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Política

De “fantasmas” a desvios, operação investiga seis anos de esquema milionário

Só em um dos mandados de busca e apreensão a PF aprendeu quase 1 milhão em reais, dólares, euros e libras

Aline dos Santos | 08/06/2021 12:40
Os alvos de operação foram os conselheiros Waldir Neves, Ronaldo Chadid e Osmar Jeronymo.
Os alvos de operação foram os conselheiros Waldir Neves, Ronaldo Chadid e Osmar Jeronymo.

Com alvos no TCE/MS (Tribunal de Contas do Estado), a operação Mineração de Ouro investiga esquema de contratação de funcionários "fantasmas" na Corte Fiscal e desvio de verbas públicas.  Conforme o MPF (Ministério Público Federal), a suspeita é de que o esquema tenha movimentado valores milionários nos últimos seis anos.

“As investigações já realizadas apontaram indícios de participação de membros do TCE/MS em um esquema ilícito de desvio de verbas públicas. Dentre outras suspeitas, o MPF e Polícia Federal apuram se foram proferidas decisões no âmbito da Corte de Contas para favorecer integrantes da organização criminosa".

Outro ponto investigado é sobre contratações. "Já há evidências, também, da existência de um esquema de contratação de funcionários fantasmas no TCE/MS, para beneficiar pessoas ligadas aos conselheiros investigados. Há suspeita de que o esquema tenha movimentado valores milionários entre 2015 e 2021”, informa nota do MPF. O total não foi divulgado.

A operação investiga a participação de três conselheiros do Tribunal de Contas do Estado em organização criminosa que fraudava licitações. Os alvos foram os conselheiros Waldir Neves, Osmar Domingues Jeronymo e Ronaldo Chadid.

Destaque nas apreensões de hoje, pilhas de dinheiro foram encontradas na casa de Chadid. Eram 889 mil reais, além de 7.200 dólares e 4.500 euros e 200 libras em espécie. Além de conselheiro empossado em 2012, ele já foi corregedor-geral do Ministério Público de Contas por três mandatos.

Força-tarefa da PF, CGU e Receita Federal em frente ao TCE nesta terça-feira. (Foto: Divulgação/PF)
Força-tarefa da PF, CGU e Receita Federal em frente ao TCE nesta terça-feira. (Foto: Divulgação/PF)

A apuração dos crimes de peculato, corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro começou após ligações interceptadas na operação Lama Asfáltica.

De acordo com a Receita Federal, há suspeita de irregularidade na apreciação e julgamento de processos relativos à empresa detentora da concessão dos serviços de coleta de lixo e de tratamento de resíduos sólidos em Campo Grande.

Segundo a CGU (Controladoria-Geral da União), as buscas são para esclarecer a possibilidade de venda de decisões, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e contratação de funcionários “fantasmas”.

O nome da operação é Mineração de Ouro por haver indícios de que a aquisição de direitos relacionados à mineração tenha sido utilizada para lavagem de dinheiro.

Policiais deixam escritório de Mineradora, onde também funciona escritório do irmão de Waldir Neves. (Foto: Henrique Kawaminami)
Policiais deixam escritório de Mineradora, onde também funciona escritório do irmão de Waldir Neves. (Foto: Henrique Kawaminami)

Um dos alvos durante a manhã foi o escritório do irmão de Waldir Neves, onde também há placas da Mineradora Betione. Vanildo Neves, que foi vice-prefeito de Aquidauana, também é um dos sócios administradores da mineradora. Waldir está no TCE desde 2009 ne já foi presidente do órgão por dois mandatos.

Osmar Jeronymo ficou conhecido no meio público como braço direito do ex-governador André Puccinelli, como secretário de Estado da Casa Civi. Em 2015 ganhou o posto de conselheiro do TCE e já foi, inclusive, ouvidor do Tribunal

Ao todo, são cumpridos 20 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Sidrolândia e Brasília. Com 102 policiais, a ação é em parceria com a CGU (Controladoria-Geral da União) e  Receita Federal.

Horas depois de sair às ruas, a ação, que cumpriu 20 mandados de buscas com autorização do ministro Francisco Falcão, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), entrou em sigilo. Mas antes da operação, o mesmo ministro também determinou a quebra dos sigilos fiscais e bancários dos 20 alvos.

O TCE ainda não se manifestou sobre a operação, mas deve divulgar nota no decorrer do dia. A reportagem não conseguiu contato com os citados.




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