Sem hábito de sair de dia, tatu-canastra é visto em parque de MS
Avistamento ocorreu em outubro, no Parque Natural Municipal do Pombo, em Três Lagoas
Imagine encontrar, em plena luz do dia, um animal de hábitos noturnos que passa a maior parte do tempo debaixo da terra. Essa foi exatamente a experiência dos pesquisadores do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) durante um estudo de campo, ao avistarem um dos maiores mamíferos do Brasil, o tatu-canastra, no Parque Natural Municipal do Pombo, em Três Lagoas, a 141 km de Campo Grande.
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Pesquisadores do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) tiveram a rara oportunidade de avistar um tatu-canastra durante o dia, um evento incomum para essa espécie noturna, enquanto realizavam um estudo de campo no Parque Natural Municipal do Pombo, em Três Lagoas. O biólogo Pedro Mathias, que registrou o momento em vídeo, seguiu as pegadas do animal até sua toca, permitindo um futuro monitoramento do comportamento do tatu-canastra. O projeto visa coletar dados sobre a densidade populacional e padrões comportamentais da espécie, com o objetivo de protegê-la da extinção no Cerrado, onde o parque abriga o maior remanescente de mata nativa com a presença do tatu-canastra já identificado.
A equipe do Programa de Conservação do Tatu-Canastra, do ICAS, encontrou o animal, que raramente é visto durante o dia, no último dia da expedição, em 25 de outubro. Um dos três biólogos que avistou o animal, Pedro Mathias, registrou o momento em vídeo e explicou que o encontro ocorreu nas primeiras horas da manhã, por volta das 7h. A equipe teve a sorte de observar o tatu-canastra durante sua atividade de "forrageamento", quando ele sai em busca de formigas e cupins.
"Avistar um canastra é sempre uma surpresa, por se tratar de um animal que passa a maior parte do tempo dentro de suas tocas subterrâneas. Isso, somado ao fato de que ele tem hábitos noturnos, torna as chances de encontrá-lo em atividade ainda mais baixas. Por isso, chamamos esses avistamentos de ‘presentes do cerrado’. A probabilidade de ver esse animal é muito pequena, então, quando isso acontece, é uma verdadeira recompensa”, explica Pedro.
No vídeo, Pedro relata que foi possível encontrar o animal após seguir as pegadas deixadas por ele. “Pela segunda vez neste ano, eu fui sortudo e tive a oportunidade de ver o tatu-canastra pessoalmente. Dessa vez, foi com um pouquinho mais de adrenalina na hora de encontrá-lo, porque seguimos as pegadas”, conta.
O biólogo também menciona que a toca do animal foi encontrada, o que permitirá o monitoramento do tatu-canastra. “Poderemos observar seu comportamento assim que ele sair”, acrescenta.
O Parque Natural Municipal do Pombo é o local onde se desenvolve o Programa de Conservação do Tatu-Canastra no bioma Cerrado. Com mais de 80 km² de área preservada, o parque é o maior remanescente de mata nativa com a presença do tatu-canastra já identificado pela equipe de pesquisa neste bioma específico.
De acordo com o ICAS, o projeto visa coletar dados sobre a densidade populacional e estudar os padrões comportamentais do tatu-canastra na região, com o objetivo de proteger a espécie da extinção no Cerrado. No futuro, os pesquisadores pretendem iniciar as primeiras capturas da espécie no parque para complementar os estudos de conservação.
Segundo Pedro, o projeto de conservação do tatu-canastra atua há quase 15 anos com o objetivo de proteger essa espécie, considerada um “engenheiro ecológico” ou “engenheiro de ecossistemas” — apelido que recebe devido ao fato de suas tocas, quando deixadas por ele, se tornarem abrigos para mais de 80 outras espécies.
Além disso, ao proteger o tatu-canastra, o projeto acaba garantindo a preservação de todo o ambiente em que ele vive, essencial para o equilíbrio de espécies animais e vegetais do cerrado. “Esse ambiente protegido não apenas garante a sobrevivência do tatu, mas também mantém os serviços ecossistêmicos essenciais, como o regime de chuvas e a manutenção da temperatura, que são vitais para todos os seres vivos”, finaliza o biólogo.
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