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Meio Ambiente

Expansão de mineradora em Corumbá prevê empregos, mas preocupa no tema ambiental

RIMA aponta impactos na fauna, vegetação e qualidade de vida local, mas promete medidas de mitigação

Por Inara Silva | 04/10/2025 12:09
Expansão de mineradora em Corumbá prevê empregos, mas preocupa no tema ambiental
Audiência pública realizada, nesta quinta-feria (2), em Corumbá (Imagem: Reprodução Youtube)

O PEC (Projeto Expansão Corumbá), da LHG Mining, projeta um cenário de impactos econômicos positivos para a região, mas também alerta para riscos ambientais e sociais que exigirão acompanhamento rigoroso e a implementação de medidas mitigadoras na região do Morro do Urucum, em Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul.

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A LHG Mining planeja expandir suas operações em Corumbá, no Pantanal sul-mato-grossense, com o Projeto Expansão Corumbá (PEC). O empreendimento promete gerar até 4.300 empregos na implantação e 1.520 na operação, além de aumentar a arrecadação de impostos e royalties em até R$ 20 milhões anuais. O projeto, no entanto, gera preocupações ambientais. O Relatório de Impacto Ambiental prevê a supressão de 1.621 hectares de vegetação nativa, incluindo espécies endêmicas, além de riscos à fauna local. Moradores da região questionam os impactos na qualidade do ar e as mudanças no modo de vida das comunidades afetadas.

O RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), apresentado durante audiência pública na noite desta quinta-feira (2), de forma presencial e virtual, gerou polêmica entre os moradores impactados pela mineradora, que tentaram debater o assunto. Durante o encontro, o diretor-presidente do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), André Borges Barros de Araújo, afirmou que a proposta era esclarecer dúvidas e não debater ideias.

Francisco Arruda de Souza, proprietário na região, disse ter estudado o RIMA e apresentado 12 pontos de dúvidas. No entanto, apenas uma pergunta sua foi lida. Ele questionou como seria feito o controle de poluentes, e a resposta foi que existe um monitoramento da qualidade do ar, realizado pela própria mineradora. “Tive o direito de argumentar cerceado”, lamentou.

Outro ponto levantado pelos presentes foi sobre um encontro prévio entre representantes da mineradora e do governo que colocou em suspeição o processo de licenciamento. O diretor-presidente do Imasul esclareceu que o procedimento é normal, pois ajustes são necessários antes da audiência.

Expansão de mineradora em Corumbá prevê empregos, mas preocupa no tema ambiental
Área da mineradora LHG Mining, no Morro do Urucum, em Corumbá. (Foto: Divulgação)

Poeira, ruídos e rejeitos - O estudo apresentado indica que a ampliação da mineração trará alterações na qualidade do ar, nos níveis de ruído e vibração, e modificações no relevo. A empresa, no entanto, garante que realizará a umectação das vias não pavimentadas e prevê a instalação de uma correia transportadora de minério para reduzir o tráfego de caminhões e a emissão de poeira.

A qualidade da água também será monitorada, com todos os efluentes tratados e reutilizados, sem lançamento nos rios e com rejeitos dispostos em pilhas filtradas, evitando barragens. Segundo o RIMA, essas medidas visam minimizar os impactos sobre os recursos hídricos, os solos e a dinâmica erosiva da região.

Vegetação e fauna em risco - O relatório aponta a supressão de 1.621 hectares de vegetação nativa, incluindo ambientes campestres raros e espécies endêmicas como pata-de-vaca e embaúba. Para compensar, a mineradora pretende resgatar e reproduzir sementes, realizar a recuperação progressiva das áreas mineradas e implementar programas de monitoramento da fauna e flora.

O documento admite que poderá haver morte de animais durante a remoção de vegetação e solo, além do aumento do risco de atropelamentos, caça e perda de peixes devido a alterações na água. A fauna, conforme o RIMA, será resgatada, tratada e reinstalada em habitats adequados, incluindo espécies ameaçadas, como o peixe cascudo rabo-de-chicote.

Impactos socioeconômicos - O PEC prevê até 4.300 empregos na implantação e 1.520 na operação, além de aumento expressivo na arrecadação de impostos e royalties, que pode chegar a R$ 20 milhões por ano. O projeto afirma que pode impulsionar cadeias produtivas locais, mas também atrair trabalhadores de outras regiões, gerando pressões sobre serviços públicos e mudanças no modo de vida local.

Para minimizar esses efeitos, a mineradora planeja alojamento para 2.600 trabalhadores com estrutura de saúde própria, priorização de mão de obra local e programas de integração comunitária. O tráfego de veículos pesados será monitorado, e a aquisição de 21 imóveis rurais será conduzida com base em diretrizes de transparência e negociações justas.

Expansão de mineradora em Corumbá prevê empregos, mas preocupa no tema ambiental
A audiência pública teve transmissão pelo Youtube. (Imagem: Reprodução)

Expectativas - O RIMA ressalta que o projeto desperta expectativas positivas relacionadas à geração de emprego e renda, mas também preocupa quanto às mudanças ambientais e sociais. A LHG Mining prevê a implementação de um plano de comunicação socioambiental, garantindo diálogo com a população, trabalhadores e gestores públicos, além de monitoramento contínuo dos impactos e resultados dos programas mitigadores.

Reivindicações - Após a leitura das perguntas inscritas, a audiência foi aberta para questionamentos do público. Ingrid, presidente da Associação de Moradores de Porto Esperança, região afetada pela mineradora, reclamou que a comunidade vive em situação crítica e se disse revoltada com a empresa.

Segundo Ingrid, a comunidade vem sendo prejudicada pelo minério. “As crianças respiram minério. A comunidade vive dentro de uma bacia onde a empresa construiu uma estrada que comprime o espaço e torna a vida difícil”, afirmou, acrescentando que a mineradora deveria oferecer benefícios aos moradores, como melhorias na escola, no posto de saúde e na construção de praças para as crianças.

Rodrigo Dutra Amaral, diretor de sustentabilidade da empresa, disse que já visitou a comunidade e que as soluções serão implementadas em parceria com o poder público.

O vereador de Corumbá, Chicão Vianna (PSB), pediu a palavra e lembrou que a mineradora pretende expandir a produção: “Se vai aumentar a produção, creio que também vão aumentar os problemas na região. É preciso redobrar o esforço na parte social da comunidade.” Segundo ele, a empresa poderia expandir investimentos em educação e cultura para a população afetada.

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