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Política

Ano de 2025 será para deslanchar estrutura de logística em MS, garante Riedel

Governador estima que até 2028 muito terá mudado, mas Estado ganhará outra cara mesmo em 10 anos

Por Maristela Brunetto | 23/12/2024 18:35


Governador elenca série de obras que devem reconfigurar a estrutura de transporte do Estado (Foto: Paulo Francis)
Governador elenca série de obras que devem reconfigurar a estrutura de transporte do Estado (Foto: Paulo Francis)

O próximo ano será decisivo para mudança expressiva na estrutura de transportes no Estado, em especial a rodoviária. O Governo do Estado projeta reapresentar a Rota da Celulose já em janeiro, com quase R$ 6 bilhões em investimentos; colocar outros R$ 2 bilhões em estradas por ano e ver concretizados os estimados R$ 7 bilhões na BR-163, após o TCU (Tribunal de Contas da União) se manifestar a favor da repactuação da concessão da rodovia.

Nos investimentos que podem “mudar a cara” da logística, o governador Eduardo Riedel (PSDB) inclui a construção ou reforma de 17 aeroportos ou pistas de pouso, expectativa de retomada do transporte ferroviário, a Hidrovia Paraguai Paraná, que a União pretende repassar ao setor privado e, ainda, a concretização da Rota Bioceânica, fator determinante de atração de novos empreendimentos ao Estado.

Em entrevista exclusiva ao Campo Grande News, o governador diz ver novo horizonte para os transportes no Estado em diferentes modais. “O Estado, digo sem medo nenhum, que nos próximos dez anos, quem anda o Estado bastante, quem for andar daqui a dez anos, é outra coisa.”

Mas em três anos, muita da estrutura já deve estar implantada, com “muita coisa acontecida, muita coisa rodando; em dez anos amadurecido todo esse conjunto.” Os planos já estavam bem traçados para atender o setor da celulose e o movimento de pessoas e produtos com a operação de quatro plantas instaladas, uma sendo construída em Inocência e a sexta a ser implantada em Água Clara.

Riedel e executivos em reunião que oficializou entrega de licença para operação da Arauco em MS (Foto: Arquivo assessoria))
Riedel e executivos em reunião que oficializou entrega de licença para operação da Arauco em MS (Foto: Arquivo assessoria))

As empresas estão na região leste do Estado, demandando estrutura para o eucalipto chegar as fábricas e a celulose chegar ao porto de Santos, para exportação. A Eldorado, de Três Lagoas, deve implantar um ramal ferroviário até Aparecida do Taboado para embarcar ali a celulose nos trens da Ferronorte, já que o trecho Corumbá Três Lagoas está desativado.

A chilena Arauco também criará um ramal, de 47 quilômetros. Já a Suzano, de Ribas do Rio Pardo, levará a celulose em caminhões até perto de Inocência, onde montou um entreposto para depositar a produção e embarcar nos trens.

Depois da celulose, o Estado passa a despertar forte interesse de citricultores, adquirindo áreas para o cultivo de laranja. A ponto de o Executivo oferecer desconto de ICMS ao setor, apostando na expansão da área cultivada para adiante haver uma escala de produção a ponto de atrair fábrica de suco, que pode trazer mais 700 empregos.

Governador gravou vídeo durante visita às obras de construção da ponte da Rota Bioceânica (Foto: Arquivo Saul Schramm)
Governador gravou vídeo durante visita às obras de construção da ponte da Rota Bioceânica (Foto: Arquivo Saul Schramm)

Furacão de oportunidades – Não foi somente a necessidade de procurar outras áreas para cultivo, após praga atingir laranjais em São Paulo, que trouxe empresários para o outro lado do Rio Paraná. A Rota Bioceânica, que está sendo estruturada para encurtar distâncias e fretes a produtos exportados para a Ásia, tendo a ligação do Brasil em Porto Murtinho rumo a portos chilenos, no Oceano Pacífico, é um grande atrativo, segundo o governador.

Ele aponta que um dos empresários do setor revelou que envia 40 mil toneladas de suco de laranja por ano à China, mas há pedido de envio de 200 mil toneladas. Não há como atender de imediato, já que são quatro anos desde o plantio da árvore até à colheita da laranja, mas a expansão do plantio aqui no Estado está conectada com essa demanda, diante da rota mais curta até o consumidor asiático.

É um “furacão de oportunidades” que empresários viram para o setor, diz Riedel. Já há investimentos em Sidrolândia, Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Paranaíba, Inocência e Três Lagoas. O Brasil responde por 80% do suco de laranja consumido no mundo, disse.

