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Política

Após saída de empresário, direção nacional manda trocar tudo no PSD

Antonio Marques | 20/07/2015 12:49
O presidente do PSD, Antonio Cesar Lacerda, pretende ampliar os quadros do partido em MS para a disputa das eleições de 2016, mas antes terá de negociar com os revoltados (Foto: Reprodução/Facebook)
O presidente do PSD, Antonio Cesar Lacerda, pretende ampliar os quadros do partido em MS para a disputa das eleições de 2016, mas antes terá de negociar com os revoltados (Foto: Reprodução/Facebook)

O novo presidente do diretório estadual do PSD (Partido Social Democrático) em Mato Grosso do Sul, o advogado Antonio Cesar Lacerda, ligado aos irmãos Trad, disse que o partido será a grande aposta do Brasil e que tem como objetivo ampliar os quadros do partido para as eleições municipais do próximo ano. Porém, as mudanças recentes no estado revoltaram alguns membros da legenda e até o ex-presidente.

Com a saída do presidente regional do PSD no estado, proprietário do jornal Correio do Estado, Antonio João Hugo Rodrigues, a direção nacional do partido promoveu mudanças em todos os diretórios no estado, incluindo o diretório estadual.

Conforme Antonio Lacerda, a direção nacional o informou que 30 de junho deste ano seria o prazo para que as alterações acontecessem. A partir daí todos os diretórios municipais e o estadual foram destituídos e criadas comissões provisórias, até que ocorra a definição dos novos presidentes e membros locais. “Não fui eu quem tomou tais decisões. Era algo já previsto pela nacional e eles me garantiram que foi feito tudo dentro da legalidade e o Antonio João deveria saber disso”, explicou.

Lacerda não confirmou se essa decisão da direção nacional foi em todos os estados ou apenas em Mato Grosso do Sul. O fato é que o partido é da base aliada do governo da presidente Dilma Rousseff e o presidente Gilberto Kassab é o atual ministro das Cidades, um dos mais importante do governo. No entanto, no estado, o ex-presidente do PSD foi candidato a senador na chapa do atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB), partido que faz oposição ao governo federal.

Para Antonio Lacerda, essas mudanças não teriam relação com esse realinhamento político para apoiar o governo federal. “O partido apoia o governo, mas não é a ferro e fogo. Tem certa independência”, garantiu. Segundo o presidente, o objetivo agora em manter o quadro atual da legenda e ainda ampliar com novas lideranças.

Revolta – No entanto, a falta de conversa com os membros dos diretórios do interior tem gerado algumas críticas e em Dourados, o presidente municipal do PSD, vereador Marcelo Mourão, um dos fundadores da legenda no município, chegou a entrar na justiça para anular o ato de dissolução do diretório estadual do PSD e de constituição de comissão provisória, mas seu pedido foi indeferido por ausência de provas.

Conforme o vereador de primeiro mandato, que conseguiu cerca de 13 mil votos na última eleição para deputado federal, as mudanças ocorridas são muito estranhas, pois “havia uma ata da executiva do partido em Mato Grosso do Sul, que prorrogava os mandatos dos membros da direção regional até 2017. Esse documento desapareceu e a executiva foi destituída”, comentou.

Ele disse não ser contra o fato de nova liderança assumir a presidência, mas questiona a forma como aconteceu a mudança. “Não teve sequer uma reunião com os membros do diretório regional. Sequer um telefonema para uma conversa.”

Para o atual presidente do diretório estadual, faltou apenas uma conversa com o vereador e que isso deve ser feito o mais breve possível. Antonio Lacerda revelou não ter conhecimento da ata que Mourão disse ter sumido. “Desde que assumi não peguei um livro sequer no partido. Estava cuidando da logística e do novo quadro funcional”, comentou, informando que até a próxima quarta-feira, 22, o PSD já terá endereço do diretório estadual.

Para o vereador, o maior problema foi a destituição do diretório regional, que excluiu todos os representantes do interior, “pessoas que ajudaram a fundar os partidos nos municípios estão de fora”. Segundo Marcelo Mourão, nos municípios em que o partido não funciona seria mais que natural a troca, “mas em locais em que o PSD é atuante os dirigentes deveriam ser mantidos”, comentou, citando o exemplo da Capital, em que o médico Renato Figueiredo deveria ser mantido na presidência.

Lacerda comentou que havia conversado uma vez só com Mourão e que o considera um excelente quadro para o PSD e que pretende continuar contando com o vereador na legenda, que deve ser a mais beneficiada com a possibilidade de abertura da “janela partidária”, prevista na Reforma Política, em tramitação no Congresso Nacional.

Marcelo Mourão disse que, mesmo diante dessa situação delicada, ele vai permanecer no partido, porque pretende lutar para manter a democracia interna. Ele adiantou que virá a Campo Grande nesta semana para conversar com Antonio Lacerda.

Capital – Lacerda considera que o diretório de Campo Grande é algo preocupante, mas que nos próximos dias deve ser resolvido o nome do novo presidente. Ele e o vice-presidente do regional, vereador Chiquinho Teles, defendem um nome ligado ao ex-presidente Antonio João, que recentemente chegou a manifestar sua insatisfação com as mudanças no partido, após ter deixado o comando. Ele chegou a divulgar em seu jornal que pediria a desfiliação do mesmo.

Tanto Teles como Lacerda não souberam explicar os motivos da revolta do ex-presidente, mas que gostariam de contar com a permanência dele na legenda. “Queremos que Antonio João indique um nome de sua confiança para assumir o diretório municipal na Capital”, afirmou Lacerda, e que chegou a sugerir os nomes do antigo presidente, o médido Renato Figueiredo, ou, até mesmo, o sobrinho Luciano Rodrigues.

A nova direção do partido tem a expectativa que, com a realidade da “janela partidária”, o PSD receba as filiações do ex-deputado federal Fábio Trad (primeiro suplente do PMDB) e de seu irmão, deputado estadual Marquinhos Trad (PMDB), que seria candidato a prefeito de Campo Grande. Além disso, Lacerda disse que já conversou com muitos vereadores e prefeitos que estariam dispostos a entrar no partido. “Não queremos perder ninguém. Pelo contrário, vamos trabalhar para ampliar. Com a janela, muitos partidos grandes vão se desintegrar e vamos ser a grande aposta do futuro”, acredita o presidente.

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