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Meio Ambiente

Metade de 13 toneladas diárias de recicláveis é enterrada como lixo

Aline dos Santos | 04/06/2016 08:29
Em agosto do ano passado, UTR foi inaugurada com esteira cheia de recicláveis  em Campo Grande. (Foto: Marcos Ermínio)
Em agosto do ano passado, UTR foi inaugurada com esteira cheia de recicláveis em Campo Grande. (Foto: Marcos Ermínio)

De até 13 toneladas de material da coleta seletiva que aportam diariamente na UTR (Usina de Triagem de Resíduos) de Campo Grande, somente a metade é encaminhada para a reciclagem. O restante é enquadrado como “rejeito” e o destino é o dos outros lixos: ser enterrado no aterro sanitário.

“São cerca de 13 toneladas oriunda do material da coleta seletiva. E temos um dado muito relevante a esse respeito, pelo menos metade dessa quantidade que aporta diariamente na unidade é encaminhada como rejeito pelos catadores. Porque são materiais que possuem menor valor financeiro”, afirma a promotora a Luz Marina Borges Maciel Pinheiro. Durante entrevista coletiva realizada ontem, ela apontou que a questão é delicada. “Na realidade, esse rejeito poderia ser objeto de reciclagem. Ele poderia ser explorado e utilizado”, diz. Um exemplo é o vidro.

De acordo com o presidente da Coopermaras (Catadores de Materiais Recicláveis nos Aterros do Mato Grosso do Sul), Daniel Arguello Obelar, são duas justificativas para o alto índice de rejeito. Faltam ação de educação ambiental sobre a correta separação do lixo e compradores para todos os materiais recicláveis. No primeiro quesito, ele diz que principalmente na coleta da noite vem materiais impróprios, como papel higiênico e resto de alimento.

“O vidro não é rejeito, é 100% reciclável. Mas não tem indústria para que a gente possa vender. Fica inviável”, afirma Daniel. Segundo ele, a usina recebe média diária de 10 toneladas de material para reciclagem, mas até 60% vira rejeito. O local tem três cooperativas e uma associação. Conforme Daniel, o cooperado tem média salarial de R$ 1.500. A conta de água da usina é custeada pelas cooperativas.

“Graças a Deus a gente ainda consegue pagar. Mesmo com o material reduzido e aumentando a porcentagem de rejeitos”, salienta.

Ministério Público divulgou dados sobre aterro em coletiva na quinta-feira. (Foto: Alcides Neto)
Ministério Público divulgou dados sobre aterro em coletiva na quinta-feira. (Foto: Alcides Neto)

Na usina, são recolhidos na triagem até 60 tipos de materiais. “Aí tem caixa de leite, plástico de detergente, sacola plástica, computador, lata de tinta. São coisas que conseguimos comercializar”, diz. Segundo ele, as cooperativas não tem como pagar por uma campanha de divulgação.

Segundo o promotor Luciano Furtado Loubet, a questão é um desafio e não pode ser resolvida apenas pela cooperativa. “O MPE, em parceria com o Imasul [Instituto de Meio Ambiente], quer a implementação da responsabilização dos grandes geradores. Para que essas empresas invistam no sistema de logística reversa para que melhore essa situação. Somente aquilo que não é possível ser reciclado deveria ir para o aterro e isso nós estamos muito longe de atingir”, diz. A logística reversa é um instrumentos para aplicação da responsabilidade compartilhado pelo ciclo de vida dos produto.

Expansão – De acordo com o MPE (Ministério Público Estadual), a expectativa é que em maio de 2017 toda a cidade tenha coleta seletiva. A produção diária de lixo é calculada em 800 toneladas, sendo 80 toneladas de material reciclável.

Conforme a promotora, neste mês uma força-tarefa vai bater de porta em porta orientando sobre a questão de educação ambiental. Já o MPT (Ministério Público do Trabalho) determinou perícia para verificar se a acomodação do lixo reciclável em caminhões da coleta comum geram danos aos materiais.

Usina recebe material reciclável da coleta em Campo Grande. (Foto: Alcides Neto)
Usina recebe material reciclável da coleta em Campo Grande. (Foto: Alcides Neto)
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