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Política

Ao avaliar 2020, Reinaldo tem olhar positivo, mas também cobra atitudes da União

Em entrevista ao Campo Grande News, governador fala dos impactos da pandemia no sexto ano de mandato

Marta Ferreira | 29/12/2020 14:59
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Reinaldo Azambuja após votação na última eleição, em novembro. (Foto: Kísie Ainoã / Arquivo)
Reinaldo Azambuja após votação na última eleição, em novembro. (Foto: Kísie Ainoã / Arquivo)

Fim de ano é tempo de balanços. Ao fazer o de 2020, em entrevista ao Campo Grande News, o governador Reinaldo Azambuja  (PSDB), comenta os impactos da pandemia de covid-19, que revirou as expectativas, exigindo esforço de guerra para garantir tratamento das pessoas e com reflexos diretos em todos os setores, notadamente a economia.

As palavras de Reinaldo são otimistas, apesar de admitir os reflexos da crise sanitária. Ele não poupa os recados ao governo federal, ao falar sobre a grande expectativa para 2021, a vacinação contra o novo coronavírus. Para o governador, o Ministério da Saúde deve assumir essa estratégia para todo o País.

O chefe do Executivo também se dirige à administração federal quando fala do recrudescimento da violência na fronteira. Lembra que o papel deveria ser da União, e diz que, ainda assim, o Estado não “se furtará” de fazer os investimentos necessários.

Na entrevista, Reinaldo também comenta o que foi feito pela administração estadual em resposta às demandas apresentadas pelo ano atípico.

Em destaque, a manutenção dos salários em dia, situação que nem todos os Estados conseguiram, como anota o governador, e ainda medidas de incentivo à economia e socorro a famílias de baixa renda.

Confira abaixo o completo teor:

Campo Grande News - O brasileiro, e não é diferente em MS, termina o ano querendo saber quando haverá vacina contra a covid-19. Qual é a expectativa, governador?

Reinaldo Azambuja - “É uma pergunta que precisa ser feita ao Ministério da Saúde. Sou defensor de que ele assuma o protagonismo e inclua a vacinação contra a covid-19 no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Eu acredito que é o que vai acontecer. Agora, se o Ministério não fizer a coordenação ou não aceitar a paternidade de alguma vacina que possa ser aprovada, não tenha dúvida que nós vamos adquirir para Mato Grosso do Sul. Vamos comprar e disponibilizar para o plano de vacinação. Não é o ideal, mas estamos preparados. Eu tenho dito que essa vacina pode ser de qualquer paternidade, seja inglesa, americana, chinesa ou outra, desde que aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O que importa é a segurança e a eficácia”.

Campo Grande News - Qual é a avaliação do senhor sobre os impactos dessa crise sanitária no seu sexto ano de mandato?

Reinaldo Azambuja - “O ano de 2020 foi difícil para todo mundo, para as donas de casa, trabalhadores, empresários e para os governos. E o que fez a diferença foi a responsabilidade. A nossa maior prioridade é salvar vidas, mas também tivemos preocupação com a economia. Criamos protocolos de biossegurança, com foco na saúde das pessoas, na preservação da vida, mas também fizemos uma série de medidas para minimizar os impactos econômicos principalmente das pessoas menos favorecidas. Antes da confirmação de qualquer caso da doença, ainda no dia 31 de janeiro, criamos o Centro de Operações Especiais contra o Coronavírus (Coe-MS), responsável por nortear as ações. Em junho, lançamos o Prosseguir, que é o principal instrumento de tomada de decisões, classificando os municípios em faixas de cores, de acordo com o grau de risco que cada cidade apresenta. São medidas que colocaram Mato Grosso do Sul entre os estados com menores índices de contágio e mortes do País.”

Governador faz balanço de 2020 e fala de expectativas para o próximo ano. (Foto: Silas Lima / Arquivo)
Governador faz balanço de 2020 e fala de expectativas para o próximo ano. (Foto: Silas Lima / Arquivo)

Outro aspecto

“Já do ponto de vista econômico, conseguimos enfrentar mais essa crise porque, desde que assumimos, em 2015, tomamos uma série de medidas importantes e até impopulares, as reformas estruturantes, para gastar menos com o governo e mais com as pessoas. Fizemos a nossa reforma administrativa, reduzindo de 17 para 9 secretarias; a do Teto de Gastos; e a previdenciária, feita em 2017 e consolidada em 2019. Isso nos permitiu cumprir os compromissos, manter os salários em dia e fazer as obras prioritárias nos 79 municípios. Mato Grosso do Sul é o estado com mais investimentos públicos estaduais por habitante, segundo os dados do Tesouro Nacional. Temos o maior valor em investimento per capita com R$ 365, enquanto o segundo estado, Espírito Santo, tem R$ 257.”

Assistência social

“Para ajudar a população que teve prejuízos, isentamos 12 mil famílias carentes de Mato Grosso do Sul do pagamento da conta de água da Sanesul por três meses - abril, maio e junho - e proibimos o corte de água em todas as unidades consumidoras por tempo indeterminado. Zeramos o ICMS da conta de energia elétrica de consumidores de baixa renda, também por três meses, de 1º de abril a 30 de junho, beneficiando 571 mil pessoas. Mutuários da Agehab (Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul) tiveram as parcelas vencidas e não quitadas no período de 19 de março a 30 de junho de 2020 deslocadas para o final do contrato. Permitimos a suspensão do pagamento das parcelas dos empréstimos consignados por até 90 dias e, para os servidores sem margem, aumentamos excepcionalmente o parcelamento de 96 para até 105 meses”.

