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Meio Ambiente

Famasul e Acrissul repudiam declarações de ministras sobre incêndios no Pantanal

As entidades classificaram as falas das ministras Marina Silva e Simone Tebet como “equivocadas"

Por Mylena Fraiha | 01/07/2024 11:29
Placa de fazenda em área atingida por queimada no Pantanal (Foto: Alex Machado)
Placa de fazenda em área atingida por queimada no Pantanal (Foto: Alex Machado)

A Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) e a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) se manifestaram contrárias às declarações das ministras do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Marina Silva, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que responsabilizaram as propriedades privadas pela propagação do fogo no Pantanal.

Em nota divulgada nas redes sociais ontem (29), as duas entidades, que representam os fazendeiros da região, classificaram as falas das ministras como “equivocadas”. De acordo com as organizações, os pantaneiros têm um histórico de preservação do bioma.

“Com mais de 270 anos de história, os pantaneiros conciliam preservação ambiental e pecuária sustentável, viabilizando a conservação ambiental deste importante bioma que, com 86% da sua área preservada, é o ecossistema mais protegido no Brasil”, afirmaram Marcelo Bertoni e Guilherme Bumlai, presidentes da Famasul e da Acrissul, respectivamente.

As entidades agropecuárias destacaram que fatores climáticos como seca prolongada, altas temperaturas, baixa umidade do ar e vegetação com características de alta combustão, juntamente com a dificuldade de acesso, contribuíram para a propagação do fogo no Pantanal.

“[Fatores climáticos] favoreceram os incêndios, naturais ou acidentais, que avançam extremamente rápido, principalmente em áreas onde não é exercida a atividade pecuária, tornando mais desafiador o trabalho feito arduamente pelas equipes que estão na linha de frente deste combate”, pontuaram as entidades.

A nota também aponta que, conforme divulgado pelo Instituto SOS Pantanal, o fogo está concentrado principalmente na região de Corumbá, ao longo dos rios Paraguai e Paraguai Mirim. As entidades justificam que as queimadas nessa região são potencializadas porque “naturalmente quando úmida proporciona um vigoroso crescimento da vegetação, com consequente acúmulo de biomassa altamente combustível”.

“Reforçamos nosso apoio, confiança e respeito à trajetória dos pantaneiros, que fazem da preservação ambiental o principal pilar de sustentação para a viabilidade econômica deste bioma, Patrimônio Natural da Humanidade”, finalizam em nota.

Brigadista contendo as chamas no Pantanal (Foto: Alex Machado)
Brigadista contendo as chamas no Pantanal (Foto: Alex Machado)

Declarações - Após sobrevoar o Pantanal de Corumbá na última sexta-feira (28), as ministras Marina Silva e Simone Tebet atribuíram os incêndios à ação criminosa humana durante uma coletiva de imprensa.

“Os incêndios que estão acontecendo agora têm uma junção perversa: mudança do clima, escassez hídrica severa e o desmatamento com uso de fogo. É isso que está fazendo o que a gente veja o Pantanal em chamas”, disse a ministra Marina Silva. Ela enfatizou que a devastação do bioma é consequência de ações humanas que agravam as condições naturais desfavoráveis.

Marina Silva também destacou a responsabilidade das propriedades privadas na propagação dos incêndios. “Mão humana pode fazer muita coisa boa como estamos fazendo aqui, mas pode fazer também muitas coisas ruins, que é queimar um bioma único, como é o caso do Pantanal. 85% dos incêndios estão se dando em propriedades privadas. Os municípios que mais desmataram são os que mais têm incêndio. No caso de Corumbá, no ano passado tivemos um aumento de desmatamento de 50%, não por acaso está respondendo agora por 50% dos incêndios”, ressaltou.

Dados científicos - Pesquisas científicas também indicam que a maioria dos focos de incêndio no Pantanal surgiram em propriedades privadas. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), 95% dos incêndios no Pantanal têm origem em propriedades privadas. Dados atualizados do programa BDQqueimadas do Inpe mostram que 3.538 focos de incêndio foram contabilizados no Pantanal brasileiro, de 1 de janeiro até esta segunda-feira (1).

Um estudo do Lasa (Laboratório de Satélites Ambientais) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) revelou que menos de 1% dos focos de calor detectados tiveram o raio como origem, ou seja, 99% dos incêndios registrados no Pantanal tiveram início por ação humana. A Lasa prevê que a área queimada do Pantanal pode exceder 2 milhões de hectares até o final de 2024.

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