Obra de aeroporto em meio ao boom da celulose pode estar assoreando córrego
Problema ocorre em córrego de Inocência que deságua na bacia do Rio Sucuriú.
O maior ciclo de transformações da história recente de Inocência, a 331 quilômetros de Campo Grande, pode estar causando danos ambientais. O Ministério Público de Mato Grosso do Sul começa a investigar se a construção do aeroporto municipal estaria provocando o assoreamento do Córrego Cassimira, curso d’água da região que deságua na bacia do Rio Sucuriú.
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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul investiga possível dano ambiental causado pela construção do aeroporto municipal de Inocência, a 331 quilômetros de Campo Grande. Há suspeitas de que o escoamento irregular de águas pluviais esteja provocando assoreamento do Córrego Cassimira, afluente do Rio Sucuriú. A obra, orçada em R$ 15,4 milhões, faz parte de um ciclo de desenvolvimento industrial na região, impulsionado pela instalação da fábrica da Arauco, com investimento de US$ 4,6 bilhões. A população local já cresceu de 8.500 para 13 mil habitantes, com previsão de alcançar 32 mil nos próximos três anos.
A suspeita é de que o escoamento desordenado de águas pluviais provenientes da área em obras esteja carregando sedimentos para o leito do córrego, alterando suas características naturais. O procedimento tem como parte requerida a empresa Avance Construtora Ltda., responsável pela execução da obra, orçada em R$ 15,4 milhões, com recursos do governo estadual.
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Inocência integra o novo ciclo de desenvolvimento industrial do leste sul-mato-grossense, puxado pela expansão do setor de celulose. O aeroporto chega para atender a demanda com a instalação de fábrica da multinacional Arauco, com investimento de US$ 4,6 bilhões, além de um terminal intermodal da Suzano, obras de alojamentos industriais para até 1.600 pessoas e um salto na arrecadação pública.
O crescimento urbano e industrial tem pressionado a infraestrutura e os recursos naturais da região. O Córrego Cassimira, foco da apuração do MP, está em uma área de influência do canteiro de obras do aeroporto. Ele integra a microbacia do Rio Sucuriú, um dos principais afluentes do Paraná no leste do estado e que também margeia a futura planta da Arauco, chamada justamente de Projeto Sucuriú.
Segundo o Ministério Público, a investigação é preliminar, para apurar se houve falha técnica no planejamento das obras, ausência de medidas de contenção de enxurradas ou omissão na exigência de licenciamento ambiental adequado. O procedimento em fase inicial pode resultar em recomendações, Termo de Ajustamento de Conduta ou ação civil pública, caso seja comprovada omissão ou dano ao meio ambiente.
Dados oficiais mostram que a população, estimada em 8.500 habitantes, já pode ter ultrapassado 13 mil com a chegada de trabalhadores. A prefeitura estima um pico populacional de até 32 mil pessoas nos próximos três anos. Em paralelo, a arrecadação municipal cresceu R$ 33,8 milhões em 2024, impulsionada por tributos vinculados à atividade imobiliária e de serviços.
Em meio à explosão de investimentos, o MP reforça a necessidade de preservar os princípios constitucionais que regem o uso sustentável dos recursos naturais, como previsto na Política Nacional do Meio Ambiente.
A reportagem solicitou e aguarda posicionamento da Avance Construtora e da Prefeitura de Inocência.