Campo Grande News - A segurança foi um setor que deu muito “trabalho” também neste ano, recrudescendo na fronteira, principalmente. O que podemos esperar de ações nessa área?

Reinaldo Azambuja - “Temos uma grande extensão de terras na fronteira com Paraguai e Bolívia, por onde entram drogas e armas e que nas últimas décadas não recebeu a atenção devida do governo federal e, por isso, depende muito das forças de segurança estaduais, especialmente o DOF. São 14 cidades sul-mato-grossenses com esses países. Em algumas, você atravessa a rua a pé, entra e sai a hora que quer. O Brasil não é produtor de maconha e cocaína. Mato Grosso do Sul é corredor. Em outros países, o governo federal é quem cuida das fronteiras. Mas não estamos nos furtando da nossa responsabilidade. Para 2021 e 2022 estão previstos mais de R$ 200 milhões de investimentos para estruturar as forças de segurança pública em todo o estado com aquisição de armas, radiocomunicação, compra de viaturas, treinamento e concurso público. E temos conversado muito com o presidente Jair Bolsonaro. Vamos ter o Núcleo de Inteligência da Fronteira, do governo federal, que vai ser usado para combater os crimes transfronteiriços. E, além da nossa preocupação com a fronteira, temos uma atenção muito grande com o Pantanal”.

Campo Grande News - O senhor também enfrentou neste ano uma turbulência com abertura de processo no STJ (Superior Tribunal de Justiça). O que o senhor espera em relação a isso para o ano que vem?

Reinaldo Azambuja - “Eu estou muito tranquilo. Vou defender a honra minha e da minha família. Eu ainda nem fui notificado do processo. Depois que ocorreu a operação Vostok, em 2018, eu só prestei um depoimento. Não pude mais falar no processo. Tenho mais de 20 anos de vida pública. Já fui notificado várias vezes pelo Ministério Público. Sempre que teve alguma acusação, fui inocentado pela Justiça. Não tenho nenhuma condenação. Esse processo é o único que estou respondendo e vou provar a minha inocência e da minha família. Nós fomos acusados maldosamente. Eu devo explicações à população do meu estado. Vou prestar contas e provar que não fizemos nada errado. O que fizemos foi estritamente dentro da lei. A verdade vai prevalecer.”

"Desafio é o de manter a economia nos trilhos", afirma Reinaldo Azambuja. (Foto: Arquivo Campo Grande News)
"Desafio é o de manter a economia nos trilhos", afirma Reinaldo Azambuja. (Foto: Arquivo Campo Grande News)

Campo Grande News - Se fosse montar um pódio de desafios para 2021, quais seriam os três ocupantes, em termos de realizações que o senhor quer colocar em prática?

Reinaldo Azambuja - “O primeiro desafio vai continuar sendo o enfrentamento ao coronavírus. Não vencemos essa pandemia. A população tem que ter consciência e seguir as medidas de biossegurança. Junto com isso temos que ter uma atenção especial quanto à questão da vacinação e da volta às aulas. Criamos um protocolo, feito por 21 instituições, para o retorno às atividades escolares.

Outro desafio é o de manter a economia nos trilhos. Mato Grosso do Sul deve ter o maior crescimento do PIB em 2021, segundo a Tendências Consultoria. Apenas cinco Estados brasileiros terão crescimento e Mato Grosso do Sul é um deles. Quando a economia cresce, todos saem ganhando. Temos geração de empregos, oportunidades e melhora da renda das pessoas. De janeiro a novembro, tivemos um saldo de 16.511 vagas de empregos com carteira de trabalho. Em 2021, vamos trabalhar para continuar com números como esses.

Governador durante entregas de viaturas da PM, em Agosto. (Foto: Paulo Francis / Arquivo)
Governador durante entregas de viaturas da PM, em Agosto. (Foto: Paulo Francis / Arquivo)

Realizações 

“E o terceiro desafio para o novo ano é dar continuidade às obras do Governo Presente para, em 2022, terminarmos o mandato com todas concluídas. Serão investidos R$ 4,2 bilhões e muitas dessas obras já estão em andamento. Serão 1.000 quilômetros de rodovias implementadas, recapeadas e recuperadas. Até o fim de 2022 serão entregues 163 pontes de concreto, contemplando a maioria dos municípios. É mais do que todos os governos fizeram desde a fundação do estado. As 15 pontes de madeira que foram destruídas pelos incêndios no Pantanal em setembro e outubro também serão substituídas por pontes de concreto, como resultado de uma articulação do Governo do Estado com a Defesa Civil Nacional. Aqui em Campo Grande, uma das obras que vamos entregar no ano que vai começar é a primeira revitalização do Parque dos Poderes em 38 anos”.

Saúde

Em 2021, vamos consolidar a regionalização da saúde, entregando os hospitais regionais de Dourados e Três Lagoas. O HR de Três Lagoas será o primeiro de média e alta complexidade da Costa Leste e vai funcionar como hospital escola. A entrega vai acontecer logo no primeiro semestre. Já o de Dourados tem previsão de entrega em novembro. Ele atenderá pacientes dos 34 municípios das regiões da Grande Dourados, Conesul e Faixa de Fronteira. No Pantanal, está em construção o novo complexo hospitalar, anexo à Santa Casa de Corumbá. E temos ações iguais em Jardim, Aquidauana, Coxim e Ponta Porã.”

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