Expansão de mineradora em Corumbá prevê empregos, mas preocupa no tema ambiental
RIMA aponta impactos na fauna, vegetação e qualidade de vida local, mas promete medidas de mitigação
O PEC (Projeto Expansão Corumbá), da LHG Mining, projeta um cenário de impactos econômicos positivos para a região, mas também alerta para riscos ambientais e sociais que exigirão acompanhamento rigoroso e a implementação de medidas mitigadoras na região do Morro do Urucum, em Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A LHG Mining planeja expandir suas operações em Corumbá, no Pantanal sul-mato-grossense, com o Projeto Expansão Corumbá (PEC). O empreendimento promete gerar até 4.300 empregos na implantação e 1.520 na operação, além de aumentar a arrecadação de impostos e royalties em até R$ 20 milhões anuais. O projeto, no entanto, gera preocupações ambientais. O Relatório de Impacto Ambiental prevê a supressão de 1.621 hectares de vegetação nativa, incluindo espécies endêmicas, além de riscos à fauna local. Moradores da região questionam os impactos na qualidade do ar e as mudanças no modo de vida das comunidades afetadas.
O RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), apresentado durante audiência pública na noite desta quinta-feira (2), de forma presencial e virtual, gerou polêmica entre os moradores impactados pela mineradora, que tentaram debater o assunto. Durante o encontro, o diretor-presidente do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), André Borges Barros de Araújo, afirmou que a proposta era esclarecer dúvidas e não debater ideias.
Francisco Arruda de Souza, proprietário na região, disse ter estudado o RIMA e apresentado 12 pontos de dúvidas. No entanto, apenas uma pergunta sua foi lida. Ele questionou como seria feito o controle de poluentes, e a resposta foi que existe um monitoramento da qualidade do ar, realizado pela própria mineradora. “Tive o direito de argumentar cerceado”, lamentou.
Outro ponto levantado pelos presentes foi sobre um encontro prévio entre representantes da mineradora e do governo que colocou em suspeição o processo de licenciamento. O diretor-presidente do Imasul esclareceu que o procedimento é normal, pois ajustes são necessários antes da audiência.
Poeira, ruídos e rejeitos - O estudo apresentado indica que a ampliação da mineração trará alterações na qualidade do ar, nos níveis de ruído e vibração, e modificações no relevo. A empresa, no entanto, garante que realizará a umectação das vias não pavimentadas e prevê a instalação de uma correia transportadora de minério para reduzir o tráfego de caminhões e a emissão de poeira.
A qualidade da água também será monitorada, com todos os efluentes tratados e reutilizados, sem lançamento nos rios e com rejeitos dispostos em pilhas filtradas, evitando barragens. Segundo o RIMA, essas medidas visam minimizar os impactos sobre os recursos hídricos, os solos e a dinâmica erosiva da região.
Vegetação e fauna em risco - O relatório aponta a supressão de 1.621 hectares de vegetação nativa, incluindo ambientes campestres raros e espécies endêmicas como pata-de-vaca e embaúba. Para compensar, a mineradora pretende resgatar e reproduzir sementes, realizar a recuperação progressiva das áreas mineradas e implementar programas de monitoramento da fauna e flora.
O documento admite que poderá haver morte de animais durante a remoção de vegetação e solo, além do aumento do risco de atropelamentos, caça e perda de peixes devido a alterações na água. A fauna, conforme o RIMA, será resgatada, tratada e reinstalada em habitats adequados, incluindo espécies ameaçadas, como o peixe cascudo rabo-de-chicote.
Impactos socioeconômicos - O PEC prevê até 4.300 empregos na implantação e 1.520 na operação, além de aumento expressivo na arrecadação de impostos e royalties, que pode chegar a R$ 20 milhões por ano. O projeto afirma que pode impulsionar cadeias produtivas locais, mas também atrair trabalhadores de outras regiões, gerando pressões sobre serviços públicos e mudanças no modo de vida local.
Para minimizar esses efeitos, a mineradora planeja alojamento para 2.600 trabalhadores com estrutura de saúde própria, priorização de mão de obra local e programas de integração comunitária. O tráfego de veículos pesados será monitorado, e a aquisição de 21 imóveis rurais será conduzida com base em diretrizes de transparência e negociações justas.
Expectativas - O RIMA ressalta que o projeto desperta expectativas positivas relacionadas à geração de emprego e renda, mas também preocupa quanto às mudanças ambientais e sociais. A LHG Mining prevê a implementação de um plano de comunicação socioambiental, garantindo diálogo com a população, trabalhadores e gestores públicos, além de monitoramento contínuo dos impactos e resultados dos programas mitigadores.
Reivindicações - Após a leitura das perguntas inscritas, a audiência foi aberta para questionamentos do público. Ingrid, presidente da Associação de Moradores de Porto Esperança, região afetada pela mineradora, reclamou que a comunidade vive em situação crítica e se disse revoltada com a empresa.
Segundo Ingrid, a comunidade vem sendo prejudicada pelo minério. “As crianças respiram minério. A comunidade vive dentro de uma bacia onde a empresa construiu uma estrada que comprime o espaço e torna a vida difícil”, afirmou, acrescentando que a mineradora deveria oferecer benefícios aos moradores, como melhorias na escola, no posto de saúde e na construção de praças para as crianças.
Rodrigo Dutra Amaral, diretor de sustentabilidade da empresa, disse que já visitou a comunidade e que as soluções serão implementadas em parceria com o poder público.
O vereador de Corumbá, Chicão Vianna (PSB), pediu a palavra e lembrou que a mineradora pretende expandir a produção: “Se vai aumentar a produção, creio que também vão aumentar os problemas na região. É preciso redobrar o esforço na parte social da comunidade.” Segundo ele, a empresa poderia expandir investimentos em educação e cultura para a população afetada.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.