Família cria 'paraíso felino' de 89 m² para garantir o bem-estar dos gatos
Gatil de 89 m² mostra que liberdade felina pode ser segura e planejada
Imagine um parque de diversões com prateleiras, troncos, cordas, sol da manhã, caminhas de descanso e até uma carriola transformada em cama. Agora imagine tudo isso feito especialmente para gatos, e com segurança. Foi assim que a servidora pública Lara Lourenço, de 34 anos, a irmã dela, a advogada Thaís, de 32, e a mãe, Marília, de 50, transformaram um canto da casa onde antes ficavam “as bagunças” em um verdadeiro paraíso felino. O espaço, batizado carinhosamente de gatil, nasceu da paixão em comum pelas sete vidas (e personalidades) dos gatos.
A ideia surgiu naturalmente, como tantas coisas que nascem do amor. “Depois de tantos resgates e convivência com esses bichinhos tão especiais, percebemos que eles mereciam mais do que apenas abrigo”, explica Lara. “Mereciam um cantinho pensado especialmente para eles.” E foi o que fizeram.
O gatil tem cerca de 89 m² divididos entre uma área coberta, com caminhas e prateleiras, e um espaço aberto, com tela, sombra e muito estímulo. É grande, sim, mas a beleza está nos detalhes e no cuidado em aproveitar cada recurso de forma criativa. “Usamos tela de alambrado, sombrite, madeira, reaproveitamos um pneu, uma carriola, troncos...”, enumera Lara. Até o senhor que ajudou a montar o pergolado entrou no clima: também era apaixonado por gatos.
Liberdade nem sempre é proteção
Quem ainda repete a velha frase “gato é bicho livre” pode até se achar moderno, mas na prática está ignorando o básico: deixar um gato solto na rua é colocá-lo frente a frente com o risco de morte. Literalmente. “Alguns dos nossos gatos foram vítimas de atropelamento e envenenamento. Foram perdas muito dolorosas que nos ensinaram”, conta Lara.
A proposta do gatil não é “prender” o animal, mas permitir que ele explore, brinque, tome sol e seja feliz, só que sem o risco de virar estatística. “Eles merecem segurança, carinho e qualidade de vida. E viver em um ambiente controlado garante tudo isso”, completa. A diferença no comportamento é visível: dos quatro gatos que vivem hoje no gatil, três foram resgatados filhotes e praticamente não saem mais de lá. Se sentem em casa, porque estão.
O projeto todo custou cerca de R$ 8 mil, incluindo materiais e mão de obra. Mas o valor pode ser bem menor, garante Lara. “Com criatividade, reaproveitamento de materiais e planejamento, dá para montar um espaço menor, funcional e cheio de amor, sem pesar no bolso.” O mais importante, segundo ela, é o tutor entender que responsabilidade e bem-estar andam juntos.
A construção foi feita com recursos próprios da família, e quando os gastos ultrapassam o possível, como em resgates mais complicados, elas pedem ajuda pelo perfil no Instagram, o @queroumgatinho, que já virou ponto de encontro entre apaixonados por felinos.
Criado em 2018, o perfil nasceu com a missão de divulgar pedidos de ajuda, adoções e histórias reais de resgate. “É um espaço onde conectamos pessoas que acreditam que cada bichano merece cuidado e uma chance de encontrar um lar cheio de amor.”
A história com gatos vem de longe. Da infância. Do quintal da avó. Da pretinha peluda que apareceu em 2008 e ficou. “Ela vinha comer a ração dos cães, foi ficando…”, relembra Lara. A convivência virou missão, e com o tempo a casa foi se adaptando para acolher com segurança. “Hoje, além do gatil, o quintal também é todo telado.” Porque liberdade de verdade é saber que o que você ama está vivo, bem e feliz.
Para quem quiser se inspirar, Lara dá o recado: não é preciso luxo. É preciso intenção. E se você ainda acha que o seu gato “precisa” sair por aí, talvez esteja mais preocupado com o seu próprio conforto do que com a vida dele. Afinal, dá trabalho cuidar, mas dá muito mais trabalho (e dor) enterrar um bichinho que só queria viver.
Quem quiser acompanhar as adoções, pode seguir o perfil @queroumgatinho
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