ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 25º

Política

Artuzi diz que trabalha para pagar dívida de R$ 200 mil e ataca até secretária

João Humberto | 15/12/2010 21:26

Divulgaram que tinha 6 fazendas em meu nome, quero saber onde estão, diz

Ari Artuzi, quando foi preso em setembro deste ano.
Ari Artuzi, quando foi preso em setembro deste ano.

Depois de três meses na prisão, o ex-prefeito de Dourados, Ari Artuzi (expulso do PDT), disse em entrevista exclusiva ao Campo Grande News que tem trabalhado na companhia da esposa Maria Artuzi, num sítio do casal, localizado a 17 km do município.

A maior preocupação, diz ele, é pagar dívida de R$ 200 mil que tem com banco, mas também garantir o sustento da família. Ele garante que, junto com a ruína política, veio a decadência financeira e, sem dinheiro, até o corte de cana voltou a ser inserido na rotina do casal. Hoje, ele diz que foi mais um dia na lida e de só voltar para casa às 19h.

Artuzi nega qualquer envolvimento com corrupção. Nega, inclusive, operação plástica da esposa, com recursos da prefeitura. Mas ao ser questionado sobre o motivo de um complô contra ele, e os financiadores da suposta "farsa", ele se cala. "Não sei quem mandou".

Parecendo ainda perdido sobre o rumo que tomou sua vida, depois das denúncias de esquema de propina na prefeitura e na Câmara Municipal, a única certeza dele parece ser atualmente o inimigo feito em setembro deste ano, quando a Operação Uragano veio à tona.

Ex-prefeito ao lado de Eleandro Passaia (de preto), inimigos hoje.
Ex-prefeito ao lado de Eleandro Passaia (de preto), inimigos hoje.

Desafeto - O maior alvo hoje do ex-prefeito é Eleandro Passaia, seu secretário de Governo, e a quem se refere apenas como “aquele rapaz”. Artuzi reitera: "ele quem deveria ter sido preso". No grupo que teria organizado uma "armação" contra ele, Artuzi também ataca sua ex-secretária direta, identificada por ele como Lílian.

“Depois da minha prisão, ela conseguiu montar uma loja no centro de Dourados e até comprar um carro zero”, diz ele. O ex-prefeito suspeita que Lílian pode ter ajudado Passaia a incriminá-lo, para após sua prisão, receber “gorjeta”.

A respeito dos mais de três meses que passou na prisão, incluindo o isolamento no Presídio Federal, Artuzi não faz maiores comentários, apenas diz que achou um exagero e lembra que pensava muito nas filhas.

“Foi muito ruim, pensava o tempo todo na minha família. Nesse tempo, ninguém procurou minhas filhas para saber o que elas pensavam, como estavam, se estudavam”. As meninas deixaram a escola, por assédio até de colegas, e agora estão com os pais no sítio da família.

Artuzi em entrevista em sítio de Dourados. (Fotos Eliel Oliveira)
Artuzi em entrevista em sítio de Dourados. (Fotos Eliel Oliveira)

Entre um e outro comentário da vida pessoal, ele volta a atacar Passaia. Segundo Artuzi, "ele é quem dava dinheiro aos outros. Eu nunca pedi dinheiro nenhum".

Novamente ele questionou a gravação em que recebe R$ 10 mil, amplamente divulgada pela imprensa. No vídeo, ele aparece na varanda de sua casa, contando o dinheiro. “Foi um terreno que vendi por R$ 20 mil e recebi R$ 10 mil, foi passado escritura, que inclusive está registrada em cartório”, acrescentou.

Ari Artuzi lembra das empresas que levou para Dourados, como a Rondon, e afirma nunca ter recebido um tostão sequer pela instalação delas na cidade, muito menos angariar recursos extras provenientes das empresas que venciam as licitações.

Seu patrimônio é independente do trabalho quando esteve à frente da prefeitura, assegura. Artuzi enfatiza que realmente possuía bens como alguns veículos e até poucas cabeças de gado, mas garante que jamais usou dinheiro do Poder Executivo em benefício próprio.

“Divulgaram que tinha seis fazendas em meu nome, quero saber onde estão elas”, questiona ele.

Artuzi garante que resolveu falar agora porque "esfriou a cabeça" e nega qualquer acordo para ser colocado em liberdade. "Renunciei porque era o único jeito de ter eleição direta em Dourados e acho isso o certo, não troquei nada por liberdade".

Cena amplamente divulgada que mostra Artuzi recebendo dinheiro de Passaia.
Cena amplamente divulgada que mostra Artuzi recebendo dinheiro de Passaia.

Cidade destruída - Artuzi diz que sua prisão destruiu a família, inclusive ele. Ao comentar as mudanças políticas, com dois prefeitos interinos desde setembro, rebate as críticas que levou nos últimos meses. Diz que andou pela cidade e que viu ruas esburacadas e bairros abandonados.

“Dourados também foi muito destruída, afinal, quatro projetos que tinha conseguido para ser selecionados por meio do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], acabaram não vingando”, ressalta, citando como exemplo a construção de uma avenida no Jockey.

O ex-prefeito de Dourados diz que fez muito e que isso não pode ser esquecido. Lembrou de reforma e ampliação de creches, bem como de postos de saúde.

Sobre o desvio de dinheiro da saúde e rombo em outras pastas, ele diz que tudo é mentira e que fez muito a frente da prefeitura. “Reformei e ampliei seis creches, reformei dez postos de saúde e estava construindo mais quatro, arrumei área para a instalação de empresas. Nunca pedi nada para ninguém”.

Carreira - Questionado se pretende encerrar a carreira política, Artuzi afirma que ainda não sabe o que fará e também prefere não comentar a expulsão do PDT, partido pelo qual foi eleito.

“No momento só estou pensando na minha família e tenho contado com o apoio de amigos de verdade que vem me visitar no sítio e que se preocupam comigo”.

Já os antigos apoiadores, segundo o ex-prefeito, sumiram. Nenhum dos vereadores procurou Artuzi desde que ganhou a liberdade. "Nenhum veio aqui", resume.

Sondado se tem medo de ser vítima de uma emboscada, o ex-prefeito diz que acredita na Justiça de Deus e que nenhuma pessoa passa por cima dela. “Tudo o que as pessoas fazem na terra vão pagar na terra. Se Deus quiser e Deus quer, eu ainda continuarei vivo, afinal, Ele é muito maior que o mundo”.

“Aquele rapaz montou uma ação para pegar todo mundo a mando de alguém, que eu não sei quem. Se o visse novamente, iria chamá-lo para cortar cana comigo aqui no sítio”, finaliza.

Nos siga no Google Notícias