, nos últimos tempos, está cada vez mais comum vê-los “passeando” por ruas e avenidas. O que será que aconteceu para as capivaras estarem “invadindo” a cidade?

De acordo com a PMA (Polícia Militar Ambiental), elas estão sendo cada vez mais vistas porque Campo Grande está expandido o território urbano, e para isso precisa adentrar no espaço de vegetação, ou seja, no habitat natural delas.

A extensão da avenida Três Barras é um exemplo clássico. Na altura do córrego Bandeiras a população de capivaras é grande, conforme constatação da PMA. “É um local onde havia muita vegetação e agora foi tomado por avenidas, e os animais que já estavam lá acabam sendo mais vistos”, explica o major Edimilson Queiroz.

O nome disto é fauna sinantrópica, que trata-se de espécies que vivem próximas às habitações humanas. O problema é que esta convivência entre homens e animais silvestres pode ser conflituosa.

Prova disso é número de atropelamentos desses animais registrados na Capital. Conforme o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), só no ano passado, seis capivaras já chegaram mortas ao centro depois de serem atropeladas.

Quase 50 roedores foram levados ao Cras em 2013, mas a maioria foi resgatada em ambientes urbanos. O Cras é responsável por reabilitar as capivaras machucadas. O órgão também é responsável por devolver esses animais ao seu ambiente natural.

Contudo, não há um órgão que faça o controle estatístico da população das capivaras em Mato Grosso do Sul. 

Em mais uma prova da nova  convivência, capivara é encontrada dentro de um armário na Capital.
Em mais uma prova da nova convivência, capivara é encontrada dentro de um armário na Capital.

Perigos – Embora a capivara seja o maior roedor do mundo e tenha os dentes muito fortes, ela não representa perigo, pois não são agressivas. Porém, em situação de coação ou algum gesto brusco em sentido aos filhotes, como uma boa mãe, é bem provável que ela ataque.

"Normalmente são animais dóceis. Porém, como qualquer animal, pode atacar em caso de defesa de filhote ou se sentir acuada", explicou o major.

Esses roedores podem transmitir a Febre Maculosa, causada por uma bactéria transmitida pelo carrapato. Porém, segundo o major Queiroz, nunca se ouvi falar de algum caso no Estado.

Ainda conforme a PMA, se compararmos a febre à doenças como leishmaniose e toxoplasmose, o número é irrelevante, já que para acontecer a contaminação o carrapato infectado precisar picar o ser humano.

Áreas verdes próximas a cursos d'água são oas habitats naturais das capivaras. É comum encontrar capivaras no Parque das Nações Indígenas, no Parque dos Poderes, no Lago do Amor, no Parque do Sóter, no Parque Assaf Trad entre o shopping e o Alpha Ville, nas proximidades do córrego Bandeira próximo ao Rádio Clube Campo, no córrego Seminário, próximo ao bairro Otávio Pecora e Estrela do Sul, entre outros regiões.

As amigas Ana Paula e a carioca Aline aproveitam para registrar os animais pastando. (Foto: Cleber Gellio)
As amigas Ana Paula e a carioca Aline aproveitam para registrar os animais pastando. (Foto: Cleber Gellio)
É comum ver "famílias" de capivaras caminhando pelo Parque das Nações Indígenas. (Foto: Cleber Gellio)
É comum ver "famílias" de capivaras caminhando pelo Parque das Nações Indígenas. (Foto: Cleber Gellio)

Parque das Nações Indígenas- Chegando ao Parque das Nações Indígenas, ao longe, os pontinhos marrons até se misturam à paisagem. Mas basta se aproximar e lá estão elas, “passeando” em um dos seus habitats mais conhecidos.

Quem mora em Campo Grande já não se surpreende mais com os animais que pastam bem próximos à pista de caminhada.

Mas apesar de não se admirarem, os campo-grandenses não deixam de lado a satisfação de dividir com as capivaras o mesmo ambiente.

“É o contato mais verdadeiro com a natureza. Em poucos lugares existe isso. É maravilhoso”, diz a funcionária pública Vanderlúci da Silva Bento, 35 anos.

Acostumada a encontrar as capivaras durante suas caminhadas no parque, a assistente administrativa Anne Caroline, 36 anos, acredita que a expansão da cidade provocou o fenômeno que vivemos hoje e concorda com a análise da PMA.

“Acredito que a cidade cresceu e por isso estamos encontrando cada vez mais capivaras nos ambientes urbanos”.

A estudante Ana Paula Azevedo, 23 anos, conta que há alguns dias uma capivara foi encontrada na piscina do prédio onde mora.

“Eu moro aqui perto e esses dias a piscina estava interditada porque tinha uma capivara dentro”, contou. Mas Ana não soube dizer se o animal passava bem.

Em visita à cidade, a carioca Aline Mostaro, 24 anos, aproveitou para fotografar as capivaras que pastavam no Parque das Nações Indígenas. Acompanhada da amiga Ana Paula, ela disse que já conhecia o animal, mas nunca tinha visto tão de perto como aqui.

"Eu até brincava com ela perguntando se aqui vocês viam jacaré ou onça na rua. Mas a capivara não dá para negar", brincou Aline.

Capivara atropelada na Rua Spipe Calarge, em frente ao Rádio Clube Campo. (Foto:Cleber Gellio)
Capivara atropelada na Rua Spipe Calarge, em frente ao Rádio Clube Campo. (Foto:Cleber Gellio)
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