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Meio Ambiente

Habitat de onça-pintada gera até US$ 4 bilhões anuais em serviços ecossistêmicos

Valor é até seis vezes superior à atividade econômica da região e beneficia diretamente 62 milhões de pessoas

Por Gabriela Couto | 29/11/2024 06:42
Onça-pintada bebe água com filhote em lagoa no Pantanal (Foto: Carlos Eduardo Fragoso /WWF-Brasil)
Onça-pintada bebe água com filhote em lagoa no Pantanal (Foto: Carlos Eduardo Fragoso /WWF-Brasil)

Hoje,  29 de novembro, o Dia Internacional da Onça-pintada é celebrado com o objetivo de promover a conscientização sobre a importância ecológica desta espécie emblemática. Criada em 2018 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), a data visa alertar sobre a urgência da conservação do maior felino das Américas, que está vulnerável à extinção devido à destruição de seu habitat e à caça predatória.

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No Dia Internacional da Onça-pintada, celebrado em 29 de novembro, destaca-se a importância da conservação desta espécie vulnerável, que enfrenta ameaças como a destruição de habitat e a caça ilegal. O WWF lança um estudo que revela que os habitats prioritários para a onça-pintada geram serviços ambientais com um valor estimado entre US$ 1,5 e US$ 4 bilhões anualmente, beneficiando 62 milhões de pessoas e impulsionando a economia regional. Proteger esses ecossistemas é essencial não apenas para a sobrevivência da onça-pintada, mas também para a estabilidade ambiental e econômica da América Latina, reforçando a necessidade de ações decisivas e investimentos sustentáveis na conservação.

A onça-pintada é um símbolo da biodiversidade brasileira e um dos maiores predadores de seu ecossistema. No entanto, sua sobrevivência está ameaçada pela perda significativa de seu território, além das consequências das mudanças climáticas e da caça ilegal.

Estima-se que existam atualmente cerca de 173.000 indivíduos espalhados por 18 países da América Latina, um número que vem diminuindo devido à pressão sobre seus habitats.

O WWF (Fundo Mundial para a Natureza) lançou o estudo "Conectando Pontos: o Valor Socioeconômico dos Habitats da Onça-pintada na América Latina", que destaca a importância desses habitats não apenas para a preservação da espécie, mas também para a manutenção de serviços ecossistêmicos essenciais.

O estudo revela que os 15 habitats prioritários para a onça-pintada geram serviços ambientais que têm um valor estimado entre US$ 1,5 e US$ 4 bilhões por ano. Esse valor é até seis vezes superior à atividade econômica da região.

Essas 15 paisagens, que abrangem um total de 244,3 milhões de hectares em 14 países, são fundamentais para a conservação das onças-pintadas e de outros ecossistemas vitais.

Elas beneficiam diretamente 62 milhões de pessoas e geram um impacto econômico de US$ 708,3 bilhões anualmente em setores como comércio, transporte, educação e serviços financeiros.

Os serviços ecossistêmicos prestados por esses ambientes incluem o fornecimento de alimentos, água limpa, recursos naturais e até a regulação climática, com uma contribuição por hectare que varia entre US$ 15.800 e US$ 22.200.

Duas onças-pintadas buscam refúgio embaixo de árvores no Pantanal (Foto: Carlos Eduardo Fragoso /WWF-Brasil)
Duas onças-pintadas buscam refúgio embaixo de árvores no Pantanal (Foto: Carlos Eduardo Fragoso /WWF-Brasil)

Roberto Troya, diretor regional do WWF para a América Latina e Caribe, ressaltou que a onça-pintada é mais do que um símbolo cultural. “Ela representa um recurso estratégico para a estabilidade ambiental e econômica da região. Proteger seus habitats também significa proteger uma fonte de riqueza natural que impulsiona o desenvolvimento sustentável.”

María José Villanueva, coordenadora de Conservação para a América Latina e Caribe do WWF, reforça o apelo para uma ação mais decisiva. “Investir na conservação dos habitats das onças-pintadas não é apenas uma responsabilidade ambiental, mas também uma estratégia econômica de alto valor. Todos os setores da sociedade devem reconhecer a importância desses ecossistemas e comprometer-se a protegê-los.”

O relatório da WWF utiliza dados de estudos de avaliação econômica e cobertura do solo, além de estudos de caso de cinco paisagens estratégicas: a Selva Maia no México, a Bacia do Baixo Pastaza no Equador, o Sudoeste da Amazônia na Bolívia, o Pantanal no Paraguai e as Missões-Alto Paraná na Argentina.

Esses estudos fornecem uma compreensão mais aprofundada sobre as percepções locais e podem direcionar futuras iniciativas de conservação adaptadas às realidades regionais.

Apesar de seu status como o maior felino das Américas, a onça-pintada enfrenta desafios imensos. A destruição de 50% de seu habitat, somada à caça retaliatória e às alterações climáticas, compromete ainda mais suas chances de sobrevivência. Como resultado, o apoio financeiro para a conservação dos habitats da espécie se torna cada vez mais urgente.

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