Mas o governador aponta que a disposição do Executivo em oferecer infraestrutura favorece a atração de novas empresas, fortalecendo o ambiente de negócios, em detrimento de outros estados. Quando empresários manifestam interesse em investir, “a gente responde”, pontuou.

Em novembro, Riedel visitou plantação de laranjas, porque citricultura é nova aposta no Estado. (Foto: Arquivo/Álvaro Rezende)
Em novembro, Riedel visitou plantação de laranjas, porque citricultura é nova aposta no Estado. (Foto: Arquivo/Álvaro Rezende)

Cita áreas de plantio de laranja, na região de Ribas, em que vão ser pavimentados 12 quilômetros, para atender muitas carretas que vão deixar propriedades carregadas de laranja. Ele mencionou outra obra para impulsionar uma atividade econômica, a maior granja de postura de ovos do País, que se instalou na região de Nova Andradina e foi preciso pavimentar trecho para escoar a produção. “Não estava no plano fazer essa rodovia, mas priorizamos ela.”

Não são apenas obras rodoviárias que a chegada de grandes investimentos demanda. Escolas, serviços de saúde, ações na segurança. Ribas foi um grande laboratório com a chegada da fábrica da Suzano, que chegou a atrair 14 mil trabalhadores no auge da obra. O mesmo vai acontecer com a Arauco em Inocência. O governador mencionou a construção de mil casas na cidade, obras do poder público, iniciativas do setor privado, abrindo muitas oportunidades a empresários locais.

A união também tem obras rodoviárias já previstas no Estado, como a BR-419, que segue paralela à BR-163, na região de Rio Verde e segue rumo à Aquidauana e região sudoeste. Um estudo também será contratado para a duplicação da BR-060 entre Campo Grande e Sidrolândia.

 Lula, Alckmin, Riedel, Simone e demais autoridades na inauguração da Suzano em Ribas do Rio Pardo. (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)
 Lula, Alckmin, Riedel, Simone e demais autoridades na inauguração da Suzano em Ribas do Rio Pardo. (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

Eucalipto, laranja, carbono neutro – O governador reconhece que apoiar a expansão desses setores, que preveem plantio de árvores para obtenção de matéria prima, vai ao encontro dos planos de alcançar o status de Estado carbono neutro até 2030. “É um ponto positivo.”

No começo do mês, o Estado retirou da B3, na Bolsa de Valores de São Paulo, a chamada Rota da Celulose, com três rodovias estaduais e as BR-262 e 267, todas no lado leste, após “dar vazio”, sem manifestação de interesse. Riedel não considera que houve erro. Segundo ele, havia outros projetos de concessão que acabaram chamando mais atenção, como rodovia no Paraná, que acabou sendo arrematada por empresa que estava interessada na Rota.

O governador disse que houve reunião com o Ministério dos Transportes e o edital sofrerá alteração, mas somente na expansão do prazo dos investimentos, equilibrando o projeto sem mudar as premissas, nas palavras de Riedel, preservando o modelo desenhado de obras, como duplicações e faixas adicionais. A mudança deve ser conhecida em janeiro e deve ser discutida por cerca de 90 dias até nova oferta na B3.

Parceria com Campo Grande – Segundo o governador, já estão em discussão obras que são necessárias para a Capital, a serem concretizadas em parceria com a prefeitura. Ele menciona que há investimentos de R$ 91 milhões em recursos sendo aplicados, com obras em 13 bairros para pavimentação de vias. Além disso, houve reunião com a bancada federal e a prefeita reeleita Adriane Lopes para pedir apoio aos parlamentares em busca de recursos federais para obras estruturantes, estimadas em R$ 100 milhões.

Conforme Riedel, um dos focos que o governo priorizou nos municípios é o saneamento básico, em busca da universalização dos serviços, diante do impacto na saúde pública.

Trabalhar com informações – Segundo o governador, situações passaram a se concretizar no Estado diante da decisão de planejar ações, como definir políticas públicas ou mesmo atrair empresas, tendo à mão dados técnicos, “para sair do achismo ou mera deliberação de vontade”, explica. Esse caminho resulta em políticas mais assertivas, diz.

Ele citou como exemplo o uso de dados técnicos e a tecnologia para cruzar dados de trânsito de pacientes, demandas de saúde nos municípios para reorganizar a regionalização da saúde. Segundo ele, com dados técnicos é possível qualificar o gasto público. “Se você consegue melhorar um pouquinho a performance da saúde e educação, você ganha R$ 200 milhões, R$ 300 milhões”, compara, o que permite destinar recursos a mais áreas.

Veja a íntegra da entrevista:


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