ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
OUTUBRO, QUINTA  02    CAMPO GRANDE 22º

Meio Ambiente

Expansão de mineradora ameaça ninho de harpia no Pantanal

Audiência pública debate impactos do empreendimento sobre espécie rara e sensível à degradação ambiental

Por Inara Silva | 02/10/2025 19:32


RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A expansão da mineradora LHG Mining em Corumbá, Pantanal, gera preocupação entre pesquisadores após a descoberta de um ninho raro de harpia no Maciço do Urucum. A harpia, maior águia das Américas e espécie ameaçada de extinção, é extremamente sensível a perturbações ambientais e depende de áreas preservadas para sobreviver. Especialistas alertam que, apesar das medidas de mitigação propostas pela mineradora em seu Estudo de Impacto Ambiental, a expansão da atividade mineradora pode comprometer a sobrevivência da espécie na região. A harpia, que atinge até 2,2 metros de envergadura, tem reprodução lenta e necessita de florestas conectadas para caçar suas presas, como macacos-prego e bugios.

Após a identificação de um ninho de harpia (Harpia harpyja), a maior águia das Américas, no Maciço do Urucum, pesquisadores manifestam preocupação com a possível expansão da mineradora LHG Mining, em Corumbá, no Pantanal.

A harpia, listada como espécie ameaçada de extinção, vive na Amazônia e na Mata Atlântica. Em junho deste ano, pesquisadores descobriram um ninho raro no Pantanal, justamente no Maciço do Urucum. Desde agosto, a equipe tem autorização do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para o monitoramento do ninho.

Segundo a pesquisadora Tânia Sanaiotti, criadora do Projeto Harpia, a espécie é raríssima no Pantanal e no Cerrado, mas vem se reproduzindo na região; há também registros da ave na Serra da Bodoquena. Esses registros representam um marco científico.

Tânia Sanaiotti, referência em pesquisa e proteção da espécie há 28 anos, afirma que é necessário avaliar a expansão da mineradora de forma que economia e natureza possam coexistir em equilíbrio.

O conflito entre interesses econômicos e a preservação de espécies únicas do Pantanal está entre os temas debatidos em audiência pública realizada nesta quinta-feira (2), no Centro de Convenções de Corumbá. O encontro teve como objetivo apresentar o empreendimento e o EIA/Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) referentes à ampliação das atividades de extração e beneficiamento de minério de ferro da LHG Mining.

Expansão de mineradora ameaça ninho de harpia no Pantanal
Harpia fotografada em junho, no Morro do Urucum (Foto: Gabriel de Oliveira)

A empresa informou ao site ((o))eco que seu EIA/RIMA foi desenvolvido por especialistas e que prevê o reuso de até 80% da água, além do uso de tecnologias para reduzir ruídos, poeira e emissões de gases de efeito estufa.

No entanto, especialistas alertam que essas medidas não garantem a preservação da harpia, que depende de florestas conectadas e intactas para sobreviver. A expansão da mineração ameaça ainda suas rotas de caça e a sobrevivência de presas como macacos-prego e bugios, essenciais para o equilíbrio da cadeia alimentar local.

Ave gigante - Registrada pela primeira vez na região em 2009, a harpia pode atingir até 2,2 metros de envergadura e 7 kg de peso. A ave depende de áreas de mata preservada para alimentação e reprodução e é extremamente sensível a ruídos, movimentação e poeira, fatores comuns em operações de mineração. Nesses casos, a harpia pode abandonar os ninhos.

A pesquisadora Tânia Sanaiotti lembra que a espécie se reproduz lentamente: alcança a maturidade sexual aos sete anos e gera apenas um filhote a cada três anos, tornando qualquer perda de habitat praticamente irreversível.

Com a audiência pública desta quinta-feira, autoridades, ambientalistas e representantes da empresa discutem o futuro da lavra e o destino da harpia na região.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.