Navegação nos rios da bacia do Paraguai pode ficar comprometida com estiagem
Com níveis abaixo da média histórica, governo do Estado monitora risco de desabastecimento na região
Nos últimos dias, os rios da bacia do Paraguai registraram níveis abaixo da média histórica. O dado chama a atenção do governo do Estado para o impacto que a escassez de chuvas pode ocasionar como dificuldade na navegação e desabastecimento da comunidade da região.
“O governo está atento e se preocupa tanto com a situação das comunidades da região que podem ter risco de abastecimento, como da economia, como pela falta de navegabilidade e impedimento para escoamento de produtos, tanto para a população quanto para exportação”, enfatizou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck.
Analista de Recursos Hídricos Kharlla Yamaciro Thays Fernandes, que trabalha na Sala de Situação em que é feito o monitoramento dos rios do Estado, no Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), acrescentou o alerta para os dias de estiagem e níveis dos rios monitorados.
“Todas as estações, com exceção de Coxim, estão bem abaixo das médias históricas. A única estação que está dentro da média histórica, a de Coxim (rio Taquari), nós acreditamos que seja por conta da sedimentação do rio”, afirmou a
As estações Pousada Taiamã (rio Piquiri), São Francisco, Ladário, Porto Esperança, Porto Murtinho (rio Paraguai) e Miranda (rio Miranda) já estão com valores de estiagem. A estação Estrada-MT (rios Aquidauana/Miranda) deve entrar nesse final de semana, o valor, nessa sexta-feira (5), foi de 99 centímetros e o limite de estiagem é de 96cm.
“Em destaque, também, Porto Esperança, que está com 11 centímetros e o nível de estiagem é 35cm. Deve entrar no negativo daqui a cinco ou seis dias. O nível do rio nesse local tem descido dois centímetros por dia”, disse Fernandes.
Os piores níveis do rio Paraguai nessa sexta-feira foram registrados na estação de Porto Esperança – naquele ponto está com apenas 3% em relação à média histórica; Ladário, que também apresenta situação muito ruim, com 22% do esperado; e Porto Murtinho, com 37%. O rio Miranda, em Miranda, apresenta apenas 38% do volume de água esperado para o período.
A decisão sobre navegabilidade da Hidrovia do Paraguai é da Marinha do Brasil e por enquanto as operações estão mantidas, com algumas recomendações de cuidados em relação às fumaças causadas pelos incêndios e “Passos Críticos” no trecho entre Corumbá e Cáceres (MT) “que requerem atenção nas manobras em função de baixas profundidades, limitada largura e/ou sinuosidade”. As restrições e orientações sobre as embarcações, empurradores e comboios estão presentes nas Normas e Procedimentos da Capitania Fluvial do Pantanal.
Escassez – Desde o dia 13 de maio a Região Hidrográfica do Paraguai está em Situação Crítica de Escassez Quantitativa dos Recursos Hídricos, declarada pela ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) e que deve se estender até 31 de outubro, podendo ser prorrogada, caso o problema persista.
Os diretores da ANA ponderaram que a falta de chuvas pode resultar em impactos aos usos da água, sobretudo em captações para abastecimento humano – especialmente em Cuiabá (MT) e Corumbá (MS), além de dificultar e até inviabilizar a navegação, reduzir o potencial do aproveitamento hidrelétrico a fio d’água e comprometer atividades de pesca, turismo e lazer.