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Meio Ambiente

Incêndios serão cada vez mais comuns no Pantanal, apontam especialistas

Entre o começo de janeiro até esta terça-feira, já foram contabilizados 1.385 focos de incêndio, aponta o INPE

Por Mylena Fraiha | 11/06/2024 18:59
Superintendente do Ibama no MS, Joanice Lube Battilani; e a diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, tenente-coronel Tatiane Inoue, durante entrevista (Foto: Reprodução/Na Íntegra)
Superintendente do Ibama no MS, Joanice Lube Battilani; e a diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, tenente-coronel Tatiane Inoue, durante entrevista (Foto: Reprodução/Na Íntegra)

Aumento no número de queimadas no Pantanal, escassez hídrica e Rio Paraguai com nível abaixo do esperado são indícios de que as mudanças climáticas já são uma realidade para quem vive em Mato Grosso do Sul. Como se organizar frente a essas crises, enquanto sociedade, foi um dos temas abordados no podcast "Na Íntegra" do Campo Grande News.

Quem fala sobre o assunto é a superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no MS, Joanice Lube Battilani; e a diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, tenente-coronel Tatiane Inoue.

Neste ano, a temporada de fogo chegou mais cedo do que o previsto, apontando para uma crise sem precedentes no Pantanal em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Os focos de incêndios somando os dois estados, que já estavam na casa de mais de 941% de aumento, se comparados ao mesmo período de 2023.

Entre o começo de janeiro até esta terça-feira (11), já foram contabilizados 1.385 focos de incêndio. Nesse mesmo período, mas no ano passado, foram contabilizados 133 focos. Os dados são do Programa de BDQueimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Na percepção da superintendente Estadual do Ibama, Joanice Lube Battilani, os incêndios no Pantanal já não devem ser encarados como um momento específico, pois há focos o ano inteiro e a estiagem é um fenômeno cada vez mais frequente e presente na região Centro-Oeste.

"A gente tem acompanhado os incêndios e verificado que o período de prevenção deve começar mais cedo. Já contratamos brigadistas a partir de junho, mas a proposta é expandir essa contratação para o ano todo, considerando o período mais seco e os outros meses, que são importantes para a prevenção aos incêndios. Vamos ter que manter brigadistas durante o ano todo”, explica Joanice.

A Tenente-Coronel e diretora de proteção ambiental do Corpo de Bombeiros, Tatiane Dias, também concorda. Ela afirma que as temperaturas têm aumentado a cada ano, e que a crise climática é uma realidade para o nosso Estado.

Rio Paraguai - Durante a entrevista, também foi pontuado que o Rio Paraguai em Mato Grosso do Sul tem atingido níveis cada vez mais baixos. A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico decretou uma "situação crítica de escassez" na bacia do rio Paraguai em maio.

De acordo com o acompanhamento diário do SGB (Serviço Geológico do Brasil), divulgado pela Marinha, o Rio Paraguai na região já atingiu seu pico de cheia entre os dias 5 e 6 de maio, quando atingiu 1,47m, um dos menores níveis de cheias da história.

Desde então, o nível vem baixando e já registra 134m nesta terça-feira (11), no ponto de monitoramento na região de Ladário, a localizada a 426 km da Capital.

Segundo Joanice, essa dinâmica tem ocorrido também pela falta de chuvas na Bacia do Rio Paraguai. Isso também também tem contribuído com o aumento de queimadas na região. “As nascentes do Rio Paraguai estão no planalto. Então quando você tem falta de chuvas nessa região, consequentemente, o nível do rio fica mais baixo. O que acontece é que você tem impactos tanto no nível das cheias quanto no aumento do período de seca. Isso reflete diretamente na biodiversidade, o que, consequentemente, leva ao aumento dos focos de incêndio em áreas que antes eram alagadas e deixaram de ser”, explica Joanice

Ela também destacou os impactos na infraestrutura devido ao baixo nível do rio.“Você tem um problema de infraestrutura, porque hoje o rio serve como uma hidrovia. O escoamento do minério de Corumbá é feito pela hidrovia. No trecho sul, você não tem mais o escoamento do minério pelo rio Paraguai. Todo o minério está sendo transportado pela BR-262, o que impacta a rodovia e, consequentemente, aumenta o número de atropelamentos".

Assista ao episódio completo de Na Íntegra clicando aqui.

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