ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
AGOSTO, SÁBADO  02    CAMPO GRANDE 33º

Meio Ambiente

Obra de aeroporto em meio ao boom da celulose pode estar assoreando córrego

Problema ocorre em córrego de Inocência que deságua na bacia do Rio Sucuriú.

Por Ângela Kempfer | 02/08/2025 11:06
Obra de aeroporto em meio ao boom da celulose pode estar assoreando córrego
Canteiro de obras da Arauco, mais uma gigante da celulose que se instala em MS (Foto: Arquivo)

O maior ciclo de transformações da história recente de Inocência, a 331 quilômetros de Campo Grande, pode estar causando danos ambientais. O Ministério Público de Mato Grosso do Sul começa a investigar se a construção do aeroporto municipal estaria provocando o assoreamento do Córrego Cassimira, curso d’água da região que deságua na bacia do Rio Sucuriú.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul investiga possível dano ambiental causado pela construção do aeroporto municipal de Inocência, a 331 quilômetros de Campo Grande. Há suspeitas de que o escoamento irregular de águas pluviais esteja provocando assoreamento do Córrego Cassimira, afluente do Rio Sucuriú. A obra, orçada em R$ 15,4 milhões, faz parte de um ciclo de desenvolvimento industrial na região, impulsionado pela instalação da fábrica da Arauco, com investimento de US$ 4,6 bilhões. A população local já cresceu de 8.500 para 13 mil habitantes, com previsão de alcançar 32 mil nos próximos três anos.

A suspeita é de que o escoamento desordenado de águas pluviais provenientes da área em obras esteja carregando sedimentos para o leito do córrego, alterando suas características naturais. O procedimento tem como parte requerida a empresa Avance Construtora Ltda., responsável pela execução da obra, orçada em R$ 15,4 milhões, com recursos do governo estadual.

Inocência integra o novo ciclo de desenvolvimento industrial do leste sul-mato-grossense, puxado pela expansão do setor de celulose. O aeroporto chega para atender a demanda com a instalação de fábrica da multinacional Arauco, com investimento de US$ 4,6 bilhões, além de um terminal intermodal da Suzano, obras de alojamentos industriais para até 1.600 pessoas e um salto na arrecadação pública.

O crescimento urbano e industrial tem pressionado a infraestrutura e os recursos naturais da região. O Córrego Cassimira, foco da apuração do MP, está em uma área de influência do canteiro de obras do aeroporto. Ele integra a microbacia do Rio Sucuriú, um dos principais afluentes do Paraná no leste do estado e que também margeia a futura planta da Arauco, chamada justamente de Projeto Sucuriú.

Segundo o Ministério Público, a investigação é preliminar, para apurar se houve falha técnica no planejamento das obras, ausência de medidas de contenção de enxurradas ou omissão na exigência de licenciamento ambiental adequado. O procedimento em fase inicial pode resultar em recomendações, Termo de Ajustamento de Conduta ou ação civil pública, caso seja comprovada omissão ou dano ao meio ambiente.

Dados oficiais mostram que a população, estimada em 8.500 habitantes, já pode ter ultrapassado 13 mil com a chegada de trabalhadores. A prefeitura estima um pico populacional de até 32 mil pessoas nos próximos três anos. Em paralelo, a arrecadação municipal cresceu R$ 33,8 milhões em 2024, impulsionada por tributos vinculados à atividade imobiliária e de serviços.

Em meio à explosão de investimentos, o MP reforça a necessidade de preservar os princípios constitucionais que regem o uso sustentável dos recursos naturais, como previsto na Política Nacional do Meio Ambiente.

A reportagem solicitou e aguarda posicionamento da Avance Construtora e da Prefeitura de Inocência.